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10 produções sobre BDSM

Para você entrar no clima de Vermelho

11/04/2025

Desde muito cedo, o cinema se mostrou interessado na temática da sexualidade humana. Afinal de contas, embora seja um tema capaz de render discussões acaloradas, nada é mais natural em nossas vidas do que a sexualidade e suas diferentes formas de expressão. Seria até mesmo estranho se o cinema, ao mergulhar nas subjetividades e anseios de seus espectadores, deixasse de lado um tópico tão inerente ao ser humano.

Atrelado a isso, não demorou muito para que filmes explorassem os limites do desejo sexual em narrativas corajosas que examinam a fronteira imposta entre a moralidade e a sexualidade, assim como a relação entre prazer e dor. O melhor exemplo disso é a popularidade que o BDSM adquiriu no audiovisual, ganhando diferentes representações ao longo dos anos, muito antes de sequer pensarmos no fenômeno chamado Cinquenta Tons de Cinza.

Para aqueles que não estão familiarizados com o assunto, a sigla BDSM é a junção de Bondage e Disciplina, Dominação e Submissão, Sadismo e Masoquismo. O termo surgiu nos anos 80 como um guarda-chuva para englobar diversas subculturas voltadas para práticas eróticas e sexuais. Embora o movimento exista há muito mais tempo que isso, o termo foi criado para legitimar a prática e seus adeptos, os quais seguem regras de segurança e têm como principal fundamento o consenso entre todos os envolvidos.

Mais recentemente, o BDSM se transformou no tema do novo livro de Paula Febbe, conhecida pelos DarkSiders pelo marcante Vantagens que Encontrei na Morte do meu Pai. Em sua nova incursão literária, Vermelho, Paula leva os leitores por uma jornada chocante e transgressora sobre sexualidade, paixão, relacionamentos humanos e os limites do desejo. Entre casamentos de fachada, profissionais de bondage e lutadoras de MMA, Vermelho mostra como o desejo, a busca por afeto e nossos próprios limites podem alterar nossas histórias para sempre, oferecendo uma visão constantemente excluída da sexualidade, mas que é irremediavelmente moderna e real.

Para se preparar para essa experiência única, a Caveira separou 10 filmes sobre BDSM para você entrar no clima de Vermelho.

1. A Professora de Piano (2001)

Dirigido pelo austríaco Michael Haneke, responsável pelo perturbador Violência Gratuita, A Professora de Piano conta a história de Erika Kohut (Isabelle Huppert), uma mulher de meia-idade que vive com sua mãe controladora e não consegue dar vazão à suas fantasias sexuais, as quais envolvem voyeurismo e masoquismo. Presa em uma existência frustrada, a vida de Erika muda quando ela se envolve com Walter Klemmer (Benoît Magimel), seu jovem estudante de piano, e os dois iniciam um caso amoroso para satisfazer suas fantasias.

Desconfortável e desafiador, A Professora de Piano leva o espectador por uma angustiante discussão sobre os impactos da repressão sexual em nossa sociedade e suas consequências reais. O filme foi aclamado após sua estreia em Cannes em 2001, recebendo o prêmio do Grand Prix, assim como os prêmios de Melhor Atriz e Melhor Ator.

2. Dogs Don’t Wear Pants (2019)

Produzido na Finlândia, Dogs Don’t Wear Pants é um filme do cineasta J-P. Valkeapää que explora o mundo sedutor do BDSM sem cair em clichês e preconceitos. A trama segue Juha, um cirurgião cardíaco que após a trágica morte da esposa sete anos antes se sente incapaz de se conectar com outras pessoas. Tudo muda quando ele conhece Mona, uma dominatrix que o faz se sentir vivo novamente e o leva para o mundo do BDSM.

Simultaneamente delicado e perturbador, Dogs Don’t Wear Pants é um filme híbrido que incorpora elementos da comédia, do drama e do romance para explorar o lado psicológico do BDSM e aprofundar em seus personagens e suas complexas emoções. Marcado por ótimas atuações e um roteiro imprevisível, o longa surpreende ao abordar suas temáticas sem moralismo e por um prisma positivo, despindo-as de qualquer ideia de tabu ou julgamento.

3. Babygirl (2024)

Protagonizado por Nicole Kidman e Harris Dickinson, Babygirl conta a história de Romy, uma poderosa CEO, que apesar da vida aparentemente perfeita se encontra insatisfeita com a vida sexual que tem ao lado do marido. As coisas tomam um rumo inesperado quando ela conhece Samuel, seu novo estagiário, com quem começa um intenso caso amoroso, encontrando ali a possibilidade de realizar seus desejos sexuais de submissão que nunca teve coragem de confessar ao marido.

No entanto, logo Romy percebe que está colocando tanto sua família quanto sua carreira em risco. Dirigido por Halina Reijn, Babygirl explora as complexas dinâmicas de poder e sexualidade que se desenrolam tanto em ambientes profissionais quanto domésticos. Ao trazer uma mulher que deseja abraçar seus desejos mais profundos, mas constantemente se encontra em conflito por isso, o filme ainda aprofunda no impacto que o sexo e o desejo tem na construção e desconstrução das relações interpessoais.

4. 50 Tons de Cinza (2015)

Baseado no best-seller homônimo escrito pela britânica E. L. James, 50 Tons de Cinza é o primeiro de três filmes que adaptam a franquia literária. Dirigido por Sam Taylor-Johnson, o filme acompanha a jovem estudante universitária Anastasia Steele (Dakota Johnson) e seu envolvimento com o milionário Christian Grey (Jamie Dornan).

À medida que o relacionamento progride, Anastasia experimenta um despertar sexual intenso, conhecendo o mundo do BDSM e aprendendo seus limites físicos e emocionais dentro dele. Embora seja bastante criticado por não oferecer uma representação realista das práticas BDSM, 50 Tons de Cinza foi um fenômeno popular, inspirando inúmeras outras obras de ficção e despertando a curiosidade de muitos espectadores e leitores para esse estilo de vida.

5. A Bela da Tarde (1967)

Frequentemente considerado um dos melhores filmes do mestre surrealista Luis Buñel, A Bela da Tarde traz Catherine Deneuve como Séverine, uma jovem dona de casa que apesar de amar o marido não consegue ter intimidade física com ele. Presa em um casamento não consumado e atormentada por sonhos eróticos cada vez mais intensos, ela decide então explorar suas fantasias vivendo uma vida dupla como prostituta em um bordel de alta classe em Paris.

Visualmente estimulante, A Bela da Tarde utiliza um estilo surrealista para estremecer as linhas entre fantasia e realidade, retratando a imaginação e os desejos de Séverine com o mesmo realismo e intensidade dos acontecimentos cotidianos. Abrindo caminho para futuras produções cinematográficas explorarem temas como erotismo, desejo sexual feminino, expectativas dentro do casamento e dinâmicas de poder dentro de relações sexuais, o filme de Buñel também aborda questões como hipocrisia burguesa e culpa.

6. 9 ½ Semanas de Amor (1986)

Um dos filmes mais emblemáticos dos anos 80, 9 ½ Semanas de Amor segue Elizabeth McGraw, que trabalha em uma galeria de arte no SoHo, e sua conexão instantânea com John Gray, um misterioso corretor de Wall Street. Rapidamente, os dois desenvolvem um intenso relacionamento emocional e sexual. Contudo, logo sua relação começa a afetar a vida profissional e pessoal de Elizabeth, de forma que ela precisa aprender a definir seus limites em relação a John.

Dirigido por Adrian Lyne e protagonizado por Mickey Rourke e Kim Basinger, 9 ½ Semanas de Amor é um drama erótico que explora a questão de poder e controle dentro de relacionamentos e relações sexuais. Considerado um dos precursores dos filmes eróticos americanos dos anos seguintes, o filme também é constantemente lembrado pela famosa cena ao som de “You Can Leave Your Hat On”.

7. Clube do Fetiche (1997)

Misturando comédia e drama, Clube do Fetiche acompanha a história do jovem reprimido Peter Emery, que trabalha em uma empresa cristã de computadores e é contratado por um ministro conservador, engajado em uma cruzada moral, para se infiltrar em um clube especializado em sadomasoquismo. Em uma de suas missões, ele vai até o “House of Thwax”, administrado pela dominatrix Tanya Cheex (Guinevere Turner), e acaba se apaixonando por ela e sendo atraído por seu estilo de vida.

Com um humor satírico, Clube do Fetiche apresenta um retrato empático dos clubes sexuais e da cultura do fetiche consensual, a qual se afasta progressivamente da categoria de tabu à medida que nosso protagonista vai descobrindo e compreendendo esse mundo. Apesar de ter sido banido na Irlanda na época de seu lançamento, o filme se destacou pela performance de Guinevere Turner, que posteriormente escreveu o roteiro da adaptação cinematográfica de Psicopata Americano, e pelo visual deslumbrante.

8. Secretária (2002)

Dirigido por Steven Shainberg e estrelado por Maggie Gyllenhaal e James Spader, Secretária foi um dos primeiros filmes mainstream a apresentar aos espectadores o dia a dia e o estilo de vida da comunidade BDSM. Na história, Spader vive E. Edward Grey, um exigente e excêntrico advogado que contrata Lee Holloway (Gyllenhaal), uma jovem frágil, oriunda de uma família disfuncional, que acaba de ser liberada de um hospital psiquiátrico, como sua secretária.

À medida que a relação profissional dos dois cresce, eles se envolvem em uma dinâmica sexual de dominância e submissão. Com um elenco lendário, ótimas escolhas estéticas e diálogos inteligentes, Secretária se destaca por sua impressionante mistura de humor e erotismo. Sem ter medo de rir de si mesmo, o filme também chamou a atenção pela química e pela intensidade de sentimentos entre seus protagonistas, além de ser frequentemente apontado como uma das inspirações para 50 Tons de Cinza.

9. Billions (2016 – 2023)

Exibida originalmente entre 2016 e 2023, Billions foi uma série de televisão do canal Showtime. Ambientada em Nova York e Connecticut, a série acompanhou principalmente a dinâmica entre Chucky Rhoades (Paul Giamatti), Procurador dos Estados Unidos, e o gestor de fundos de hedge Bobby Axelrod (Damian Lewis), que com suas táticas agressivas passa a acumular cada vez mais riqueza e poder no mundo das finanças. Logo, os dois entram em uma rota de colisão, cada um utilizando sua inteligência e influência para superar o outro.

Embora a temática principal de Billions não seja BDSM, a série chamou a atenção por trazer uma representação não estereotipada do assunto por meio do personagem de Chuck, que constantemente se envolve em práticas de sadomasoquismo com sua esposa, Wendy, e com outras mulheres onde ele é a parte dominada. Inclusive, um dos pontos que rendeu elogios à abordagem de Billions foi o fato de que o programa não utiliza os desejos e as práticas de BDSM de Chucky como um alívio cômico ou como uma forma de condenar o personagem.

10. Hellraiser – Renascido do Inferno (1987)

Adaptação do livro de Clive Barker, Hellraiser – Renascido do Inferno é um clássico do terror que tem tudo a ver com a temática BDSM. No filme de 1987, também dirigido por Barker, somos apresentados à uma caixa mística capaz de abrir um portal para o mundo dos Cenobitas, seres extradimensionais (nas palavras do famoso Pinhead: “demônios para uns, anjos para outros”) que exploram a união entre dor e prazer.

Percorrendo a linha entre essas duas coisas, vistas como indivisíveis para Frank Cotton, o personagem responsável por abrir a caixa, Hellraiser não apenas centra sua história em torno de temáticas caras ao mundo do BDSM e do fetichismo, como também traduz isso em sua estética, já que os Cenobitas e seu mundo infernal são carregados de couro, látex, correntes e outros elementos marcantes.

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