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Entenda quem são as Rusalka na mitologia eslava

Conhecidas também como ninfas das águas, as Rusalka são como sereias dentro da mitologia eslava, mas suas origens não são nada românticas

26/04/2019

Seres e criaturas mitológicas estão presentes em todas as culturas e a autora Louise O’Neill, de A Pequena Sereia & o Reino das Ilusões, buscou na mitologia eslava uma inspiração bastante peculiar e sombria para recriar o mito das Rusalka. Para os russos, bielo-russos e ucranianos, elas também são vistas como sereias, porém cercadas por histórias sombrias. Em seu livro, O’Neill também explora esse universo e o leva para o fundo do mar.

No livro, Gaia, a pequena sereia, retrata as Rusalka como “mulheres humanas que pecaram” e, por isso, foram punidas com a morte — a avó de Gaia se refere às Rusalka, ou apenas Salka, como “garotas afogadas” que ceifam a vida de homens a beira do mar.

As Rusalka da mitologia eslava não são muito diferentes das criadas por O’Neill em A Pequena Sereia & o Reino das Ilusões, porém carrega aspectos bem sombrios, que surgem também no livro. Segundo a mitologia, elas são associadas a um espírito maligno e, geralmente, eram mulheres que haviam morrido afogadas — suicidas, vítimas de maridos violentos, mortas pelos parceiros ou pais para solucionar uma gravidez indesejada. E, após a morte, voltavam para a terra em busca de vingança.

“Monstros ou sereias? Talvez as Rusalka sejam as duas coisas. E talvez, no fim, não sejam nenhum dos dois.” – Gaia

Sem se desconectar do mito original das Rusalka, O’Neill emprega traços sombrios à elas, como nessa passagem narrada por Gaia: “É difícil de entender, mas dizem que lá em cima eles comem peixe do jeito que as Rusalka comem homens, dentes rasgando a carne, sugando o sumo dos ossos.”

Na mitologia, as Rusalka são atraentes e podem adequar sua beleza para encantar ainda mais suas vítimas. Elas encantam esses homens com cantos e danças e os afogam com um sorriso de satisfação no rosto. Algo bastante semelhante com o que podemos encontrar no folclore brasileiro, na figura da Iara. Presente no imaginário popular, a Iara era uma sereia solitária, de origem indígena, que vivia no rio Amazonas e cantava uma melodia irresistível à beira do rio. Uma vez vista, encantava pescadores e quem mais estivesse passando por perto e os tragava para o fundo do rio.

“Vovó era a única que achava que as Salka eram dignas de compaixão, muito embora elas tenham sido responsáveis por ceifar a vida de seu único filho durante a guerra. Por que você não sente raiva das Rusalka depois do que aconteceu com o tio Manannán?, perguntei a ela certa vez, mas ela apenas respondeu que eu era jovem demais para entender.” – Gaia

Em A Pequena Sereia & o Reino das Ilusões, as Rusalkas são lideradas pela Bruxa do Mar. Cosima, irmã de Gaia, revela ter medo dessas criaturas. “As Salka são perigosas. Elas não são iguais à nós. Elas não nasceram do mar como nós”, diz. A mitologia eslava afirma que as Rusalkas vivem em lagos e rios — no inverno ficavam sob o local congelado e no verão dançavam em clareiras, subiam em árvores e fertilizavam o solo para plantações. As aparências dessas sereias podem variar de acordo com a região em que o mito é contado. Alguns povos retratam as Rusalka como mulheres de cabelos e roupas longas, pele pálida e olhos negros, sem pupila. Outros, afirmam que elas estão sempre nuas, possuem a pele muito escorregadia e os cabelos num tom de verde-musgo. No livro, Gaia conta que as Rusalka possuem longos cabelos verdes.

As Rusalka também já foram retratadas no teatro. Exibida pela primeira vez em 1901, na cidade de Praga, na República Tcheca, a história contada se assemelha muito com o conto original de A Pequena Sereia, de Hans Christian Andersen, cuja releitura escrita por Louise O’Neill foi publicada no Brasil pela DarkSide Books. A ópera escrita pelo compositor tcheco Antonín Dvořák retrata a lenda das Rusalka e, nela, uma sereia solitária canta sobre o amor humano perdido. A sereia sombria também se apaixona por um homem e troca sua voz e sua imortalidade para poder conquistá-lo, mas ele acaba se casando com outra. A última vez que essa ópera esteve em cartaz foi em 1975, nos Estados Unidos.

“As Rusalka foram à superfície para cantar e atrair os marinheiros ao seu túmulo aquático, estufando seus pulmões com a morte. Elas cantam com tanta doçura, as Salka. Cantam por vingança devido a tudo o que lhes foi infligido.” – Gaia

Assim como toda lenda, inúmeras ilustrações representam as Rusalka e revelam como o povo imaginava suas formas e características — sempre de maneira perturbadora. O artista polonês Andrzej Masianis produziu ilustrações sobre as Rusalka. As artes são carregadas de sombras, elementos góticos e revelam o lado dark dessas sereias um tanto quanto sombrias da mitologia eslava. O ilustrador russo Ivan Yakovlevich Bilibin retratou uma Rusalka em 1934 que parecia captar a essência do mito eslavo sobre essa estranha criatura com traços marcantes e olhos hipnotizantes. No alfabeto cirílico russo “русалка”, que se pronuncia “rusalka”, é traduzido para o português como “sereia”. Confira abaixo:

As Rusalka do polonês Andrzej Masianis e do artista russo Ivan Yakovlevich Bilibin, respectivamente. Créditos: masianis.pl / wikipedia

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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1 Comentário

  • Ekiton

    2 de novembro de 2020 às 11:40

    Prefiro a Rusalka de Dvorak em Song to the moon.

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