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Shocker: Horror analógico, eletricidade e rock ‘n’ roll

O Wes Craven que chegou pra chocar

09/08/2024

Mesmo nos anos de ouro do horror e das videolocadoras, e estamos falando novamente das décadas de 1980 e 1990, um diretor de audiovisual precisava ser versátil para conseguir ganhar a vida. Comerciais de TV, aventuras por outros gêneros, alguns títulos que não encheriam ninguém de orgulho… E mesmo com tudo isso, alguns nomes sempre despertaram nosso interesse. Um deles é Wes Craven, ele mesmo, o senhor dos pesadelos.

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Shocker, o filme da coluna de hoje, foi escrito e dirigido pelo próprio Wes Craven, chegando para chocar os devotos do terror em 1989. Por aqui era presença garantida nas videolocadoras, então, mesmo que você não o tenha assistido, se tiver idade suficiente deve ter esbarrado em uma fita VHS com um presidiário de uniforme laranja sendo eletrocutado

Então vamos energizar!

shocker

O filme já começa com um riff de guitarra maneiríssimo, puro suco do rock and roll dos anos 1980 (e a música “Shocker”, do The Dudes of Wrath, ainda tem Paul Stanley, do Kiss, nos vocais!), acompanhado por imagens de raios, muita eletricidade e alguns equipamentos empoeirados e componentes eletrônicos sendo manuseados por um homem misterioso. Esse começo tem uma cara de videoclipe que vai fisgar muita gente no primeiro minuto, e espero mesmo que esse também seja o seu caso. Na mesma abertura, vemos uma faca respingando sangue, um homem a limpando, e ouvimos uma reportagem sobre um maníaco que vem enganando a polícia e estendendo seu traçado de mortes brutais pelos subúrbios de Los Angeles.

shocker

Desse ponto, passamos para o dia a dia não tão interessante de um campus universitário e conhecemos Jonathan, jogador de futebol americano, que tem jeito com as garotas e um sério problema de concentração.

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Depois de se machucar no treino, Jonathan tem um pesadelo horrível com o assassino que está aterrorizando a cidade. No sonho, o criminoso mata sua família, e logo Jonathan descobre que não foi apenas um pesadelo, eles estão mortos na vida real. A assinatura da direção de Craven nesse filme é impressionante, poderíamos facilmente colocar algumas partes de Shocker em A Nightmare on Elm Street. Na sequência, descobrimos que Jonathan fora adotado pela família assassinada, tenho sido resgatado, muito ferido, aos sete anos de idade, e que o pai de Jonathan, Don, chefia a investigação contra o maníaco que está aterrorizando a cidade. 

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Após o enterro, Jonathan tenta contar ao pai adotivo o que ele viu em seu sonho, diz que pode identificar o rosto do sujeito, menciona que ele arrasta uma perna. Don fica fora de si, achando que o rapaz está perdendo o juízo. Por fim, Jonathan o convence e eles vão até o lugar onde o assassino trabalha (Jonathan viu no mesmo sonho a van da empresa de manutenção em televisores que o homem dirige). A polícia invade o local que parece ser, além de um covil com rotas de fuga e gatos empalhados, uma oficina de reparo de televisores. O assassino consegue ser mais esperto, ele abate quatro policiais e escapa.

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No dia seguinte, a imprensa divulga um retrato falado do assassino e o envolvimento de Jonathan nas investigações. Com toda a informação nos jornais, o serial killer rastreia Jonathan e mata sua namorada produzindo um charco de sangue.

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De alguma forma, Jonathan desenvolveu uma conexão com esse assassino, e consegue, em sonhos, ver os crimes que estão sendo cometidos por Horace Pinker, o serial killer. O que Jonathan faz é se permitir dormir para entrar na mente do assassino, e prever quem e quando ele matará novamente. Em uma dessas incursões Jonathan tem sucesso novamente, e a polícia, em seu encalço, o rastreia até o assassino. Pinker dá bastante trabalho, mas dessa vez é capturado e posteriormente condenado à execução na cadeira elétrica. Por sua ajuda, Jonathan só tem um pedido: presenciar a execução.

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No dia escolhido, enquanto a sala é ajustada para a eletrocussão de Pinker, ouvimos um pouco de Megadeth pra relaxar, mas a música performada é de Alice Cooper, “No more Mr. Nice Guy”. Quando os carcereiros vão buscar Pinker em sua cela, ele está com cabos de energia ligados à TV, recebendo algum tipo de poder da tela. Existem velas no chão, é uma espécie de ritual profano-tecnológico. Enfim, Pinker se senta na cadeira elétrica, e em suas últimas palavras se confessa pai de Jonathan, entre outros detalhes de seu passado. A cadeira recebe energia, mas de alguma forma Pinker sobrevive a ela, matando um policial, eletrocutando uma médica e sobrecarregando todo o sistema. Pinker só morre depois, fora da cadeira, em uma espécie de combustão espontânea.

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Enquanto a médica que Pinker feriu gravemente é transportada para atendimento, ela se levanta e ataca os policiais com a mesma força descomunal de Pinker, que de alguma forma se transportou para o corpo dela. Da médica, ele invade o corpo de outro policial, Pastori, então o filme se torna uma caçada de gato e rato, onde o gato pode ser qualquer pessoa que tenha tocado um hospedeiro prévio de Pinker. Qualquer pessoa mesmo, inclusive a pequena Amanda, de 5 anos. 

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A única forma de expulsar Pinker é usando um colar com pingente que Jonathan deu à sua namorada assassinada, como prova de seu amor. Infelizmente, Pinker consegue jogar o conjunto no fundo de um lago.

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O filme se perde um pouco mais ou menos na metade, misturando fantasmas, possessões pouco críveis e um excesso de drama espiritualista que prejudica o andamento da trama, mas sigamos em frente.

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Jonathan esteve presente em todos os assassinatos de Pinker, e esteve presente nos póstumos à sua morte também, o que acaba o colocando como suspeito principal para Don, seu pai adotivo e chefe de polícia. Depois de encontrar duas pessoas mortas ao lado de Jonathan, em sua casa, Don o acusa e o leva sob custódia. Era o que pretendia, mas um dos amigos de Jonathan consegue ajudá-lo e ele foge. Pinker está no corpo de Don agora, e Jonathan é suspeito de vários assassinatos.

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O confronto entre eles acontece em uma torre de transmissão, e Don consegue combater o poder invasor de Pinker. Seu coração, no entanto, sofre com a energia do invasor, o que leva Pinker a se refugiar no sinal da torre e, consequentemente, escapar via wireless, se transmitindo para outros lugares sem a necessidade de corrente elétrica, cabos ou toque físico. E as mortes continuam, agora sem nenhum sinal de arrombamento das casas ou suspeitos pelos crimes.

Com a ajuda de seus amigos do time de futebol, Jonathan tem uma última cartada para apanhar Pinker, mas para isso ele vai precisar cortar a energia da cidade inteira, e convencer uma emissora de TV a transmitir seu sinal ao vivo, exatamente à meia-noite. Se ele irá conseguiu ou não, e o desfecho desse filme, deixaremos com vocês, mas teremos um final eletrizante, isso nós garantimos.

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Shocker é um filme que se tornou muito popular por falar uma linguagem bastante exclusiva dos anos 1980-1990, não obstante, nos dias de hoje, encontramos seu eco em séries como Stranger Things, e em filmes e livros que exploram o que terminou rotulado como Analog Horror (Horror Analógico em português). Shocker ainda conjura vários filmes, como Poltergeist, Exorcist, The Serpent and the Rainbow, Videodrome, Trick or Treat e o já citado A Nightmare on Elm Street. Em uma fase onde o gênero horror ainda se consolidava, Shocker é um verdadeiro celeiro de ideias, que no final das contas, fazem todo sentido nesse filme. E se prepare para os momentos finais, é uma viagem e tanto.

Agora vamos de trailer, para deixar todo mundo elétrico! 

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Sobre Cesar Bravo

amplificador cesar bravoCesar Bravo é escritor, criador de conteúdo e editor. Pela DarkSide® Books, publicou Ultra Carnem, VHS: Verdadeiras Histórias de Sangue, DVD: Devoção Verdadeira a D., 1618 e Amplificador.

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