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Por que A Lagoa Azul se mantém tão popular até hoje?

Trouxemos 5 motivos que explicam esse fenômeno

26/10/2024

Se você cresceu nos anos 1990 já conhece muito bem a piada recorrente sobre as infinitas reprises de A Lagoa Azul na Sessão da Tarde — ou no Cinema em Casa, onde o filme também foi exibido. Apesar disso, é bem provável que você já tenha assistido ao filme pelo menos uma vez. Ou umas dez vezes.

Mas você já se perguntou por que, mais de quarenta anos depois de seu lançamento, a gente continua falando desse filme? E estamos falando de um filme que, apesar de ter recebido uma indicação no Oscar® na sua época, tem um Metascore de 31 na opinião da crítica e um tomatômetro de apenas 12% no Rotten Tomatoes. Ainda assim, seguimos fascinados por A Lagoa Azul e vamos explicar por quê:

1. Somos fascinados por ilhas desertas

“O que você faria se estivesse em uma ilha deserta?” O questionamento poderia tanto ter saído de um caderno de perguntas (e se você viveu os anos 1990 também sabe do que eu estou falando) ou da mais profunda reflexão filosófica. A ideia de uma ilha deserta, sem outros humanos, sem o julgamento da sociedade, mas também sem todas as modernidades que vêm com ela, é o tipo de coisa que sempre fica escondida em algum canto empoeirado da nossa mente. É o nosso verdadeiro Império Romano.

Não é à toa que essa temática vive se repetindo na literatura e no cinema, com exemplos emblemáticos de narrativas que vão desde Robinson Crusoé e O Senhor das Moscas até O Náufrago de Tom Hanks e a série Lost. Mas essa ilha tinha algo além…

2. Lida com nossos instintos mais primitivos

O romance de Henry De Vere Stacpoole tem um diferencial importante em relação a muitas outras histórias de ilhas desertas: estamos falando de duas crianças. No romance original de A Lagoa Azul, publicado pela Wish, acompanhamos a história de amadurecimento e descoberta de Emmeline e Richard, dois jovens que crescem longe da sociedade e sem supervisão adulta após um naufrágio em uma ilha paradisíaca.

Sim, temos uma outra fórmula muito popular se encontrando com a ilha deserta: a jornada de amadurecimento. E quando jogamos na equação uma menina e um menino que se descobrirão adolescentes, e depois adultos, longe dos olhos da sociedade, estamos especulando sobre os nossos instintos mais primitivos. Embora já tivessem aprendido a se comunicar verbalmente, eles teriam que aprender sozinhos a caçar, a lidar com as transformações dos próprios corpos, a entender seus anseios hormonais e a construir as próprias relações de afeto sem ninguém lhes dizendo o que esperar disso. É algo muito louco se a gente parar pra pensar.

3. Nudez de classificação livre

Mais um clássico dos anos 1980 e 1990, uma época em que tudo parecia ser permitido. Tudo bem que o filme era um tanto podado para se encaixar nos segmentos da TV aberta, mas quem assistiu se lembra muito bem de que os protagonistas passam quase o filme inteiro seminus.

Acredite ou não, foi só em 2017 que o filme de A Lagoa Azul foi receber a classificação indicativa de impróprio para menores de 12 anos. Então, se você teve 12 anos antes de 2017, pode assistir à vontade a dois atores com quase nenhuma roupa em pleno meio da tarde — não que alguma nudez ou insinuações sexuais fossem algo incomum nesse horário naquela época, vide alguns programas infantis e de auditório.

4. Ninguém nos deixa esquecer do filme

A Lagoa Azul se mantém popular porque a piada de suas reprises se tornou tão recorrente que ela praticamente faz parte do nosso DNA brasileiro. Somos a terra do futebol, do carnaval, do brigadeiro, da farofa e de assistir A Lagoa Azul na Sessão da Tarde.

Embora não seja o filme mais reprisado da Sessão da Tarde — segundo a Globo o título fica com Ghost: Do Outro Lado da Vida — a nossa memória coletiva discorda. E hoje com as redes sociais aí pra gente falar de tudo o que acontece em tempo real, basta alguém descobrir que A Lagoa Azul está passando que o assunto começa a dominar essas redes também. Já virou algo nosso.

5. Final ambíguo

Ok, se o filme tem mais de quarenta anos e passou dezenas de vezes na TV nas últimas décadas, não é spoiler. Mas caso você discorde, esteja avisado que vamos falar do final. Quem não se lembra dos nossos heróis e seu filhinho comendo umas frutinhas estranhas e apagando em um barco pouco antes de um navio se aproximar para um possível resgate?

Então, o final fica mesmo aberto a interpretações, com um lado do público acreditando que os três morreram envenenados, e outras pessoas mais otimistas na teoria de que eles estariam “apenas dormindo”. Uma continuação meio que resolveu a questão como o final mais otimista, mas se você não considerar a produção canônica, ainda pode tirar suas próprias conclusões sobre o que aconteceu com os nossos protagonistas. Em qual final você acredita?