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A inspiração de Megan Miranda para escrever Sobreviventes

Como uma coincidência nas férias de família se transformou no thriller de E.L.A.S

11/12/2024

Quando Megan Miranda estava passando suas férias em Porto Rico com a família, jamais poderia imaginar que uma sucessão de acontecimentos poderia se tornar o seu próximo thriller de sucesso, Sobreviventes. A história foi contada pela autora em uma entrevista para a revista People.

Escritores estão constantemente observando o mundo, interna e externamente, em busca de novas histórias que podem se transformar em um livro. Pequenos detalhes da vida cotidiana podem ser o ponto de partida para o desenrolar de uma nova narrativa e a construção de uma nova obra.

Mas com Megan Miranda nem sempre foi assim. Isso porque a autora não tem o costume de mergulhar nos detalhes do dia-a-dia em busca de inspiração. O ponto de partida das estranhas coincidências e da virada de chave foi quando o seu marido, logo no início da viagem, estraçalhou o celular na porta do carro que eles haviam alugado para visitar os sogros de Megan durante as férias.

No dia seguinte, seu marido e sua filha adolescente estavam caminhando pela praia, quando tropeçaram em um telefone, aparentemente perdido. O acontecimento levou a escritora a questionar imediatamente quais seriam as chances de uma pessoa estragar o seu telefone e, no dia seguinte, se deparar com um telefone aparecendo no meio da praia, nos seus pés. Megan já sabia que se escrevesse isso, ninguém acreditaria, tamanha coincidência.

O primeiro pensamento da família foi tentar salvar o aparelho para então encontrar a quem pertencia. O telefone estava rachado, coberto de areia e água, com poucas chances de ser recuperado, mas mesmo assim eles levaram para casa com a esperança de resolver o caso.

Em seguida, Miranda parou para refletir no que estava acontecendo: “Não sei se é porque eu leio muitos thrillers, ou até mesmo porque eu escrevo eles, mas meu pensamento imediato foi: ‘Isso é uma péssima ideia. Isso é claramente a evidência de um crime e agora nós trouxemos para a nossa própria casa’.” Seu marido e filha questionaram por que ela pensava daquela forma, e a reação dela foi “como vocês podem não pensar dessa forma?”.

Os fatos que seguiram para solucionar o mistério levaram alguns longos dias. A família se empenhou para salvar o telefone, inclusive colocando para secar ao sol na varanda da casa em que estavam. A próxima coincidência, considerada estranha por Megan, foi o fato de que o telefone não possuía senha. Só assim, quando o aparelho pegou um pouco de carga, eles conseguiram localizar um número de contato.

Mais uma vez, a escritora de thrillers pensou que ali haviam cometido mais um erro no cenário de um filme de horror: ao ligar o telefone, teriam se tornado de fato parte de um crime, que iria levar as pistas diretamente à família. Enquanto isso, seu marido e sua filha estavam empolgados com a possibilidade de resolver e encontrar o dono do celular.

Por fim, descobriram que o proprietário teria perdido o aparelho duas semanas atrás, quando estava de férias em Porto Rico. A solução foi enviar o telefone para o dono. Ao mesmo tempo em que a solução foi muito mais simples do que Miranda estava criando na sua mente, a história permaneceu com ela, e era tudo em que ela conseguia pensar.

Da realidade para a ficção

Foi ali que Miranda refletiu “e se essa situação fosse algo completamente terrível? Como podem duas pessoas que perderam e encontraram um telefone estarem conectadas?”. E foi assim que as ideias para Sobreviventes começaram a surgir.

No thriller que faz parte da segunda temporada do projeto E.L.A.S — Especialistas Literárias na Anatomia do Suspense, a personagem principal também se depara com um telefone destruído, logo no início da história que liga um grupo de amigos pelo trauma de um incidente mortal do passado.

Até onde Miranda sabe, o dono do telefone desaparecido na vida real não tem conhecimento que inspirou a criação de um livro. O contato com a família foi perdido, embora tenham ficado muito felizes em receber de volta o aparelho. A escritora conta que seus filhos adolescentes brincam que apenas a mãe consegue transformar acontecimentos reais em potenciais enredos de mistérios sombrios.

O caso envolvendo um telefone aparecendo na praia rapidamente se transformou de adoráveis férias em família com um final feliz para uma ideia sombria e aterrorizante. “Eu sempre fui alguém com uma mente hiperativa, pensando nos piores cenários, o que se torna útil quando você está escrevendo um livro, mas que não existem na sua vida diária”, conta. “Isso cria muitas ideias de história, apenas pegando esses pequenos acontecimentos e levando-os ao extremo”.