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DarksideEntrevista

Paula Febbe: “Podemos aprender muito com a prática BDSM”

Autora de Vermelho fala ao DarkBlog sobre o lançamento

05/02/2025

Para Vermelho, seu livro mais recente, publicado aqui pela DarkSide® Books, Paula Febbe mergulhou fundo no universo BDSM, trazendo um forte componente sexual à sua já bem estabelecida narrativa de terror, que já conquistou os DarkSiders com Vantagens que Encontrei na Morte do Meu Pai.

LEIA TAMBÉM: Lançamento: Vermelho, por Paula Febbe

Durante a pesquisa para os quatro contos que compõem a obra, Paula conheceu diversos personagens da vida real, pessoas normais, gente como a gente, que trabalha, estuda, se relaciona e tem desejos. A autora deixa claro que BDSM não é bagunça e que há regras bem estabelecidas de até onde se poder ir numa relação sexual. “A vida seria muito mais simples se todos soubessem comunicar o que querem ou não querem numa relação, seja ela qual for, desde o início. Isso é algo que podemos aprender com este mundo”, diz. 

Leia a íntegra do papo com Paula Febbe, aqui para o DarkBlog:

DarkBlog: Para Vermelho, você mergulhou na cena BDSM de São Paulo, visitando casas dedicadas à prática e entrevistando praticantes. Como foi esse processo?

Paula Febbe: Na verdade, foi um processo muito sério, de muita pesquisa. Entrevistei diversos praticantes e fiz questão de entender não só a vida que eles vivem, os termos e jargões do mundo BDSM, mas também o que os motiva a viver o desejo dessa maneira. E, claro, para muitos deles, entendi que não haveria como viver o desejo de outra forma, já que sua constituição sexual aconteceu exatamente assim.

vermelho

D: O que mais te chamou atenção durante a sua pesquisa?

PF: As questões do contrato, dos acordos e da consensualidade. O fato de, dentro do BDSM, haver um contrato em que você diz até onde você se sente seguro em ir nas suas relações, faz com que a comunicação dentro do BDSM seja muito mais clara do que no mundo “baunilha”. A clareza do seu próprio desejo também entrega a clareza ao outro sobre como ele deve te tratar e, dentro das práticas, isso é respeitado. A vida seria muito mais simples se todos soubessem comunicar o que querem ou não querem numa relação, seja ela qual for, desde o início. Isso é algo que podemos aprender com este mundo.

D: Em Vermelho você expõe aquilo que normalmente se esconde: traumas de infância, desejos sexuais reprimidos e feridas longevas. Por que jogar luz nessas questões?

PF: Acredito que tudo aquilo que reprimimos seja um assunto muito rico para um livro de terror. A expectativa da sociedade em relação a quem precisamos ser, e a distância que há entre isso e quem somos de verdade, quando ninguém está olhando, é algo que sempre vai me inspirar.

D: Nos quatro contos você deixa clara a humanidade destes personagens, o que há na vida real, na rotina, no ordinário dessas pessoas. Que tipo de pessoas “reais” você encontrou pelo caminho que te inspiraram?

PF: Nossa, tanta gente! Encontrei casais que tinham uma vida BDSM 24/7, ou seja, 24 horas por dia, sete dias por semana, encontrei pessoas com subempregos que eram grandes dominadores no mundo BDSM e homens muito poderosos que, dentro do BDSM, são submissos. Conheci uma dominatrix que tinha cansado de fazer programa, pois não queria mais ter relações sexuais com os clientes, então decidiu entrar no mundo do BDSM para bater neles, enfim… é um mundo muito interessante. 

A vida seria muito mais simples se todos soubessem comunicar o que querem ou não querem numa relação, seja ela qual for, desde o início.

Paula Febbe

D: Quão importante é abordar a dicotomia entre o desejo e a moralidade num momento em que o conservadorismo ganha força em todo o mundo?

PF: Acho que de extrema importância porque a moralidade pressupõe que o desejo é controlável, o que é impossível. Podemos controlar nossos atos, sim, mas não existe negociação com o desejo. Talvez o livro lembre que até o maior dos conservadores pode viver seu próprio desejo de uma maneira que ninguém espera o que, no final das contas, não torna o desejo e a moralidade dicotômicos, mas sequenciais. Há desejo, sim, agora se a minha moral sustenta ele, são outros quinhentos e, se não sustenta, quem eu me torno com a repressão dos meus desejos?

D: Os quatro contos de Vermelho abordam práticas de BDSM. Como os não praticantes podem se conectar com os temas?

PF: Todos nós temos desejos. Mesmo aqueles  que não possuem desejo sexual, têm desejos colocados em outras áreas da vida. Creio que o Vermelho seja um livro sobre os mais diversos tipos de desejo e também um livro que usa do sexo para fazer um retrato social da contemporaneidade, portanto, é um livro que fala sobre todos nós.

D: Após esse processo, como você passou a enxergar as fronteiras entre o que é consensual e o que é crime?

PF: Acho que a gente precisa olhar com cuidado para a consensualidade. Quem está consentindo, o quê e por quê? Vi meninas muito novas que estavam neste mundo, o que me fez pensar a razão delas consentirem o que estavam consentindo. Dentro do BDSM, os praticantes falam que a prática só é feita se o ambiente for são, seguro e consensual, mas a pessoa está realmente sã e segura? Essa consensualidade veio a partir de um trauma ou não? Caso para se pensar.  

mitos bdsm vermelho

D: Como foi a jornada desde o lançamento de Vantagens que Encontrei na Morte do meu Pai até Vermelho ganhar o mundo?

PF: Estar na DarkSide é algo que muda a vida, e acho que nasci para o mundo literário a partir do momento que entrei na Dark. Minha vontade de lançar o Vermelho era enorme. O escrevi em 2020, quando a pandemia se instalou e o desejo de estudar a proximidade e confiança máximas se instaurou quando todos precisávamos manter distância uns dos outros.

D: Como seus antigos leitores estão recebendo um livro com temática sexual tão presente?

PF: Com desejo de ler ainda mais. Já até me pediram um Vermelho 2.

LEIA TAMBÉM: Os 5 mitos mais comuns sobre BDSM

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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