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12 Curiosidades do filme O Silêncio dos Inocentes

O filme que mudou a nossa forma de consumir true crime

10/02/2025

Lançado em 1991, O Silêncio dos Inocentes é um dos filmes mais icônicos do século XX. Uma mistura emblemática de terror, suspense e ficção policial, o longa não apenas imortalizou um dos maiores antagonistas da história do cinema, o ex-psiquiatra Hannibal Lecter, como também se tornou uma das produções de terror mais rentáveis de todos os tempos.

Adaptado do romance homônimo de Thomas Harris e dirigido por Jonathan Demme, O Silêncio dos Inocentes acompanha Clarice Starling (Jodie Foster), uma talentosa agente em treinamento do FBI, que enfrenta a difícil tarefa de entrevistar o assassino Hannibal Lecter (Anthony Hopkins) em busca de dicas que levem à captura de Buffalo Bill, um serial killer que esfola suas vítimas. Lecter, por sua vez, concorda em ajudar Clarice em troca de confidências pessoais, iniciando um perigoso jogo mental entre os dois.

Abordando temas como canibalismo, psicopatia e moralidade, o filme foi um sucesso absoluto de críticas e bilheteria, levando para casa inúmeros prêmios importantes e abrindo as portas para uma nova fase do terror nos cinemas. Agora você pode celebrar esse clássico com a Caveira na obra O Silêncio dos Inocentes: Entre Cordeiros e Monstros, mais um fruto da parceria entre a DarkSide® Books e o BFI, o Instituto de Cinema Britânico. Na obra, a autora Yvonne Tasker oferece uma análise definitiva do filme, dissecando o thriller psicológico que redefiniu o gênero nos anos 1990 e oferecendo novas perspectivas para seus temas centrais, assim como explorando o panorama de sua produção e seu duradouro legado na cultura pop.

Com material inédito, O Silêncio dos Inocentes: Entre Cordeiros e Monstros é um banquete de informações para os fãs da obra. Para celebrar esse lançamento memorável, a Caveira separou algumas curiosidades sobre a produção de 1991. Sirva-se de um bom vinho Chianti e venha com a gente conferir.

1. Não foi a primeira aparição de Hannibal Lecter no cinema

Engana-se quem acha que a primeira aparição cinematográfica de Hannibal Lecter foi em O Silêncio dos Inocentes. Cinco anos antes de Anthony Hopkins assumir o papel, o personagem foi interpretado por Brian Cox no filme Caçador de Assassinos. O longa, dirigido por Michael Mann, trazia um roteiro adaptado do romance de Thomas Harris, Dragão Vermelho, publicado em 1981, famoso por apresentar o personagem de Lecter ao mundo literário. No entanto, o filme foi um fracasso de bilheteria, o que fez com que o produtor, Dino De Laurentiis, optasse por não adaptar os outros livros.

Achou tudo um pouco confuso? Calma que a Caveira explica! Harris escreveu quatro livros focados no ex-psiquiatra, por ordem de lançamento: Dragão Vermelho (1981), O Silêncio dos Inocentes (1988), Hannibal (1999) e Hannibal: A Origem do Mal (2006). Acontece que no cinema, depois do fracasso de Caçador de Assassinos, os filmes seguintes resetaram o universo e optaram por seguir outra ordem: O Silêncio dos Inocentes foi o primeiro, seguido por Hannibal em 2001, Dragão Vermelho em 2002 e Hannibal: A Origem do Mal em 2007.

2. Os direitos sobre o personagem foram cedidos gratuitamente

Antes do fracasso de Caçador de Assassinos, o produtor Dino De Laurentiis já detinha os direitos autorais sobre o personagem de Hannibal Lecter, planejando adaptar outras obras de Harris em que o ex-psiquiatra aparece. Como o filme não faturou nem metade do seu orçamento, Laurentiis decidiu então cancelar a produção de qualquer novo filme e cedeu gratuitamente os direitos aos produtores de O Silêncio dos Inocentes.

Anos mais tarde, sua esposa afirmou em uma entrevista, que o marido estava com medo de fazer o filme e sofrer mais uma perda financeira, optando então por deixar que os produtores utilizassem o personagem. Segundo ela, Dino chegou a comentar “por que ser ganancioso?”. No final das contas, para o bem ou para o mal, ninguém sabe qual foi a reação do produtor quando O Silêncio dos Inocentes faturou cerca de 264 milhões de dólares a mais que o primeiro filme.

3. As inspirações de Anthony Hopkins para interpretar Lecter foram bem variadas

Para dar vida a Hannibal Lecter, Hopkins estudou os perfis e as ações de assassinos condenados, visitando frequentemente diversas prisões para testemunhar os comportamentos dos homens ali encarcerados. Ele também frequentou audiências judiciais sobre assassinatos em série e presenciou inúmeros depoimentos de casos relacionados. Além disso, o ator se inspirou em um de seus antigos professores da Royal Academy, um homem “muito carismático, mas mortal”, capaz de te destruir intelectualmente, nas palavras do próprio Hopkins.

Outra inspiração foi um de seus amigos britânicos, que raramente piscava enquanto falava. Hopkins ficava tão irritado com a atitude que resolveu utilizar o método para aumentar a expressão de psicopatia de seu personagem. Como se não bastasse, o ator ainda modelou a voz de Lecter por meio de uma combinação do autor Truman Capote, da atriz Katharine Hepburn e do supercomputador de 2001: Uma Odisseia no Espaço, HAL 9000. Ele também foi o responsável por inventar o som rápido e sugado que o personagem faz no filme.

Outra contribuição de Hopkins foram as vestes brancas que Lecter utiliza após ser transferido para a instalação no Tennessee. Originalmente, o prisioneiro utilizaria o típico macacão amarelo ou laranja. No entanto, o ator convenceu o diretor Jonathan Demme e a figurinista Colleen Atwood de que o personagem ficaria mais cínico e perturbador se estivesse vestido totalmente de branco, evocando o medo comum de dentistas.

4. Buffalo Bill é uma mistura de assassinos reais

Embora Hannibal Lecter seja constantemente lembrado como um dos grandes antagonistas do cinema, em O Silêncio dos Inocentes o FBI está caçando outro serial killer: o temido Buffalo Bill. Um dos motivos que tornam o vilão, interpretado por Ted Levine, tão assustador é justamente sua personalidade baseada em diferentes assassinos em série. Buffalo Bill combina traços de Ted Bundy, que fingia precisar de ajuda para convencer suas vítimas a entrar em sua van; Ed Gein, que esfolava as vítimas e utilizava suas peles como vestuário; e Gary Heidnik, que matinha mulheres presas em um buraco em seu porão.

Além de Bill, parte da história de O Silêncio dos Inocentes foi inspirada na relação verídica entre o criminólogo Robert Keppel e Ted Bundy. Assim como Clarice e Lecter, Keppel pediu a ajuda de Bundy para analisar o perfil por trás de uma série de assassinatos em Washington, os quais seriam desvendadas apenas muitos anos depois da morte de Bundy com a prisão de Gary Ridgway em 2001, que ficou conhecido como o Assassino de Green River.

5. Hopkins e Foster não foram as primeiras opções

Sim, nós sabemos que é praticamente impossível imaginar Hannibal Lecter e Clarice Starling sem Anthony Hopkins e Jodie Foster. No entanto, para a surpresa dos fãs, os atores não foram as primeiras opções da produção! Inicialmente, o diretor Jonathan Demme queria escalar Michelle Pfeiffer como Clarice, mas a atriz recusou por achar o conteúdo do filme muito perturbador e sombrio. Depois disso, outros nomes como Meg Ryan e Laura Dern também foram cotados. Enquanto isso, Jodie Foster — que havia disputado os direitos do filme — mostrou tanto interesse no papel de Clarice, que Demme finalmente aceitou se encontrar com a atriz. O diretor ficou tão impressionado com o comportamento e a postura de Foster que mudou de ideia e lhe concedeu o papel.

Surpreendentemente, Hopkins também não foi a primeira opção de Demme. Após o cineasta entrar para o projeto, foram sondados nomes como Sean Connery, Daniel Day-Lewis, Derek Jacobi e até Jack Nicholson. Connery, por exemplo, chegou a ler o roteiro, mas o considerou revoltante.

Acontece que o diretor Jonathan Demme também não foi a primeira opção da produção, viu? O primeiro nome cotado foi o do ator Gene Hackman, que iria dirigir e protagonizar o longa. No entanto, Hackman desistiu do projeto após assistir sua performance em Mississippi em Chamas, no qual interpreta um desprezível agente do FBI. Segundo o ator, ele não queria assumir novamente um papel tão sombrio e desagradável.

6. Anthony Hopkins achou que seria um filme infantil

Após diversos nomes serem sondados, Anthony Hopkins finalmente foi escalado para viver Hannibal Lecter. Quando recebeu a ligação de seu agente em Londres para contar sobre a notícia e confirmar o envio do roteiro, o ator ainda não sabia muito bem sobre o que se tratava a história. Devido ao título em inglês, ele pensou se tratar de um filme infantil. Nem precisamos dizer que ele estava completamente errado sobre isso, não é mesmo?

7. A quebra da quarta parede

Além da trama sinistra e do carisma envolvente de Hannibal Lecter, um dos motivos extras que constroem a atmosfera aterrorizante de O Silêncio dos Inocentes foi a orientação do diretor Jonathan Demme de que os atores olhassem diretamente para a câmera quando estivessem conversando com Clarice, enquanto Jodie Foster deveria olhar ligeiramente para o lado no contraplano. Apesar de ser uma escolha ousada, por meio desta técnica o filme conseguiu criar uma experiência extremamente imersiva e subjetiva, colocando o espectador no lugar de Clarice e o fazendo experimentar os horrores sentidos pela personagem.

8. Jodie Foster ficou com medo de Anthony Hopkins

Apesar de ter poucas cenas com Hopkins, Jodie Foster contou que ficou tão aterrorizada pelo ator que o evitava a qualquer custo no set de filmagens. Segundo ela, as habilidades de Hopkins eram tão intensas — o ator raramente saía do personagem — que ela “sentia um frio pairando pela sala”, o que contribuiu para uma experiência de produção para lá de sinistra.

jodie foster em o silencio dos inocentes

Em um caso particular, ela também se sentiu desrespeitada pelo ator. Durante o primeiro encontro entre Lecter e Clarice, o ex-psiquiatra zomba do sotaque sulista da agente. O problema é que esse era o sotaque real de Foster! A fala foi uma improvisação de Hopkins e a reação chocada de Foster é completamente genuína, já que a atriz foi pega de surpresa e se sentiu pessoalmente atacada. No entanto, no final das contas as coisas ficaram bem entre os dois e a atriz até agradeceu seu colega por gerar uma reação tão natural durante a cena.

9. O filme pertence ao seleto Big Five do Oscar

Até hoje O Silêncio dos Inocentes faz parte de uma ilustre categoria do Oscar integrada por apenas outros dois filmes. Chamada de “Big Five”, a categoria é reservada a filmes que levam as estatuetas de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator, Melhor Atriz e Melhor Roteiro. O Silêncio dos Inocentes foi o último longa a entrar para essa seleta lista, ao lado dos clássicos Aconteceu Naquela Noite de 1935 e Um Estranho no Ninho de 1976.

Além disso, continua a ser o único longa de terror a ganhar um Oscar de Melhor Filme. Vale lembrar também que a atuação de Anthony Hopkins foi tão impressionante que o ator levou a estatueta de Melhor Ator para casa mesmo com seu personagem aparecendo na tela por apenas 16 minutos.

10. A relação do filme com o FBI

Enquanto se preparava para o filme, Jodie Foster recebeu treinamento em armas de fogo, participou de aulas para novos agentes do FBI e estudou com uma agente de verdade, Mary Ann Krause. Foi ela, inclusive, quem deu a ideia de Clarice ficar em pé, chorando ao lado de seu carro depois de um dia emocionalmente exaustivo.

Um dos motivos que levou o FBI, principalmente a Unidade de Ciência Comportamental, a colaborar com o filme foi a crítica implícita de que agentes femininas eram ignoradas e submetidas a um ambiente misógino. Em uma tentativa de usar o longa como ferramenta para recrutar mais agentes mulheres, eles ajudaram revisando o roteiro e enviando funcionários para atuarem como figurantes durante as cenas em que Clarice é vista treinando na Academia.

Inclusive, a sequência de abertura em que a personagem aparece correndo no bosque e recebendo sua missão foi filmada no principal centro de pesquisa e treinamento do FBI, localizado em Quantico, Virginia. Embora seja conhecido por ser extremamente secreto e privado, o FBI concedeu uma rara exceção ao diretor Jonathan Demme e o deixou filmar as cenas de O Silêncio dos Inocentes no local.

11. Ted Levine improvisou a famosa dança de Buffalo Bill

A famosa cena em que Buffalo Bill dança em frente às câmeras foi improvisada pelo ator Ted Levine. Embora apareça no livro de Thomas Harris, ela não estava prevista no roteiro do filme. Levine, no entanto, insistiu para que o momento fosse inserido, argumentando que era algo crucial para explicar a psique de seu personagem. Após garantir sua dança, o ator tomou algumas doses de tequila para se soltar, resultando na icônica cena. Segundo Levine, era um momento emocionante que exigia muita coragem, revelando a dor e a psicologia de seu personagem.

12. Hannibal Lecter impactou a vida pessoal de Anthony Hopkins

Em 2022, a apresentadora de televisão Martha Stewart revelou que terminou seu breve relacionamento com Anthony Hopkins após o ator dar vida à Hannibal Lecter. Segundo Stewart, ela não conseguia parar de pensar e associar Hopkins a Lecter, o que a fez terminar o romance entre os dois. No entanto, perder namoradas não foi motivo suficiente para Hopkins abandonar o personagem, já que ele reprisou o papel duas vezes, em Hannibal de 2001 e Dragão Vermelho de 2002.