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Luciano Lamberti: O fantástico e o terror como espelhos das emoções extremas

Conheça um dos grandes nomes da literatura de terror argentina

03/03/2025

Considerado um dos grandes nomes da literatura de terror argentina, Luciano Lamberti é um autor capaz de dar vida aos nossos piores pesadelos. Na esteira de outros pesos pesados do gênero, como Stephen King, Clive Barker e Agustina Bazterrica, Lamberti utiliza das palavras para cultivar nossas ansiedades e terrores mais profundos. 

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Grande exemplo disso é O Massacre, um pesadelo crescente que explode em um festim de horror e loucura. Lançamento da DarkSide® Books, o livro conta a história do pequeno povoado montanhês de Kruguer, na Argentina, um local conhecido por seu anual festival de neve. Com a presença animada dos turistas, a comunidade se engaja em apresentações de música, danças tradicionais, comidas típicas e muita cerveja alemã. No entanto, durante o festival de 1987, algo terrível acontece. Algo que as cidades vizinhas já temiam há algum tempo: uma crise de insanidade coletiva assola o povoado e quase toda a população é brutalmente assassinada por seus próprios membros. 

Em O Massacre, Luciano Lamberti mistura elementos documentais e recriações ficcionais para construir uma trama chocante e inovadora. Alternando entre capítulos que trazem narrativas tradicionais e outros que consistem em documentos, interrogatórios policiais e declarações de envolvidos, Lamberti entrega um inusitado romance de folk horror experimental. Embora O Massacre seja seu primeiro livro lançado pela Caveiras, Lamberti possui uma carreira bastante consolidada e diversificada na Argentina. Conheça mais sobre o escritor.

o massacre

Nome de destaque na literatura argentina

Luciano Lamberti nasceu em 1978 na cidade de San Francisco, na província de Córdoba na Argentina, o que lhe rendeu uma infância permeada por toda a liberdade de uma cidade pequena. Criado dentro do imaginário católico, quando criança, Lamberti tinha o clássico medo do escuro, mas também era marcado por uma imaginação fértil. Após ler A Bíblia para Crianças, ele ficou aterrorizado pela ideia de ser perseguido pelo Mal e pelo Diabo.

Mais tarde, o jovem Lamberti conheceu os trabalhos de escritores que tiveram grande impacto em sua jornada literária, como Ray Bradbury e Horacio Quiroga. Sua tia trabalhava em uma biblioteca e sempre que algum livro rasgava, ela lhe enviava, o que permitiu que o garoto tivesse contato com esses e outros autores.  

Quando tinha 10 anos, Lamberti começou a se interessar por filmes de terror passando então a frequentar a locadora da cidade e alugando com os amigos clássicos como O Iluminado e O Enigma de Outro Mundo, o qual considerou o terror mais impressionante de seu ensino fundamental. Segundo ele, o grupo se reunia na casa de um deles, o único que possuía videocassete, para assistir aos filmes, ficando alguns dias sem dormir depois. 

o enigma de outro mundo
Universal Pictures/Divulgação

Mais tarde, já adulto, o autor frequentou a Universidade Nacional de Córdoba onde cursou licenciatura em Letras e em 2002, junto de Federico Falco, criou a revista literária digital Fe de Rata. Já em 2004, Luciano se tornou um dos fundadores da editora La Creciente, voltada para poesia e ficção jovem, responsável por publicar mais de vinte livros da literatura cordobesa. 

Lamberti começou a carreira como escritor se dedicando a poemas narrativos, na tradição da poesia argentina dos anos 1990. Em 2006, publicou sua primeira obra, Sueños de siesta, um livro de contos. Dois anos depois, em 2008, lançou seu primeiro livro de poemas, San Francisco Córdoba. A partir disso, tornou-se um autor prolífico, publicando diversas coletâneas como El asesino de chanchos (2010) e La casa de los eucaliptus (2017).

Um de seus maiores destaques foi o livro de histórias de terror e ficção científica El loro que podia adivinar el futuro (2012), considerado um dos melhores livros do ano pela publicação argentina Revista Ñ. Lamberti conta que buscou inspiração nas leituras que fazia em sua infância, utilizando como base autores que o incentivaram a escrever, como Stephen King, Ray Bradbury e Júlio Cortázar.   

Luciano Lamberti

Em 2012, o autor publicou seu primeiro romance curto, Los campos magnéticos. A partir disso, o argentino, que já havia conquistado um lugar proeminente na literatura fantástica do país, passou a se voltar cada vez mais para o gênero do terror. Em 2016, publicou La Maestra Rural, descrito como “um romance policial sem crime ou detetives, uma história de suspense que contempla realidades paralelas, hipóteses conspiratórias e discursos loucos”. Finalmente, em 2019, Lamberti lançou O Massacre, um festim diabólico de horror, loucura e experimentação, que foi finalista do Premio de Novela Fundación Medifé Filba

Engana-se quem acha que ele parou por aí. Luciano continuou escrevendo prolificamente, e em 2020 publicou outro romance, Os Abetos. Em 2022, lançou seu quinto livro de contos, Gente que habla dormida. Em 2023, o autor recebeu o Prêmio Clarín de Romance por seu livro Para hechizar a um cazador, que se enquadra como uma obra de terror de caráter experimental e que acontece no período da ditadura militar argentina, que se estendeu no país de 1976 até 1983. Recebido com aclamação, o romance gira em torno de uma questão: quanto um pai ou uma mãe estaria disposto a sacrificar para recuperar seu filho desaparecido? Abordando um fato histórico, Lamberti adiciona à trama sequestros, torturas e pactos quase satânicos. 

Além de suas obras solo, o escritor também participou de várias antologias ao longo dos anos. Em 2013, foi um dos autores convidados a contribuir com a antologia em homenagem ao mestre Stephen King, No entren al 1408 [Não entre no Quarto 1408]. Organizada pelo escritor Jorge Luis Cáceres, a obra reuniu alguns dos autores mais importantes da América Latina e da Espanha. 

Luciano Lamberti

O poder do terror e do fantástico

A literatura fantástica e de terror escrita por Lamberti quase sempre convive lado a lado com fatos, temas e contextos reais bastante reconhecíveis. Em La Maestra Rural, por exemplo, o autor traz passagens fabulosas e paranoicas, mas também aborda questões como o peronismo e a Guerra das Malvinas.

Já em Para hechizar a um cazador, aborda a ditadura militar argentina e o sequestro de filhos de prisioneiros políticos. Segundo o escritor, a literatura fantástica tem uma carga política inata. Para ele, o fantástico, enquanto um gênero filho do gótico, o qual nasce como contraposição ao discurso iluminista, nos lembra que sempre há algo que escapa à racionalidade. 

Em relação a isso, Lamberti afirma que o fantástico se relaciona à ideia do Outro e questiona a nossa noção de real. O escritor argentino aponta que a literatura fantástica questiona a ideia de progresso e de um mundo que pode ser explicado em termos racionais, resgatando uma visão mágica. Nesse sentido, trata-se de uma provocação de que nossas certezas talvez não sejam tão certeiras quanto achamos que são.

Luciano Lamberti

Sobre a presença de medos sociais na literatura latino-americana fantástica e de terror, Lamberti aponta que esses medos são metáforas objetivadas, de forma que o fantástico e o terror possuem o poder de levar certas emoções ao extremo e torná-las visíveis. O autor gosta de pensar no fantástico e o terror como formas de denúncia.

Em determinada entrevista, chega a citar como exemplo o clássico Invasores de Corpos, de Jack Finney, frequentemente analisado como uma crítica ao Macartismo dos Estados Unidos. Nesse sentido, Lamberti afirma que a tarefa do escritor é contar boas histórias. Quando se capta o que está no ar e determinado assunto coletivo é levantado, a história sobrevive ao longo dos anos. 

invasores de corpos

Em relação ao processo de escrita, Lamberti diz que nunca sabe como uma história vai começar, muito menos terminar. O autor, que afirma trabalhar com muita angústia, diz que as coisas vão aparecendo aos poucos e em fragmentos. O argentino também disse que gosta de deixar o leitor desconfortável, não fugindo de momentos climáticos, violentos e pesados, os quais são encarados como necessários para contar determinadas histórias. 

Atualmente, Lamberti reside na capital argentina, Buenos Aires, junto de sua esposa e filhos, onde ministra oficinas de escrita criativa e colabora com diversos meios de comunicação locais e nacionais. Além disso, trabalha como professor de idiomas no ensino médio. 

Mais recentemente, estava trabalhando no roteiro da adaptação cinematográfica de El loro que podia adivinhar el futuro [O Papagaio que podia adivinhar o futuro] e escrevendo um romance juvenil junto com o escritor Sergio Aguirre. Suas obras já foram traduzidas para o francês, italiano, inglês e português. O intenso e peculiar romance, O Massacre, é seu primeiro lançamento pela DarkSide® Books.

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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