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Glossário de gírias cariocas de Se Acaso Numa Curva

Um guia para auxiliar a leitura do romance de Francisca Libertad

18/04/2025

Passado no Rio de Janeiro nos anos 1990, Se Acaso Numa Curva, de Francisca Libertad, narra a história ficcionalizada da própria autora, uma adolescente de classe média que se envolve com um traficante durante a ascensão do funk carioca. E, claro, o livro aqui da DarkSide® Books traz todo aquele léxico maravilhoso que só quem viveu sabe. E, justamente para quem não viveu, que trago aqui este material de apoio com as gírias da época para auxiliar na leitura como um bom dicionário urbano.

LEIA TAMBÉM: Francisca Libertad fala ao DarkBlog sobre o processo sinuoso de escrever seu livro

Já é: a expressão é usada para concordância, como quem sela um acordo. Topou alguma coisa, como um convite para uma pelada ou um baile funk? Já é. Também tem como sinônimos: partiu, demorou, fechou, formou.

Vazar / dar o vazare: Vazar é o mesmo que ir embora, picar a mula, se retirar do recinto. A variação “dar o vazare”, como quem diz “estou indo embora” muito provavelmente nasceu do excelente desempenho do judoca brasileiro Rogério Sampaio nos Jogos Olímpicos de 1992, em Barcelona, já que, no judô, wazari é o “golpe perfeito”. Mas isso eu confesso que estou chutando, tá?

francisca libertad

Vou partir: mesma coisa que vazar e dar o vazare. A pessoa que fala “vou partir” está dizendo que está indo embora ou mudando de localização.

Puxar o bonde: também usado como “vou partir”, “vazar” ou “dar o vazare”, puxar o bonde aparece em contexto de liderança, de orientação: “vou puxar o bonde para ir para a praça, já é?”. 

Vai bombar: uma coisa que vai bombar é aquela que promete, que vai fazer sucesso. Um baile que lota está bombado. Sacou? Não confundir com o “bombado” de quem faz uso de anabolizantes para ficar mais forte.

cristo redentor

Ficar na moral: é ficar de boa, não se meter em problemas, evitar conflitos, só observando.

Esculacho: pode vir no contexto de bronca, esporro. Ou mesmo de humilhação.

Alemão: “Morro do Dendê é ruim de invadir/ Nóis com os ‘alemão’ vamo se divertir”. Quem nunca cantou essa, que atire a primeira pedra. Alemão é como são chamados os inimigos, membros de gangues e facções rivais. Provavelmente vem do contexto da Segunda Guerra Mundial. 

morro do dendê

X-9: o bom e velho caguete (ou alcaguete). Dedo duro, língua solta, espião. Segundo a Superinteressante, uma das origens cogitadas para o termo é uma tirinha publicada nos jornais norte-americanos nos anos 1930 (!!!). “Inicialmente sem nome, conhecido apenas como Secret Agent X-9, ele cumpria o papel simultâneo de detetive particular e de agente secreto que trabalhava para uma agência que também não tinha nome.” Também há a versão que teria saído do famoso Pavilhão 9 do Presídio do Carandiru, em São Paulo, cantado pelos Racionais MC’S.

Bucha: o substantivo usado como gíria tem muitos significados espalhados pelo país, mas, neste contexto, significa aquele cara meio garganta, que fala muito e pouco faz, sem personalidade própria. Um mané, um Zé Ruela, sabe?

Caô: talvez uma das gírias mais bonitas já cunhadas no DDD 021. Caô é a boa e velha mentira, lorota. Caozeiro é aquele cara mitômano, mentiroso. Muito usada como interjeição de espanto diante de uma história fantasiosa, inacreditável.

carandiru

Tá uma uva: já comeu uma uva docinha? Pois uma coisa que tá uma uva tá boa demais, gostosa, sabe? “O baile tá uma uva” = “o baile está ótimo”. 

Bolado: aqui não tem nada a ver com sujeitos fortes, e sim com sujeitos… putos. Quem está bolado com alguma coisa está contrariado, chateado, irritado… bolado. 

Boca: abreviação de “boca de fumo”, local onde se vende, compra e consome drogas. Em São Paulo é mais conhecida como “biqueira”. E aí na sua cidade?

Passar o rodo: diz-se da pessoa namoradeira, que fica com todo mundo. “Fulaninha passou o rodo ontem no baile!”.

Peidar: aqui a expressão tem menos a ver com flatulência e mais com desistir de fazer algo por ter medo.

se acaso numa curva

LEIA TAMBÉM: Lugares que marcaram o Rio de Janeiro dos anos 1990

Sobre Liv Brandão

Avatar photoJornalista, criadora de conteúdo e roteirista. Passou por veículos como O Globo e UOL sempre falando de cultura e entretenimento. É especialista em séries de TV, mas também fala de filmes, música, literatura e o que mais vier.

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