Graphic Novel • Lançamento

Lançamento: Pesadelos Completos, por Hideshi Hino

Conheça o hino dos desesperados entoado pelo mestre do horror Hideshi Hino

19/08/2025

Hideshi Hino convida seus leitores a um universo bizarro e hipnotizante, onde o horror se entrelaça ao surreal. Publicada pela primeira vez em português, a coletânea Pesadelos Completos apresenta algumas das mais impactantes histórias do mestre do mangá de horror, que potencializa como ninguém os temas sinistros e grotescos, elevando o horror à pura transgressão.

“A Doença Bizarra de Zōroku” apresenta um pintor de mente ingênua e personalidade reclusa, cruelmente abandonado pela própria família em um pântano. O que poderia parecer um conto triste e melancólico logo se transforma em uma narrativa aterradora na medida em que Zōroku é consumido por uma doença estranha, que deteriora seu corpo de forma apavorante. Ainda assim, ele continua a pintar — com sangue, pus e tumores.

Outra história que provoca desconforto gira em torno de um artista insano que almeja encontrar beleza no sofrimento e na morte. Ele mutila seu próprio corpo, rouba cabeças de animais mortos e coleciona imagens macabras para alimentar sua arte. Entre pai abusivo, mãe indiferente e irmão que sucumbe ao alcoolismo, a narrativa se desenrola como um pesadelo febril no qual a linha entre a realidade e a loucura é dissolvida por completo.

Hideshi Hino se destaca por sua capacidade de levar o horror ao extremo, combinando desenhos meticulosamente detalhados com tramas sombrias e desesperançadas. Suas histórias desafiam o leitor ao quebrarem a quarta parede. Subitamente, emergimos em um universo onde a moralidade é distorcida e a maldade se manifesta de formas inusitadas. Sem nenhum pudor, o autor entoa o hino dos desesperados e pragueja contra o próprio leitor.

Influenciado pelos terrores de sua própria infância, marcada pela ocupação japonesa na Manchúria seguida pelo fim da Segunda Guerra Mundial, Hino traduz seus traumas mais profundos em narrativas que assombram e fascinam. Seu traço único e sua abordagem implacável em relação à literatura de horror fazem dele um dos nomes mais respeitados do gênero, conquistando leitores que buscam uma experiência verdadeiramente perturbadora Japão afora.

Para os apreciadores do horror mais visceral e impiedoso, esta obra é um convite ao proibido, ao grotesco e ao inesquecível. Embarque neste paraíso infernal e descubra por que Hideshi Hino continua a ser considerado uma referência inquestionável do mangá de terror.

Hideshi Hino nasceu em Qiqihar, na Manchúria, em abril de 1946, e no mesmo ano mudou-se com seus pais para o Japão. Estreou como artista de mangá em 1967 com Tsumetai Ase [O Suor Gelado, em tradução livre], publicado na revista COM da Mushi Production. A princípio almejava criar mangás cômicos, mas em uma guinada passou a explorar o universo do terror e do bizarro e lançou em 1970 o conto A Doença Bizarra de Zōroku, que expõe o lado obscuro e a angústia da alma humana. Desde então publicou dezenas de obras, principalmente nas revistas de mangá Garo, Shōnen Gahō e Shōnen Sunday, e consolidou-se como um dos mestres do mangá de terror do Japão. Atuou também como diretor e roteirista dos filmes Guinea Pig: Chiniku no Hana [Cobaia: Flor de Sangue e Carne, em tradução livre] (1985) e Guinea Pig: Manhole no Ningyo [Cobaia: A Sereia do Bueiro, em tradução livre] (1988). É docente do Departamento de Criação de Personagens da Faculdade de Artes da Universidade de Artes de Osaka. Seu estilo de mangá, caracterizado por um tom inquietante, grotesco e insano, mas que ao mesmo tempo revela melancolia e a beleza intrínseca à natureza humana, influenciou diversos autores de mangá, tais como Junji Ito e Kanako Inuki.

“Hideshi Hino é aclamado como o mestre do macabro por seus mangás repletos de cadáveres em putrefação, massacres, mutilações, psicopatas, vermes, pus, garotas fetichistas sedentas por sangue… Estilo inconfundível.” —Toca o Terror

“Hino desenha tudo isso em um estilo grotesco que se presta a uma imagética visceral. Há uma alegria sombriamente cômica na violência desencadeada a cada página… De fato, ele parece ter um grande prazer em ver até onde consegue chocar seu público e, possivelmente, a si mesmo.” —ComicsBeat

“Hino mergulha na existência dos seres humanos em sua busca pela escuridão e então nos apresenta esse elemento ao estilo dos mangás.” —Masashi Shimizu, professor na Faculdade de Artes da Universidade Nihon

“O paradoxo é que as obras grotescas de Hino foram por muito tempo negligenciadas, senão cuidadosamente ignoradas, pelo mainstream japonês. Ele agora, porém, está no centro dos holofotes…” —Sayaka Yakushiji, Asahi Shimbun