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5 assassinos em série desconhecidos

Spoiler: Nenhum deles é americano

10/09/2025

A mídia estadunidense percebeu que assassinos em série podiam se tornar celebridades rentáveis quando David Berkowitz aterrorizou a cidade de Nova Iorque com assassinatos aleatórios e cartas ameaçadoras. A imprensa, com todo seu aparato, soube capitalizar o pânico, vendendo jornais como nunca e batendo recordes de audiência com seus programas de TV sensacionalistas. O efeito colateral disso foi o início da adoração pelos assassinos em série. Qualquer pessoa massivamente exposta se torna ídolo, mesmo que essa pessoa seja alguém como Ted Bundy, Richard Ramirez ou Jeffrey Dahmer.

LEIA TAMBÉM: O que é um assassino copycat?

Mas para cada assassino em série celebridade, existiram centenas de outros que não experimentaram a midiatização. Neste post, destaco cinco deles com um detalhe: nenhum deles é dos Estados Unidos. 

1. O Assassino do Turbante – Afeganistão  (1960)

O primeiro da lista é um assassino em série que muitos acreditavam ser lenda urbana. A mistura entre fantasia e fato é uma ocorrência comum na história da humanidade e a falta de registros faz com que inúmeras histórias reais permaneçam mais no campo da ficção do que da realidade. Tal configuração é o resultado de quando um determinado evento histórico não é oficialmente registrado, permanecendo vivo apenas nas memórias e boca a boca daqueles que presenciaram o caso ou vivenciaram a época. Este é o caso de Abul Djabar.

Paul Gunther

Entretanto, oficialmente ele matou “pelo menos” sessenta e cinco garotos e homens. Com a assinatura óbvia e contagem de corpos crescente, chegou um ponto em que as autoridades não podiam mais fazer vista grossa. Dois homens inocentes foram mortos pelos afegãos e nenhum deles era o assassino. Coube, então, a um estrangeiro resolver o mistério do assassino do turbante. Paul Günther era um alemão pertencente a uma leva de estrangeiros contratados pelo Rei Maomé Zair Xá para ajudar no desenvolvimento de vários setores-chave do país. Günther e outros cinco oficiais alemães chegaram ao Afeganistão em 1968 com a tarefa de treinar a Força Policial Real Afegã. O grupo criou um departamento de investigação criminal e sete novas delegacias espalhadas pelo país.

Como inspetor-chefe, Günther era o responsável por investigar as centenas de crimes que aconteciam em Cabul e, em dado momento, foi dada a ele a tarefa de capturar de uma vez por todas o fantasma que estrangulava meninos e homens com seus turbantes. Não se sabe como o alemão chegou até Djabar, mas o fato real é que o homem da lei o pegou em flagrante delito no início de outubro de 1970.

Em uma entrevista dada à revista alemã Der Spiegel em 2009, Günther não apenas relembrou seu tempo em Cabul, como comentou sobre o “assassino em massa” do turbante. Ele também compartilhou uma fotografia inédita e tirada por ele mesmo: Abul Djabar minutos antes de ser executado na forca. “Eu não quis assistir (a execução). Mais tarde descobri que eles haviam usado uma corda muito longa. Quando o homem foi empurrado da cadeira, seus pés pousaram na mesa, que servia de pedestal. Só quando viraram a mesa é que ele foi enforcado”, contou.

Abdul Djabar

2. O Demônio da Noite – Ucrânia  (1969-1973)

Na extinta União Soviética, conseguir um emprego na Yuzhmash era um feito para poucos. Famosa pela produção de tecnologia espacial e fabricação de foguetes, a fábrica secreta, que ficava em Dnipropetrovsk (atual Dnipro), na Ucrânia, tinha uma seleção rigorosa para seus candidatos. Não é de se surpreender que os empregados que ali trabalhavam possuíam grande intelecto. Um deles, Aleksandr Berlizov, tinha um futuro promissor. Carismático e com qualidades de liderança, aos 18 anos chefiava o Komsomol local. Multitarefa e autodidata, não só se interessava pela engenharia, como por outras áreas do conhecimento, tendo particular interesse na ciência forense. 

A partir de 1969, mulheres que caminhavam sozinhas à noite começaram a ser atacadas e violadas por um maníaco. Inicialmente, a polícia não conectou os crimes, pois o agressor fazia longas pausas entre os ataques. Além disso, muitas mulheres, por medo ou vergonha, não prestavam queixa. Somente dois anos depois, com o crescimento dos casos, a polícia concluiu existir um estuprador em série agindo nas ruas de Dnipropetrovsk. Após tanto estuprar e matar, o maníaco se descuidou e deixou uma pegada no gelo que coincidia com botas caras e importadas, que chegaram até Dnipropetrovsk em um lote limitado. E havia mais: uma vítima fingiu-se de morta e sobreviveu ao ataque.

 Yuzhmash

Ela não podia fazer um retrato-falado, mas afirmou que se o visse na rua o reconheceria. Durante um mês, ela e vários detetives frequentaram lugares diversos — museus, teatros, lojas, mercados — em busca do demônio da noite (que a este ponto, havia trocado seu modus operandi, atacando durante o dia). Finalmente, durante uma viagem de bonde, ela não acreditou no que viu: o demônio em carne e osso. Astuto, o suspeito percebeu o que se passava e correu para as portas do bonde, abriu-as na força bruta e saltou do vagão em movimento. Porém, o policial que o perseguiu ajudou o desenhista em um retrato falado. “Mas este é o Aleksandr!”, exclamou um guarda da fábrica Yuzhmash.

Interrogado, Berlizov negou a autoria dos crimes e agiu de maneira soberba, mesmo quando detetives descobriram debaixo do colchão de sua casa um livro de poemas pertencentes a uma das vítimas. O demônio, porém, quebrou-se quando os investigadores revelaram ter encontrado o seu museu. Na casa dos pais, em Stavropol, Berlizov havia montado uma espécie de santuário secreto com seus troféus: batons, bolsas, espelhos, pentes, joias e roupas íntimas de suas vítimas.

Não havia mais escapatória para o bem-visto Aleksandr Berlizov. Apontado por psiquiatras como um psicopata sexual, o insuspeito técnico da Yuzhmash foi condenado por 42 estupros e nove assassinatos, se tornando o primeiro maníaco sexual oficialmente reconhecido pela União Soviética. Ele foi executado com um tiro na nuca no verão de 1974, aos 27 anos.

Aleksandr Berlizov

3. O Maníaco Do Chevrolet Verde – Irã (1981-1985)

No Irã do início dos anos 1980, várias mulheres foram encontradas mortas em cidades tão distantes quanto Tabriz, Sarab, Qazvin e Teerã. Não havia nada que pudesse ligar os homicídios a não ser o método: estrangulamento por corda. Quando a contagem começou a aumentar, principalmente em casos de corpos encontrados nos arredores de Teerã, uma força-tarefa foi criada para investigar os homicídios.

Com a união de diversos departamentos e investigadores, as autoridades concluíram que vários assassinatos de mulheres na capital foram cometidos pela mesma pessoa, possivelmente um homem que dirigia um Chevrolet verde. A moradia das vítimas e os locais onde os corpos foram encontrados deram uma boa ideia do caminho utilizado pelo assassino: a rota entre as praças Imam Hossein e Azadi. 

Em Teerã, viaturas e policiais disfarçados começaram a patrulhar a região traçada e, em fevereiro de 1985, um Chevrolet verde foi avistado parado em frente à Praça Baharestan, logo abaixo da Imam Hossein. No veículo foram encontrados uma corda, ouro e vestimenta feminina. O motorista se chamava Majid Salek Mahmoudi e, em depoimento, Mahmoudi contou histórias que chocaram os investigadores.

Majid Salek Mahmoudi

Seu primeiro ato hediondo foi um triplo homicídio cometido em 1981. Na ocasião, matou uma mãe e seus dois filhos, de 9 e 11 anos, enterrando-os em seguida no quintal de sua antiga casa. Ele tinha ódio de mulheres e, supostamente, começou a matá-las após ser rejeitado pela esposa, que pediu o divórcio. 

No caso Mahmoudi, misturado à sua misoginia também existia um predador oportunista que ludibriava mulheres para roubar seus pertences. Mahmoudi podia fazer sua vida financeira roubando o que suas vítimas tinham de valor enquanto descarregava sua brutalidade contra o sexo que desprezava. E ele fez isso inúmeras vezes. Em sua casa foram encontrados vestimentas e objetos femininos, que a polícia acreditava serem de suas vítimas. 

Majid Mahmoudi vivia em viagem e por isso pode ter matado por todo o Irã. A investigação, entretanto, não conseguiu desvendar todos os seus segredos, pois em 8 de maio de 1985, o estrangulador cometeu suicídio em sua cela enquanto aguardava o fim das investigações.

Majid Salek Mahmoudi

4. O Carniçal de Yangyuhezhen – China (1983-1985)

De 1983 a 1985, várias pessoas desapareceram de municípios do Distrito de Shangzhou na China. Camponeses e, principalmente, pessoas das zonas rurais em busca de emprego, saíam até as cidades e não voltavam mais. Até maio de 1985, os familiares de 37 pessoas procuraram as autoridades para reportarem seus desaparecimentos.

Du Changying, de 40 anos, era um dos desaparecidos. A família o procurou por toda parte e, onze dias depois, seu irmão foi até uma fábrica e comentou com um primo sobre seu desaparecimento. O homem arregalou os olhos e disse que, dias antes, um homem comprara palha de trigo com uma nota em nome de Du Changying. Ele identificou o comprador como Long Zhimin, um camponês de 44 anos que vivia recluso com sua esposa em uma tapera escura e odor nauseante. Imediatamente, os familiares de Du Changying foram até a casa de Zhimin, o agarraram e tentaram levá-lo até a delegacia. No meio do entrevero, um homem apareceu e surpreendeu a todos com sua história. Seu nome era Jiang Yinshan e ele também estava à procura de Zhimin por causa do desaparecimento do seu irmão.

Long Zhimin

Alertadas, as autoridades decidiram prender o camponês de 44 anos que, sob interrogatório, não negou conhecer os desaparecidos, mas afirmou não saber nada sobre onde estavam. “Como vou saber para onde foram?”, retrucou. Mesmo assim, eles optaram por mantê-lo preso e fazer uma visita à sua casa no dia seguinte. A pequena casa de Zhimin tinha as janelas bloqueadas com tijolos; o piso de terra batida parecia ter sido removido em vários pontos; uma escada de madeira continha manchas de cor roxo-escura. A esposa do suspeito, Yan Shuxia, uma mulher deficiente e atormentada, não podia andar e falava coisas estranhas: “Não há nada na casa (…) Algumas pessoas vieram à nossa casa, depois sumiram (…) Eu estava lavando a roupa e a água ficou vermelha”, disse a mulher.

Suspeitos, os policiais chamaram reforços, que imediatamente sentiram um cheiro forte e insuportável. Após uma busca cuidadosa, o grupo encontrou dois homens mortos, nus e abraçados sobre uma pilha de palha de trigo — um deles era Du Changying, o outro um jovem na casa dos 16 anos. Dentro de um saco de fertilizante foi encontrado um terceiro corpo, de uma mulher de cerca de 50 anos. Alertados por vizinhos, que viam o morador da casa mexendo diariamente em uma plantação de repolho, policiais começaram a escavar, encontrando nove corpos, empilhados como lenha, com as cabeças e os pés entrelaçados e invertidos, compactamente adicionados. Em 31 de maio, uma cova coletiva com 33 corpos foi completamente limpa. Uma segunda cova foi encontrada com oito cadáveres e, uma terceira, continha quatro.

Long Zhimin

A investigação apontou que Zhimin atraía suas vítimas com promessas de trabalho bem remunerado e acomodação gratuita. Quando elas dormiam, Zhimin as golpeava na cabeça com uma enxada. Caso continuassem vivas, ele as esfaqueava no peito ou pescoço com um cinzel. Ele e a esposa despiam as vítimas, pegavam o que tinham de valor e cortavam seus cabelos, escondendo-os debaixo da cama. Na madrugada, quando todos da vizinhança dormiam, Zhimin os enterravam de maneira ordenada no quintal. No total, Long Zhimin assassinou 31 homens e 17 mulheres.

Rapidamente, Long Zhimin e sua esposa foram julgados e sentenciados à morte, sendo executados em 27 de setembro de 1985. Hoje, a punição dada à sua esposa é questionada. Ela era uma mulher incapacitada física e mentalmente, completamente refém do marido violento e autoritário. Com a abertura dos arquivos sobre o caso, quase trinta anos depois, descobriu-se que ela tentou desesperadamente divorciar-se de Long, pedindo a um tio que escrevesse uma carta às autoridades competentes, onde o acusou de abuso e crimes diversos. Ninguém se importou. Nos dias anteriores à sua prisão, Yan Shuxia, com medo do esposo, trancou-se no moinho de uma aldeia vizinha e recusou-se a sair. Com muito custo, Long a trouxe de volta para casa — apenas para ser encontrada pela polícia e acusada em um dos piores crimes de assassinato em série do século passado.

5. O Monstro de Kazgugrad – Cazaquistão | 1988-1989

No Cazaquistão, em 1988, na cidade de Almati, um casal passeava pelas margens de um rio quando homem e mulher avistaram uma perna humana. Ao descobrirem que a perna pertencia a uma estudante da Universidade Nacional do Cazaquistão (KazNU), as autoridades locais se reuniram em uma imensa força-tarefa, pois a vítima não era a única. O caso das universitárias assassinadas gerou grande repercussão, o que fez o maníaco se entocar. Ele sumiu por meses, até 28 de junho de 1989, quando atacou um casal, matando o homem e estuprando a mulher, que só foi salva da morte porque alguns transeuntes apareceram nas imediações, assustando o facínora.

 Ivan Dmitrievich Mandzhikov

Quando o desenhista terminou o retrato-falado, investigadores tiveram uma grata surpresa. O homem da foto era Ivan Dmitrievich Mandzhikov, de 24 anos, um desocupado condenado por estupro que só não havia sido desmascarado antes devido a uma falha na análise de seu sangue. Mandzhikov tinha o hábito de retornar às cenas dos homicídios para observar o trabalho da polícia. Às vezes, ele tentava se esconder, mas era facilmente notado pelos presentes, que se perguntavam o que diabos ele fazia em toda cena de crime. De tanto bisbilhotar, foi levado até a delegacia e uma amostra de seu sangue foi colhida. Liberado, passou a frequentar a delegacia e importunar os investigadores com suas teorias mirabolantes sobre os crimes.

Certa vez, chamou a polícia até o seu prédio, afirmando sentir um cheiro esquisito vindo do porão. Os policiais não encontraram nada, mas se tivessem procurado melhor, teriam encontrado o cadáver de Gulbaram Malikova, de 20 anos, a terceira vítima de Mandzhikov. O rapaz continuou entrando em contato com a polícia, mas foi ignorado completamente — os homens da lei o consideravam lelé da cuca. Mas não era. Preso em seu apartamento enquanto lavava suas roupas sujas de sangue, Ivan Mandzhikov foi acusado de cinco assassinatos e sentenciado à morte por fuzilamento, sendo executado no final de 1993.

LEIA TAMBÉM: Como os serial killers ganham seus apelidos macabros?

Sobre Daniel Cruz

Daniel CruzDaniel Cruz é escritor, tradutor e autor do site OAV. Pela DarkSide® Books publicou Anjos Cruéis e Jeffrey Dahmer: Canibal Americano.

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