Filmes • Firestar Videolocadora

Mausoleum: sonhos quebrados e segredos irreveláveis

Um filme com elementos demoníacos, gore e influência onírica

26/09/2025

Entre tantos filmes de horror lançados no cinema e no mercado de VHS, fica quase impossível fazer uma escolha sem aquela dica de ouro de um amigo, de um fã do gênero, até mesmo sem uma consulta em colunas dedicadas ao garimpo, parecidas com essa que você lê agora. Mas o fato é que muitas vezes a fada do destino (e os poderosos algoritmos que trabalham para ela) também trazem boas surpresas.

Mausoleum, traduzido no Brasil como Mausoléu, saiu da tumba em 1983, dirigido por Michael Dugan e com um cast de autores competentes. A trama, simplificada, traz uma jovem possuída pelo mesmo demônio que matou sua mãe. Para deixar tudo mais atraente, esse filme foi apreendido e confiscado no Reino Unido por ser desagradável (o que sempre é um bônus quando o assunto é terror), embora Mausoleum tenha escapado do processo por obscenidade.

Já começamos bem inseridos na proposta do filme — os créditos iniciais despontam dentro da paisagem inóspita de um cemitério. A música acompanha a atmosfera sombria, e logo estamos curiosos (e um pouco tensos) com o que veremos na tela. Terminadas as apresentações técnicas, acompanhamos a garota Susan Walker, de dez anos, que acompanhava o funeral da mãe ao lado da tia, Cora Nomed. Longe de aceitar a morte da mãe, Susan corre pelo cemitério e acaba atraída pelo mausoléu da família Nomed, que queima e recebe chuva ao mesmo tempo. Quando ela se aproxima, as chamas vão embora, e o mausoléu se abre para recebê-la — e para que Susan receba o poder da família que agora mora em uma sepultura.

Dez anos mais tarde, Susan está sob supervisão psiquiátrica. Ela vive com sua tia, Nora Nomed, que insiste com o médico que acompanha Susan que sua família é amaldiçoada. Ela inclusive tem um diário em sua posse e diz que Susan está se comportando da mesma forma que a mãe, às vésperas de tirar sua própria vida. O médico a tranquiliza, diz que Susan apenas sofre de ansiedade, e que ela fica um pouco mais tensa quando a data do falecimento de sua mãe se aproxima. Susan agora é uma mulher adulta, casada, está tentando seguir com sua própria vida. Mas o mausoléu está a atraindo em seus sonhos, a emboscando para a estranha maldição da família.

Susan segue com sua vida e sai para beber e dançar com o marido, e um sujeito que se parece muito com um Donald Trump (mas de barba) começa a se insinuar para ela ostensivamente. O casal decide ir embora, e o homem que parece o Trump sai bêbado e tenta novas gracinhas. Susan, possuída por alguma coisa, incendeia o carro com o homem dentro. Ninguém a nota, exceto nós, que assistimos ao filme.

Na casa de Susan as coisas funcionam de outra forma, e quando o marido se ausenta, a estranha força demoníaca a domina e a impele a seduzir Ben, o jardineiro da casa. Ben não é exatamente resistente, então eles se encontram no rancho de ferramentas da propriedade, tiram as roupas e fazem o que sempre mata alguém em um filme de terror. De fato, não demora nada para a forma demoníaca se manifestar em Susan e jardinar o jardineiro, em um gore bastante vermelho. Susan está longe de se satisfazer, então ela convoca Oliver, seu marido, para uma nova rodada de libertinagens assim que ele chega em casa. Diferente do jardineiro, Oliver sobrevive e sai para trabalhar no dia seguinte.

Quem aparece para uma visita é a tia Cora, e ela encontra Susan completamente transformada e possuída. Tia Cora acaba sendo rasgada ao meio.

Após uma nova sessão de amor com Susan, Oliver acorda e a vê em uma cadeira de balanço, não exatamente Susan, mas a coisa que às vezes transforma seu corpo e sua mente. Em pânico, ele telefona para Simon, o psiquiatra, e o médico tenta acalmá-lo, marcando um encontro para a tarde seguinte.

Com elementos demoníacos e gore e alguma influência onírica (e na paleta de cores) de Dario Argento, Mausoleum se mostra competente apesar das limitações técnicas e orçamentárias que o filme parece ter enfrentado. A trama é envolvente e até mesmo divertida, e os atores conseguem segurar a onda durante todo o filme. A título de curiosidade, o ator Marjoe Gortner, que interpreta o marido de Susan, foi ordenado por seu pai como pregador mirim quando tinha apenas quatro anos, e Marjoe pregou ativamente durante a infância.

Na sequência do filme, a governanta dos Farrell decide ir embora depois de encontrar fumaça verde saindo do quarto de Susan, e Oliver insiste para que a esposa vá até o psiquiatra, para continuar seu acompanhamento médico. Oliver também nota que algumas pessoas estão desaparecendo ao seu redor, o jardineiro, a governanta, e também Cora, tia de Susan.

Susan concorda em uma consulta com seu psiquiatra. Depois de ela citar que vem tendo pesadelos constantes, Simon sugere hipnotizá-la. Inicialmente, Susan retorna ao trauma da perda da mãe na infância, manifestando seus sentimentos reprimidos. Logo depois, ela se tranquiliza, e diz que se sente novamente segura, dentro do mausoléu. Ela manifesta parte de sua forma demoníaca (alguma distorção na voz e uma luz verde e brilhante emanando dos olhos), mas volta à normalidade quando Simon a retira do estado hipnótico. Simon fica tão impressionado que divide o caso com outra especialista, a doutora Roni Logan.

Após discutirem o caso, os psiquiatras dividem suas conclusões com Oliver, o que o deixa em choque. Os médicos afirmam que Susan vive um caso de possessão real, e que ela está subjugada às vontades de um poder, ou até mesmo, de um demônio. Um demônio que possui todas as primeiras mulheres nascidas na família Nomed.

Agora é hora de nos preservarmos contra as forças demoníacas do spoiler e deixar que vocês procurem por esse bom filme no tubão — não é difícil encontrá-lo — e tirem suas próprias conclusões. O filme segue na espiral da loucura e do sangue até a subida dos créditos, e a experiência é muito válida se você for um bom devoto do horror (sem contar que o plot twist do finalzinho deixa muita gente com a pulga atrás da orelha!).

Para que ninguém derreta de ansiedade, vamos deixar o trailer como aperitivo, mas não hesite em apreciar a refeição completa! Vamos começar a (po) sessão? É só apertar o play!