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As corujas na mitologia

Veneradas por uns e temidas por outros

28/05/2025

Ao longo dos tempos, as corujas têm despertado fascínio e admiração nos seres humanos. Presentes em mitos e lendas, elas acabam reunindo crenças bastante variadas e contraditórias. Enquanto em algumas culturas, são admiradas e veneradas, em outras são temidas e até mesmo desprezadas. 

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Frequentemente associadas à sabedoria, proteção espiritual e morte, as corujas também podem estar conectadas à feitiçaria, medicina, ao clima e até mesmo ao nascimento. O fato de serem animais encontrados em praticamente todas as regiões do planeta, fez com que elas aparecessem em diferentes narrativas mitológicas ao longo dos séculos. 

Animais fascinantes com incríveis habilidades de caça e hábitos noturnos, as corujas aparecem em pinturas rupestres que datam de 20 mil anos atrás. Da cultura egípcia, passando pela grega e pelos povos originários, elas reúnem diferentes significados e histórias. Conheça a seguir um pouco mais da presença das corujas na mitologia.

coruja

Mitologia egípcia, grega e romana

Para os egípcios, as corujas eram conectadas ao mundo dos mortos, aparecendo em hieróglifos e representações artísticas. Encaradas como guias espirituais capazes de transitar entre o mundo dos vivos e dos mortos, elas eram recorrentemente associadas a divindades funerárias, como Neite e Néftis. 

Já para os gregos, as corujas eram o símbolo de Atena, deusa da sabedoria, artesanato e estratégia militar. De acordo com a mitologia, Atena teria ficado tão impressionada pelos grandes olhos e aparência solene do pássaro, além de sua sabedoria e seriedade, que o adotou como seu fiel companheiro, substituindo o corvo. Conhecida como Athene Noctua, essa espécie de coruja era encontrada em grande número na cidade de Atenas e na Acrópole, acreditando-se que uma “luz interior” mágica fornecia sua visão noturna. 

Justamente por sua associação com Atena, a coruja se tornou um animal protetor para os gregos, acompanhando os exércitos à guerra como um símbolo de inspiração. Caso sobrevoasse os soldados antes de uma batalha, sua aparição era tida como um bom presságio e sinal de vitória. Além disso, o animal foi estampado nas moedas atenienses, as quais traziam o rosto de Atena de um lado e sua coruja do outro.  

coruja moeda grega

Para os romanos, a coruja também era um símbolo de sabedoria. No entanto, ela também era associada a maus presságios, especialmente a morte. Na Roma antiga, ouvir o pio de uma coruja era um presságio desastroso, indicando uma morte iminente. Segundo as lendas, as mortes de Júlio César, Augusto, Aurélio e Agripa foram todas anunciadas por uma coruja. 

Diferente dos gregos, os romanos acreditavam que o avistamento de uma coruja antes da batalha era um aviso de desastre e derrota. Segundo a mitologia romana, Proserpina (nome romano de Perséfone) foi levada contra sua vontade para o submundo por Plutão, deus dos mortos, podendo retornar para sua mãe, a deusa da agricultura Ceres, desde que não ingerisse nada enquanto estivesse lá. Ascálafo, filho de Aqueronte e da ninfa Orfne, viu Proserpina colhendo uma romã e contou para todos o que havia acontecido, obrigando a jovem a permanecer no local por um número determinado de meses. Ceres ficou tão furiosa que o transformou em uma coruja, de forma que se tornou protegido de Minerva, correspondente romana de Atena. 

As corujas para os povos originários dos Estados Unidos e Canadá

As corujas aparecem em diversas narrativas de povos originários dos Estados Unidos e Canadá, frequentemente associadas a profecias e adivinhações. Os Hopi, por exemplo, acreditam que elas são sagradas e associadas ao deus dos mortos, atuando como protetoras do submundo e das coisas que crescem da terra subterrânea, como sementes. Já para os Apaches, sonhar com uma coruja indicava uma morte próxima, enquanto para os Lenapes sonhar com ela significava que o animal se tornaria seu guardião.

coruja

Por outro lado, os Cherokee valorizam as corujas como consultoras de seus xamãs, inclusive podendo trazer doenças como punição. Segundo os Cree, seus pios eram, na verdade, chamados de espíritos. Caso uma pessoa respondesse com um som semelhante e não ouvisse uma resposta era porque ela estava destinada a morrer em breve. Por outro lado, para os Kwakiutl, povos originários do Canadá, as corujas eram as almas das pessoas, não devendo ser prejudicadas, pois quando uma coruja era morta a pessoa a quem pertencia a alma também morria. 

Segundo os Menominee, por exemplo, o dia e a noite foram criados após uma competição entre uma coruja e um coelho. O coelho acabou ganhando e escolheu a luz do dia, permitindo a noite como um benefício para a coruja derrotada. Para os Navajo, o deus Nayenezgani criou a coruja e lhe designou o dom da profecia, de forma que quando os homens ouvissem seu som eles saberiam qual seria o seu futuro. 

Mitologia celta e hindu 

Na mitologia celta, as corujas são frequentemente associadas a Cailleach, uma deusa anciã ligada a criação da paisagem e ao clima, especialmente as tempestades e o inverno, representando os ciclos de vida, morte e renascimento. Por Cailleach ser uma divindade funerária, o chamado da coruja era interpretado como um presságio de morte. 

coruja hindu

Em muitas narrativas, devido a sua visão noturna e habilidade de caça, o pássaro aparece como um guia para o submundo, simbolizando a intuição e proteção na escuridão. Além disso, para os galeses, as corujas têm íntima relação com a figura mitológica de Blodeuwedd, a qual foi transformada no animal pelo herói Gwydion após tentar assassinar seu marido. Segundo o Mabinogi, coletânea de manuscritos da mitologia celta, escritos em galês medieval, Blodeuwedd é transformada em coruja como uma punição, relegada a viver a noite longe dos outros animais.  

Enquanto isso, na mitologia hindu, as corujas são associadas a Lakshmi, deusa da fortuna e da prosperidade. O pássaro é um dos “vahanas” ou veículos de Lakshmi, simbolizando proteção contra a ignorância e ganância, assim como sabedoria e perspicácia. Neste caso, a associação da coruja com a divindade faz com que seja vista como um lembrete simbólico para ir além das atividades materiais, cultivando qualidades como paciência, inteligência e sabedoria. Isso acontece devido ao comportamento noturno do pássaro, o qual é interpretado como um esforço para observar e descobrir conhecimento quando cercado pela escuridão.  

Mergulhe na magia da Ornitografia

ornitografia

Quer saber mais sobre essas criaturas fascinantes? Calma que a Caveira tem o livro certo para você! Animais mágicos e cheios de simbolismo, as corujas são apenas um dos pássaros abordados por Jessica Roux em Ornitografia: A Linguagem Secreta das Aves. Um livro ilustrado que combina arte, mitologia e história, este lançamento encantado da Magicae, revela os significados ocultos por trás de cem aves, convidando o leitor a mergulhar na linguagem esquecida desses animais que nos fascinam há tanto tempo. 

Do astuto corvo passando pelo majestoso pavão até a sábia coruja, Ornitografia: A Linguagem Secreta das Aves traz um conteúdo rico que mergulha o leitor em presságios, contos de fadas e narrativas folclóricas, nos convidando a enxergar estas criaturas como representantes dos poderes arcanos da natureza. Mostrando que por trás de cada voo, gorjeio ou plumagem há uma história esperando para ser contada, Ornitografia: A Linguagem Secreta das Aves nos leva a redescobrir a presença desses animais em nosso cotidiano e a observar o céu com outros olhos. 

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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