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Caveira Viu: Drácula: Uma História de Amor Eterno

Uma reimaginação de Luc Besson

13/08/2025

Entre os inúmeros personagens literários transportados para as telas do cinema, poucos fizeram tantas aparições quanto o icônico Conde Drácula de Bram Stoker. O livro lançado em 1897 não apenas moldou nosso entendimento coletivo sobre vampiros e monstros, como também transformou o gênero do terror audiovisual. 

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Enquanto a versão de 1931 da Universal, protagonizada por Bela Lugosi, continua sendo uma das mais famosas, ela certamente não é a única. Ao longo dos anos, Drácula foi interpretado por diversos atores famosos, como Christopher Lee e Lon Chaney Jr., passando a frequentar também os mais variados gêneros cinematográficos. Entre adaptações fieis, reimaginações e paródias, o tempo passou e o vampiro apenas mostrou que veio para ficar na cultura pop.  

Reimaginação é provavelmente a palavra-chave para falar de Drácula: Uma História de Amor Eterno, filme que acabou de chegar aos cinemas brasileiros. Dirigido pelo francês Luc Besson, conhecido por O Quinto Elemento, o longa propõe desvendar as origens do famoso vampiro, levando os fãs por uma reimaginação épica de grande orçamento e com muito romance. Mas será que Drácula: Uma História de Amor Eterno cumpre tudo isso? A Caveira já assistiu ao filme e tem um veredito para você.

drácula: uma história de amor eterno

Reimaginação sim, adaptação não

Protagonizado por Caleb Landry Jones, Christoph Waltz e Zoë Bleu, Drácula: Uma História de Amor Eterno se inicia em meados do século XV no Reino da Valáquia, quando o príncipe Vladimir (Jones) renuncia a Deus após o falecimento de sua amada esposa, Elisabeta (Bleu). Como castigo por tal heresia, ele recebe a maldição da vida eterna, se tornando o vampiro Drácula. Condenado a vagar pelos séculos, Drácula possui apenas uma esperança: reencontrar seu amor perdido. Quatrocentos anos depois, na Paris da Belle Époque, ele finalmente acredita ter encontrado Elisabeta, que supostamente retornou como a jovem Mina. 

Logo em seu título, Drácula: Uma História de Amor Eterno deixa explícito aos espectadores que estamos prestes a assistir uma história de amor e não de terror. Isso talvez decepcione alguns fãs ávidos por uma adaptação fiel do romance de Bram Stoker ou por uma versão mais sangrenta do famoso vampiro. O Drácula vivido por Caleb Landry Jones é uma alma atormentada e desesperada, que sofre pela perda da amada. Por um lado, essa versão traz um certo frescor ao personagem, nos fazendo simpatizar com a sua dor, mas também retira suas características monstruosas e vilanescas. Talvez, ao assistir o filme de Luc Besson os fãs tenham que ter em mente muito mais Drácula de Bram Stoker, a reimaginação dirigida por Francis Ford Coppola em 1992, do que o livro de Stoker ou outras adaptações cinematográficas. 

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Nesse sentido, o novo Drácula está muito mais interessado em contar a história de um amor romântico e trágico, enveredando por uma dramática busca pela felicidade perdida e pelas dores da condenação eterna. Isso, aliado a um visual deslumbrante, torna o filme de Luc Besson uma versão interessante do famoso vampiro literário. Desta forma, ao se afastar deliberadamente do material de origem, o cineasta também se presenteia com liberdades criativas. Além de focar no amor de Vlad e Elisabeta, o diretor transporta a história para a Paris da Belle Époque, enquanto a cidade se prepara para comemorar o centenário da Revolução Francesa. Besson também opta por desconstruir a tradicional imagem de Vlad enquanto um guerreiro ávido por sangue e morte, mostrando que o personagem apenas se envolve na guerra à mando da Igreja. 

Um dos grandes pontos altos do filme é justamente a atuação de Caleb Landry Jones, que transparece bem o sofrimento de seu personagem, algo que rende ao longa suas cenas mais dramáticas e memoráveis. Sem dúvida alguma é na atuação de Jones que o filme encontra sua maior força. Junto a isso, Drácula: Uma História de Amor Eterno também se destaca pela trilha sonora de Danny Elfman, conhecido por trabalhar com cineastas como Tim Burton e Sam Raimi, pela fotografia de Colin Wandersman e pelos figurinos belíssimos assinados por Corinne Bruand. Estas escolhas estéticas e musicais, aliadas a um ritmo narrativo envolvente, contribuem para que o filme surja como uma bela e trágica história de amor. 

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No entanto, isso não significa que Drácula: Uma História de Amor Eterno esteja isento de críticas. Enquanto Landry Jones se destaca como o vampiro, Christoph Waltz aparece insosso como uma nova versão de Van Helsing, que permanece à sombra do personagem vivido por Anthony Hopkins em 1992. O filme também não fornece muito espaço para seus personagens secundários, com exceção de Maria (vivida por Matilda De Angelis), que surge como uma fusão entre Lucy e Renfield, rendendo alguns momentos divertidos ao longo da história. 

Infelizmente, o filme ainda escorrega em momentos não solicitados de humor e exagero, os quais quebram com a proposta inicial de um grande drama romântico. Se executados de forma mais coerente, tais inserções cômicas até poderiam funcionar, mas no fim, elas acabam sendo apenas excessos desnecessários. Junto a isso, Drácula também se perde em meio a alguns detalhes e personagens inexplicados, como as gárgulas do castelo de Vlad, que parecem sofrer com cortes feitos na sala de edição durante a pós-produção do filme. Outro problema surge com algumas temáticas exploradas por Besson, que acabam reforçando clichês antigos como histeria feminina e orientalismo. 
Apesar disso, o filme cria uma experiência cinematográfica envolvente, focando suas energias nas emoções dos personagens.

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Logo, Drácula: Uma História de Amor Eterno aparece como uma interpretação interessante do clássico vampiro, o qual é inserido em uma dinâmica que exalta o amor através dos tempos. Embora não deva agradar aos fãs sedentos por uma história de terror, o filme de Luc Besson certamente vai ressoar com os espectadores mais românticos e interessados em um viés mais sensível e sofrido do personagem. Entre pontos positivos e negativos, ainda que longe da excelência, o longa surge para comprovar mais uma vez a imortalidade do vampiro criado por Bram Stoker, mostrando que existem diferentes formas de se contar uma mesma história.

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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