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Conheça a versão cinematográfica de Em Busca de Watership Down

Animação de 1978 é um clássico atemporal

28/07/2025

Publicado originalmente em 1972, Em Busca de Watership Down é o romance de estreia de Richard Adams. Mas, tudo começou com histórias que o escritor contava para distrair suas duas filhas, Juliet e Rosamund, durante as longas viagens de carro que faziam em família. Enquanto dirigia, Adams improvisava uma aventura vivida por um grupo de coelhos que fez tanto sucesso entre as meninas que elas insistiram para que o pai escrevesse a história. Dezoito meses depois, nascia Em Busca de Watership Down. 

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Ambientada em Hampshire, no sul da Inglaterra, a história apresenta um pequeno grupo de coelhos com sua própria cultura, linguagem e mitologia que embarca em uma perigosa jornada para encontrar um novo lar após a iminente destruição de seu viveiro. No centro disso estão os coelhos Hazel e Fiver que junto de outros nove seguidores decidem viajar atrás de um refúgio prometido, enfrentando inúmeras aventuras pelo meio do caminho. Com mais de 50 milhões de cópias vendidas e traduzido para 25 idiomas, Em Busca de Watership Down se transformou em um clássico literário. Recentemente, a obra foi adaptada para os quadrinhos pelo premiado roteirista James Sturm e pelo ilustrador Joe Sutphin. Recém-chegada na DarkSide® Books, essa espetacular graphic novel encanta tantos fãs antigos quanto novos leitores, nos levando por uma aventura emocionante sobre bondade, coragem, integridade e esperança. 

watership down

O impacto de Em Busca de Watership Down na cultura pop foi tão grande que não demorou para que o romance fosse transformado em um filme. Apenas seis anos depois da publicação, a obra chegou aos cinemas em uma animação emblemática que desperta curiosidade e gera discussões até os dias de hoje. Conheça um pouco mais sobre a versão cinematográfica de Em Busca de Watership Down. 

Um clássico da literatura transformado em um clássico da animação

Com o sucesso de Em Busca de Watership Down, rapidamente os direitos de uma adaptação cinematográfica foram comprados pelo produtor Martin Rosen, que precisou convencer Richard Adams que a história poderia ser levada para as telas. Enfrentando o ceticismo de investidores, que não acreditavam no potencial de um filme sobre coelhos, a produção começou em 1975 em um novo estúdio de animação criado em Londres pelo próprio Rosen. Inicialmente, quem iria comandar o projeto era o antigo animador da Disney, John Hubley, que havia trabalhado em Bambi e Fantasia e também era conhecido como o criador do personagem Mr. Magoo. Contudo, Hubley abandonou o projeto cerca de um ano depois devido a desentendimentos com Rosen. Apesar disso, seu trabalho ainda pode ser encontrado na versão final do filme, tanto na sequência de abertura mítica quanto na escolha da canção “Bright Eyes”, interpretada por Art Garfunkel. 

Com a saída de Hubley, que viria a falecer em 1977, Rosen assumiu a função, marcando sua estreia na direção. Diversos métodos foram considerados para adaptar o romance de Richard Adams, como o uso de marionetes, por exemplo. No entanto, no fim das contas, Rosen escolheu a animação, sentindo que isso iria ajudar o longa a envelhecer graciosamente e permanecer atemporal. De alguma forma, sua falta de experiência na direção provou ser benéfica para o filme, permitindo ao cineasta estreante uma ampla gama de experimentações e poucas restrições criativas. 

Em Busca de Watership Down

O chefe de animação do projeto foi Arthur Humberstone, que já havia trabalhado em animações famosas como Submarino Amarelo dos Beatles e A Revolução dos Bichos de 1954, se tornando o responsável por definir o estilo artístico dos personagens. Os cenários do filme, por outro lado, foram baseados nos diagramas e mapas presentes no romance original. 

Para dublar os personagens, o filme trouxe um elenco repleto de estrelas lideradas por John Hurt, que deu voz a Hazel, e Richard Briers, que dublou Fiver. Os atores e os animadores trabalharam em conjunto durante a produção, de forma que um grupo inspirava o outro. Era frequente os atores voltarem para o estúdio após verem determinadas cenas de animação, enquanto os animadores recorrentemente os estudavam durante as sessões de gravação para incorporar seus maneirismos nos personagens. 

Em Busca de Watership Down

Quando chegou a hora da trilha sonora, os cineastas encontraram Angela Morley, que substituiu o compositor original Malcolm Williamson, e em duas semanas finalizou uma das trilhas mais icônicas do mundo da animação. Assim que Em Busca de Watership Down estava completo e pronto para o lançamento, a equipe teve problemas em encontrar uma distribuidora. Como havia sido feito por um estúdio independente, foi preciso convencer alguém a aceitar distribuí-lo, principalmente por seu conteúdo mais maduro. Eventualmente, o filme se tornou a primeira animação a utilizar o som Dolby Surround, sendo distribuída pela Cinema International Corporation no Reino Unido e pela AVCO Embassy Pictures nos Estados Unidos, enquanto a Warner Bros. assumiu o lançamento em home vídeo. 

Embora trouxesse temas maduros, a animação foi classificada no Reino Unido como adequada para crianças de qualquer idade, o que rendeu certos traumas cinematográficos em jovens espectadores e muitas reclamações de pais indignados. Já nos Estados Unidos, Austrália e Irlanda, por exemplo, Em Busca de Watership Down recebeu uma classificação PG, que indicava que o conteúdo não era adequado para crianças pequenas e que os pais deveriam ser cautelosos com o material. Apesar disso, foi somente em 2013, 35 anos após seu lançamento, que o British Board of Film Classification finalmente mudou sua classificação indicativa para PG. Já no Brasil, o filme chegou em janeiro de 1979 com o título Uma Grande Aventura. 

Em Busca de Watership Down

Uma animação surpreendente

Em Busca de Watership Down começa com uma sequência animada altamente artística que se diferencia do restante do filme. O objetivo é contar a história mitológica da origem dos coelhos, mostrando o deus Frith punindo o primeiro coelho na terra, El-Ahrairah, pelo pecado da arrogância e transformando os coelhos em alvos de determinados predadores. A cena inicial possui a função de apresentar para o espectador o universo criado por Richard Adams, oferecendo um relato que explica o lugar dos coelhos no mundo e sua relação com o resto da criação. Logo no início, o filme envereda por imagens e temáticas pesadas, mostrando coelhos ensanguentados sentindo a fúria dos predadores. Isso volta a acontecer na cena que adapta a visão assustadora de Fiver, um coelho vidente, que enxerga seu lar sendo invadido por sangue e caos.  

No 40º aniversário do filme, o diretor Martin Rose afirmou ter ficado bastante surpreso com a comoção gerada pela temática da violência. “Isso faz parte da natureza – e a natureza é dura”, explicou em uma entrevista, pontuando que não fez a animação pensando em crianças e apenas seguiu os elementos presentes na obra de Richard Adams, de forma que o objetivo não era explorar a crueldade ou a violência como elementos de choque. 

Em Busca de Watership Down

Embora o resto da animação seja pontuada por temas maduros e imagens que chocam por suas representações cruas de violência e morte, que geraram discussões sobre sua adequação para um público infantil, Em Busca de Watership Down é um filme adorável, marcado por cenários feitos em aquarela realista, coelhos cuidadosamente desenhados (com características diferentes que nos fazem distinguir cada um deles!) e uma trilha sonora composta por sopros e percussão. Explorando temas como papéis sociais, organização, política, poder, cultura, espiritualidade e mortalidade, a animação captura a grandeza da história de Richard Adams, acertando em cheio em sua abordagem sobre a grandeza da vida. 

No fim, o filme é um trabalho impressionante e surpreendente que mostra que animações podem sim ser usadas para contar qualquer tipo de história. Na época de seu lançamento, Em Busca de Watership Down foi bem sucedido nas bilheterias, entrando posteriormente para a história da animação clássica. Embora possa causar certo estranhamento nos espectadores acostumados com as animações e técnicas da Disney, por exemplo, a animação do longa possui um charme e simplicidade únicos que reforçam sua atemporalidade. 

Em Busca de Watership Down

Mostrando o mundo como ele realmente é, Em Busca de Watership Down deixou um legado para animações posteriores voltadas para temas mais maduros, se destacando como uma belíssima adaptação da obra original e por inserir de forma comovente em sua narrativa insinuações de que a morte é algo certo, que afeta a todos nós. No fim, assim como o livro de Adams e a graphic novel de James Sturm e Joe Sutphin, o filme evoca pensamentos e sentimentos múltiplos, nos fazendo refletir sobre como nossa estadia na Terra é breve, mas extremamente preciosa.

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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