Crime Scene • Curiosidades

Crianças cruéis irão se tornar adultos violentos?

O que se sabe sobre a reincidência da maldade infantil

31/07/2024

Crianças frequentemente são vistas como inocentes e desprovidas de qualquer ímpeto maligno. Mesmo assim, algumas cometem atos tão cruéis que nos questionamos quanto à origem de tal maldade e, principalmente, sobre as consequências disso a longo prazo.

Em Anjos Cruéis, Daniel Cruz conduz um extenso estudo de caso sobre crianças que foram muito além das traquinagens infantis: elas cometeram crimes cruéis, como tortura e assassinato, e não mostraram o mínimo sinal de empatia ou remorso pelo que fizeram com suas vítimas.

Tão preocupante quanto entender por que seres ainda tão jovens cometem atos tão vis, é saber se isso indica uma tendência de comportamento que pode se agravar no futuro. Afinal, crianças que cometem atos cruéis tendem a se tornar adultos violentos?

Crime e castigo

Em dezembro de 2006 a Organização das Nações Unidas (ONU) conduziu uma votação sobre um tema de direitos humanos: se a prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional deveria ser abolida para jovens infratores — considerando infância e pré-adolescência.

O resultado foi que 185 países votaram para abolir e apenas um se posicionou contrário: os Estados Unidos. Isso provocou protestos de muitas organizações de direitos humanos dentro do país, insistindo que os estados deveriam revisar as sentenças de menores de idade com o passar dos anos.

Em 2012, a Suprema Corte do país concordou que a maioria dos menores infratores merece uma segunda chance. Desde então, 31 estados e Washington D.C. baniram a aplicação automática de prisão perpétua sem condicional para menores de idade.

“Imagine todas as mudanças pelas quais você passa dos 12 aos 17 anos”, diz Apryl Alexander, professora da faculdade de Psicologia Profissional da Universidade de Denver, que avalia jovens infratores antes de seus julgamentos. A especialista, no entanto, concorda que existem alguns criminosos juvenis que não serão reabilitados, mas defende que nesses casos eles sejam encaminhados a instituições médicas, não para a prisão.

Índices de reincidência

Um estudo publicado na Adolescent Research Review em 2015 reuniu dados de 39 estados norte-americanos e descobriu que 76% dos jovens que cometeram algum tipo de infração acabavam reincidindo em três anos, e 84% dentro de cinco anos. Mas os estudos também incluem crimes não violentos, como consumo de álcool de menor de idade, posse de maconha e crimes relacionados ao tráfico. Um estudo da Universidade de Wisconsin de 2009 descobriu uma taxa de reincidência de 4,92% para criminosos sexuais juvenis desde 1980, e uma taxa de 2,75% de 2000 a 2015.

Já um estudo de 2015 da Universidade do Sul da Flórida apontou que 10% de todas as prisões por homicídio eram destinadas a menores de idade. Destes, aproximadamente 90% dos criminosos liberados da prisão foram presos novamente dentro de 30 anos, e mais de 60% foram presos por crimes violentos.

O que diz a psicologia forense

Renomados psicólogos forenses acreditam que jovens violentos podem ser reabilitados, mas deve haver algum esforço para que isso seja alcançado. Apryl Alexander questiona justamente o que deve ser feito nesse sentido: “Se estamos considerando a possibilidade de liberdade condicional, do que eles precisam para não reincidir? Eles estão recebendo tratamento para a saúde mental? A maioria das crianças que se envolvem com assassinato frequentemente têm um QI baixo — então eles têm apoio educacional para que prosperem no seu meio?”.

Katherine Ramsland, psicóloga forense, assinala que tais programas existem. A especialista se correspondeu por um bom tempo com Dennis Rader, conhecido como o assassino BTK, que mostrou tendências violentas desde jovem, muito antes de ter se tornado um serial killer.

“[Os Estados Unidos] deveriam investir mais dinheiro no sistema juvenil em que os tratamentos estão funcionando, usar esses centros e colocá-los em mais estados”, disse Ramsland ao A&E True Crime. Ela cita o Mendota Juvenile Treatment Center, em Wisconsin, que possui um amplo programa e que tem mostrado sucesso na não reincidência. “Eles não repetem seus crimes do jeito que criminosos não tratados repetem. Mas é um programa caro porque é intensivo. É muito personalizado.”

Mas nem todos concordam com tais programas. O ex-promotor George Brauchler acredita que liberar jovens infratores muito cedo é um desrespeito às famílias das vítimas. Os defensores dos programas de reabilitação, no entanto, destacam que a liberação não é arbitrária, uma vez que tal liberação envolve a evolução do infrator desde sua condenação, como exemplifica Alexander: “A criança está apresentando mais empatia? Assume a responsabilidade pelo seu crime? Seus problemas com abuso de substâncias foram mitigados?”.

Essas são perguntas que a especialista acredita que devem ser feitas para criminosos adultos também. “Eu frequentemente digo às pessoas: 70% de quem está no nosso sistema prisional vão voltar para o convívio em sociedade. Então, você não quer que a sociedade seja mais segura?”

2 Comentários

Iago

1 de agosto de 2024 às 19:13

Iago

1 de agosto de 2024 às 19:13

existe chance das sequências de psicose virem pro Brasil?
tem Psicose 2, Casa da Psicose e Psicose: Sanatório

Responder
- DarkSide
  
  6 de agosto de 2024 às 14:19
  
  DarkSide
  
  6 de agosto de 2024 às 14:19
  
  Esse segredo está guardado no porão da Mansão Bates. Fica pertinho que se tiver novidades venho correndo contar!
  
  Responder