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Fatos pouco conhecidos sobre O Monstro da Lagoa Negra

A criação da legendária Criatura

27/08/2025

Lançado em 1954, O Monstro da Lagoa Negra é possivelmente um dos filmes mais amados da Era de Ouro dos Monstros da Universal. Não é para menos. Estrelado por Richard Carlson e Julie Adams, o filme acompanha um grupo de cientistas que durante uma expedição pela selva amazônica encontra uma aterrorizante criatura humanoide que se esconde nas águas locais. Dirigido por Jack Arnold, cineasta famoso por assinar filmes de ficção científica como Veio do Espaço (1953) e O Incrível Homem que Encolheu (1957), O Monstro da Lagoa Negra foi um sucesso de público e rapidamente gerou uma franquia com mais dois longas: A Revanche do Monstro (1955) e À Caça do Monstro (1956).

Como muitos outros monstros da Universal, a Criatura – também conhecida como Gill-man – se tornou uma figura onipresente na cultura pop, aparecendo em diversos formatos midiáticos e inspirando outros filmes de sucesso, como o vencedor do Oscar, A Forma da Água. Recentemente, ela fez seu retorno triunfal em Monstros da Universal: O Monstro da Lagoa Negra Vive!, graphic novel roteirizada por Dan Watters e Ram V com arte de Matthew Roberts.

Fruto de uma parceria entre a DarkSide® Books, a Macabra e a Universal Pictures, com apoio da Skybound, O Monstro da Lagoa Negra Vive! transporta os leitores de volta ao coração da Amazônia, acompanhando a jornalista Kate Marsden que anos após os eventos do filme original, está em busca da verdade. No entanto, quanto mais ela se aproxima do que realmente aconteceu, mais percebe que horrores inimagináveis se escondem nas águas turvas. Com um posfácio inédito de Mallory O’Meara, autora de A Dama e a Criatura, O Monstro da Lagoa Negra Vive! integra uma coleção sublime que homenageia os Monstros da Universal com interpretações ousadas e visualmente arrebatadoras, honrando esses pilares do horror clássico. Para celebrar a chegada da Criatura na DarkSide® Books, a Caveira separou 10 fatos pouco conhecidos sobre O Monstro da Lagoa Negra para você se surpreender.

1. O filme foi originalmente apresentado em 3D

Pegando carona na chamada “Era de Ouro” do 3D, que aconteceu entre 1952 e 1954, O Monstro da Lagoa Negra foi filmado em 3D polarizado com uma fita dupla de 35 mm, algo impressionante para uma produção da década de 1950. Como a tecnologia era bastante limitada na época, a Universal Studios chegou a projetar uma unidade especial para as câmeras, o que permitia que elas fossem utilizadas durante as cenas subaquáticas. Na hora de promover o filme, o estúdio criou cartazes promocionais anunciando que os espectadores poderiam assistir ao longa de forma tridimensional. No entanto, na época do lançamento, a febre do 3D estava desaparecendo, o que fez com que muitos cinemas exibissem O Monstro da Lagoa Negra apenas no formato 2D.

2. As filmagens aconteceram na Flórida e Califórnia

Embora O Monstro da Lagoa Negra seja ambientado nas profundezas da floresta amazônica, a equipe de filmagens nunca deixou os Estados Unidos. Muitas sequências fluviais e subaquáticas foram filmadas no parque estadual de Wakulla Springs, localizado ao sul de Tallahassee, na Flórida. A decisão de filmar no local, no entanto, não foi uma coincidência, já que por volta de 1850 diversos fósseis pré-históricos foram descobertos por lá. Também não foi a primeira vez que um longa utilizou Wakulla Springs como cenário, sendo que clássicos como Tarzan, o Filho das Selvas (1932) também contou com cenas filmadas no parque. O restante de O Monstro da Lagoa Negra foi então filmado em Park Lake, um backlot da Universal Studios localizado em Hollywood. Consistindo em uma enorme lagoa artificial, a locação ficou famosa ao longo dos anos por ter sido palco de inúmeras filmagens, como as da série de televisão A Ilha dos Birutas e filmes como Psicose 2, Aventureiro do Mississippi e Madrugada dos Mortos.

3. Dois trajes diferentes foram construídos para a Criatura

Durante a fase de pré-produção, Ricou Browning, um jovem dublê nativo da Flórida, foi chamado para mostrar à equipe do filme a locação de Wakulla Springs. Durante o tour, ele também concordou em nadar nas águas locais, ajudando assim na realização de testes de filmagem subaquática. Algumas semanas depois, o jovem recebeu uma ligação inesperada do diretor Jack Arnold, que o convidou a interpretar a Criatura do filme. No entanto, Browning logo descobriu que o monstro seria interpretado por dois homens: enquanto ele faria todas as cenas subaquáticas, o ator Ben Chapman interpretaria o personagem em terra firme.

Isso apresentou alguns desafios técnicos para a produção, já que os dois possuíam uma diferença significativa de altura. Desta forma, dois trajes foram produzidos a partir de moldes dos corpos dos atores, resultando em pequenas diferenças nas peças da cabeça e do peitoral. O de Ben Chapman, por exemplo, foi projetado para ser mais rígido e inflexível, capturando os movimentos da Criatura em terra. Por outro lado, o traje de Ricou Browning foi desenhado para ser mais flexível, facilitando os movimentos subaquáticos, e contando também com uma coloração mais clara, a qual permitia que o ator ficasse visível durante as filmagens. Chapman filmou então suas cenas em Hollywood, enquanto a grande maioria das cenas subaquáticas de Browning foram encenadas no Wakulla Springs State Park. Chapman parou de atuar em 1955, já Browning retornou para as duas sequências de O Monstro da Lagoa Negra nos anos seguintes.

**4. Gill-Man já apareceu na série Os Monstros!**

Em 1964, a Universal lançou seu clássico programa de televisão Os Monstros, que se destacou por combinar uma sátira da vida suburbana estadunidense e dos programas televisivos da época com seus tradicionais monstros cinematográficos. Entre homenagens a Frankenstein e Drácula, não demorou para que o Gill-man fizesse uma visitinha à 1313 Mockingbird Lane. No episódio “Love Comes to Mockingbird Heights”, a família Munster recebe uma caixa cheia de moedas de ouro do seu tio Gilbert, que pede que o clã mantenha o tesouro em segurança até a sua chegada. No final do episódio, Gilbert é revelado como nada menos do que a Criatura de O Monstro da Lagoa Negra. Aqui, ele não apenas utiliza um terno refinado como também pode falar, relatando que ficou rico após encontrar tesouros perdidos debaixo d’água.

5. Milicent Patrick não recebeu os créditos pelo design da Criatura

A artista Milicent Patrick trabalhou em várias produções cinematográficas antes de 1954, mas foi justamente em O Monstro da Lagoa Negra que seu trabalho realmente ganhou vida. Após atuar em 21 filmes, desenhar artes conceituais para outras produções e se tornar a primeira animadora contratada pela Disney, em 1954 ela brilhou ao projetar o icônico design da Criatura, um dos motivos pelo qual o filme se tornou tão memorável. Patrick chegou a promover O Monstro da Lagoa Negra, participando de campanhas publicitárias, posando para fotos e recebendo o apelido de “A Bela que Criou a Fera”.

No entanto, tudo isso mudou rapidamente quando o chefe do departamento de maquiagem, Bud Westmore, ficou com ciúmes da atenção recebida por Milicent, que acabou nunca recebendo os devidos créditos por sua criação. Depois de voltar de uma turnê promocional do filme, Milicent foi demitida da Universal Studios com Bud Westmore alegando ser o único designer do monstro. Como resultado, o nome da artista foi excluído dos créditos de O Monstro da Lagoa Negra e seu envolvimento com o projeto significativamente minimizado. Apesar disso, nem todos se esqueceram dela. Em A Dama e a Criatura, a roteirista e produtora Mallory O’Meara, uniu fragmentos da biografia e história de Milicent Patrick para colocá-la no seu devido lugar de pioneira na indústria cinematográfica de horror.

6. Julie Adams se machucou no set de filmagens

Ao longo de sua carreira, Julie Adams acumulou quase 150 créditos de filmes e programas televisivos. Contudo, até os dias de hoje a atriz continua sendo mais conhecida por interpretar Kay Lawrence, a protagonista que encanta a Criatura em O Monstro da Lagoa Negra. Em uma das cenas mais emblemáticas, o monstro carrega em seus braços uma Kay inconsciente, a sequestrando do mundo e a levando para uma caverna desconhecida. Apesar disso, a cena não foi nem um pouco agradável para Julie Adams. O set de filmagens estava praticamente congelando, então Adams se concentrou ao máximo para não tremer seu corpo enquanto era carregada por Ben Chapman. Como a visão periférica de Chapman era bastante limitada devido à máscara, ele acidentalmente bateu a cabeça da atriz em uma das rochas artificiais. Felizmente, a lesão não foi grave e as filmagens puderam ser rapidamente retomadas. Em uma entrevista, Adams chegou a comentar: “Eu estava sendo carregada, obviamente com os olhos fechados, e de repente, tinha um galo na cabeça”.

7. Os executivos do estúdio ficaram tão deslumbrados pelo tema musical

Quando chegou a hora de compor a trilha sonora de O Monstro da Lagoa Negra três compositores comandaram o projeto: Henry Mancini, Hans J. Salter e Herman Stein. O trio também ficou encarregado de criar um tema “agressivo” e memorável para a Criatura. Quando chegou a hora de exibir os resultados, os executivos da Universal ficaram tão satisfeitos com o efeito criado pela música temática que exigiram que ela fosse tocada toda vez que a Criatura aparecesse nas telas. Isso significa que a melodia é repetida cerca de 130 vezes ao longo do filme, de forma que os espectadores não vão encontrar uma única sequência com o Gill-man sem ela tocando ao fundo.

8. A Criatura não solta bolhas de ar debaixo da água!

Preste bastante atenção quando for assistir O Monstro da Lagoa Negra e perceba que a Criatura não solta bolhas de ar debaixo d’água, algo esperado já que se tratava de um ator utilizando um traje subaquático. Na verdade, isso aconteceu porque o diretor Jack Arnold foi inflexível sobre o fato de que a Criatura respirava através de suas brânquias e não dos pulmões, o que significava que nenhuma bolha de ar poderia estar presente. Esse aspecto meticuloso do personagem fez com que Ricou Browning segurasse a respiração por até 4 minutos de cada vez para evitar que bolhas de ar aparecessem nas filmagens.

9. Um ator conhecido por interpretar Frankenstein recusou o papel da Criatura

Embora Boris Karloff seja comumente lembrado como o intérprete mais famoso do monstro de Frankenstein, quando o ator se aposentou do papel, Glenn Strange assumiu a tarefa de dar vida ao personagem criado por Mary Shelley. De 1944 a 1948, Strange aterrorizou o público em três filmes da Universal: A Mansão de Frankenstein, O Retiro de Drácula e Às Voltas com Fantasmas. Alguns anos mais tarde, o estúdio entrou em contato com o ator oferecendo o papel da Criatura em O Monstro da Lagoa Negra. Contudo, como não era um bom nadador, Strange optou por recusar o papel, já que na época a Universal ainda não havia decidido ter dois atores diferentes interpretando o personagem.

**10. Sua sequência, A Revanche da Criatura, foi o primeiro filme de Clint Eastwood**

Satisfeita com o sucesso de bilheteria de O Monstro da Lagoa Negra, a Universal rapidamente autorizou uma sequência, que foi produzida em tempo recorde. Em 23 março de 1955, A Revanche da Criatura marcou o retorno de Gill-man aos cinemas e também a estreia de um nome que se tornaria bastante famoso em Hollywood alguns anos depois: Clint Eastwood. Embora sua aparição não tenha sido creditada, os fãs não deixaram de perceber que o diretor/ator aparece no filme como um assistente de laboratório. A experiência, inclusive, foi bastante inusitada para Eastwood. Retornando para comandar a sequência, o diretor Jack Arnold não se importou nem um pouco em dizer ao jovem ator que não queria filmar a cena em questão. Eventualmente, Arnold cedeu e as filmagens ocorreram, mas Eastwood nunca se esqueceu da experiência, relembrando: “Foi uma forma terrível de começar sua carreira de ator: entrar em um set e saber que o diretor odeia a sua cena. Portanto, você sabe que ele odeia você”.

Parte da coleção Monstros da Universal da DarkSide Books, O Monstro da Lagoa Negra Vive! homenageia o filme clássico de 1954 levando os leitores de volta às águas turvas da Amazônia. Já disponível na Loja Oficial DarkSide e no DarkApp, O Monstro da Lagoa Negra Vive! é um conto de suspense e reverência que aborda os embates entre civilização e selvageria, entre o medo do desconhecido e o fascínio pelo que não conseguimos domar, nos lembrando sempre que o horror emerge das profundezas.

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