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Kate Alice Marshall: “Eu queria saber o que acontece quando a ferida cicatriza de maneira errada”

Em vinda ao Brasil, autora de O que Está Lá Fora conversou com o DarkBlog

11/08/2025

Quais sensações uma floresta provoca em você? Para Kate Alice Marshall, que cresceu em áreas arborizadas, há o silêncio, o fascínio mas também um aspecto mais misterioso e assustador. Não é por acaso que ela se inspirou nas próprias memórias de infância para escrever O que Está Lá Fora, best-seller da coleção E.L.A.S — Especialistas Literárias na Anatomia do Suspense

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A escritora esteve recentemente no Brasil em eventos da DarkSide® Books na Bienal do Livro e concedeu uma entrevista exclusiva ao DarkBlog, falando sobre suas inspirações, a diferença de escrever para leitores mais jovens e mais maduros e, claro, sobre a experiência de estar perto dos leitores brasileiros. Confira a seguir:

DarkBlog: O que Está Lá Fora é uma história sobre crime, memória e trauma. O que te inspirou a abordar estes temas?

Kate Alice Marshall: O que Está Lá Fora surgiu a partir de duas inspirações principais. Uma delas foi menos traumática, eu tinha uma melhor amiga de infância, e nós tínhamos um jogo, um mundo imaginário criado por nós, e era tão imersivo e tão real. Nós queríamos tanto que ele fosse real que isso teve um certo poder sobre as nossas vidas. Nada sombrio surgiu a partir disso, mas como eu sou alguém que é atraída por histórias sinistras, eu fiquei intrigada com a ideia de como seria se aquilo tivesse se tornado mais intenso, e tivesse dado errado. E por muito tempo eu tive essa ideia deste grupo de meninas descobrindo um esqueleto na floresta, e nessa ideia original eu as imaginei dividindo-o e levando pedaços dele para casa. No centro de tudo havia a ideia delas como garotas místicas, crianças selvagens, era sobre as trevas dentro de jovens mulheres. Tentei escrever como se fosse uma história de adolescentes, mas não estava rendendo muito, então me dei conta de que eu precisava transformar aquilo que tinha acontecido como a fonte do trauma de uma personagem adulta, porque eu queria saber o que acontece quando a ferida cicatriza de maneira errada, quando não é uma cura verdadeira.

o que está lá fora

D: Naomi é uma sobrevivente marcada pela incerteza e por peças faltando. O que te levou a criar uma narradora que pode não ser completamente confiável?

KAM: Eu adoro personagens não confiáveis, principalmente quando são menos confiáveis para si próprios do que para os leitores. Sinto que a Naomi é uma personagem em que o leitor muitas vezes tem um melhor entendimento do que está acontecendo do que ela própria, porque há tanto dentro dela que ela se recusou a olhar. Eu adoro essa ideia de que o mistério em si é só metade da história, porque a personagem precisa solucioná-lo por conta própria para realmente encerrar o mistério. O verdadeiro mistério é quem esses personagens são e como podem viver e seguir em frente depois das coisas terríveis que aconteceram.

D: A floresta do livro dá a impressão de ser praticamente uma personagem. O que essa ambientação significa para você enquanto contadora de histórias?

KAM: Cresci numa área chamada de Noroeste do Pacífico, que é mais conhecida pelas suas chuvas frequentes, florestas e assassinos em série. Então me baseei muito na minha infância e nas minhas aventuras na floresta. Sempre adorei estar entre as árvores e a maneira como as suas formas, sons e iluminação criam um mundo completamente diferente. Mesmo se você estiver a poucos metros de casas dos subúrbios ou de uma estrada movimentada, há a sensação de que você está sozinha e isolada, e você poderia andar para sempre e não encontrar nada. 

D: Você começou a carreira escrevendo para audiências mais jovens. O que muda e o que permanece igual quando você escreve thrillers para leitores adultos?

KAM: Adoro variar entre as categorias de idade porque isso me permite focar em temas diferentes, e principalmente em diferentes tipos de personagens. Às vezes eu brinco que escrevo para adultos, porque eu escrevia todos esses livros para jovens, e penso “ok, o que eu poderia fazer agora para arruinar a vida dessas crianças?”. Adoro escrever para adultos e poder olhar para o que acontece quando um segredo foi guardado não por dezoito meses, mas por dezoito anos, e quando já se passou uma vida do amor que você perdeu e coisas assim. Escrevendo para jovens adultos você tem aquele imediatismo, o primeiro amor, a primeira perda e a intensidade de ser jovem. Adoro criar em cima dessas duas possibilidades.

o que está lá fora

D: Como tem sido para você ver o seu trabalho alcançar audiências brasileiras em uma língua diferente e em um contexto cultural distinto?

KAM: É incrível, e eu ainda não tinha me dado conta de que tantas pessoas estavam lendo em outra língua até eu vir para cá. Sempre que você vê os seus leitores em carne e osso tudo se torna muito real. Não são mais números numa planilha ou avaliações em um site, são pessoas reais se conectando e reagindo emocionalmente ao seu livro. Sentir isso com todo o corpo e todos os sentidos é alucinante.

D: Você teve alguma trilha sonora, uma imagem ou um sentimento que a ajudou a construir a atmosfera de O que Está Lá Fora?

KAM: Costumo escrever em silêncio total — exceto por alguns barulhos nojentos que os meus pets fazem. Assim consigo me voltar para dentro de mim mesma para ter aquela imagem central. Eu me inspirei muito em memórias, especialmente na memória da sensação de um lugar na floresta, viagens de acampamento ou de trilhas e nos lugares onde vivi. Para O que Está Lá Fora a maior parte dessas sensações envolveu silêncio, como quando você está na floresta e a neblina baixa, e há esse momento assustador em que o conhecido se torna desconhecido, foi nisso que eu me inspirei.

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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