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Leitores estão buscando mais livrarias e livros físicos

Pesquisa indica crescimento para 2025

28/01/2025

Para a maioria dos leitores, a livraria sempre teve uma espécie de aura mágica. Quem aqui nunca passou horas explorando os diferentes títulos e seções que a literatura nos reserva? Dentro de cada exemplar, uma história, uma lição aguarda ansiosamente para ser desvelada. São verdadeiros templos de adoração a apenas um deus: o livro. E a boa notícia é que as pessoas estão voltando a buscar mais por esses espaços.

Segundo pesquisas realizadas nos Estados Unidos, divulgadas pela Empower, as livrarias e livros físicos estão fazendo um verdadeiro retorno após uma temporada dominada por e-books, lojas on-line e, claro, a pandemia de covid-19. Esse movimento é observado paralelamente à popularidade dos clubes de leitura e aos planos do TikTok em publicar títulos impressos.

Um cenário bem diferente de cinco anos atrás, quando a pandemia se mostrou mais uma ameaça ao comércio físico, potencializando o crescimento dos e-books e compras on-line. O comportamento dos consumidores mudou significativamente durante as medidas de lockdown observadas em diversos países, recorrendo ao e-commerce em diferentes segmentos. Mas o cenário hoje está bem diferente.

Em busca de experiências e reconexão

Conforme a pandemia passou e as restrições passaram a ser retiradas, muitos leitores voltaram a espaços de convívio social, em busca de conexão com seus vizinhos e comunidades, e as livrarias locais foram um desses lugares.

Isso porque o período de isolamento gerou um anseio por experiências — e o crescimento significativo no setor do turismo prova isso. As livrarias físicas surgiram como uma resposta, mostrando-se experiências mais personalizadas, permitindo que as pessoas descubram títulos, toquem neles, folheiem suas páginas e contem com a indicação dos vendedores.

Por outro lado, há um movimento de “higiene digital”, em que as pessoas pretendem reduzir o seu tempo dedicado às telas. Os livros físicos são um verdadeiro refúgio das redes sociais e das incessantes notificações que nos perseguem nos dispositivos.

Esse crescimento do setor de livrarias físicas foi observado, por exemplo, pela American Booksellers Association, um grupo de livrarias independentes dos EUA, que relatou um crescimento anual de 11% no número de membros em 2024.

Muitas das livrarias independentes que surgiram desde a pandemia são norteadas por uma identidade marcante. Algumas focam em um gênero específico de livros, como romance, terror ou suspense. Há também aquelas que focam em questões sociais, como a diversidade ou se opondo ao banimento de certos títulos.

O papel das redes sociais

O advento das redes sociais e dos influenciadores digitais pode até ter “roubado” o tempo livre das pessoas, mas o movimento de influencers literários tem contribuído para a redescoberta dos livros e a popularização deles, principalmente no público mais jovem.

Depois dos Booktubers e dos Bookstans, influenciadores literários do YouTube e do Instagram, respectivamente, chegou a vez dos Booktokers, do TikTok. Sim, as vendas têm sido influenciadas por trends como a #BookTok.

A Barnes and Noble, uma importante rede de livrarias dos Estados Unidos, já começou a dedicar áreas específicas em suas mais de 600 lojas para os títulos que são tendência no TikTok. A própria rede social decidiu apoiar as livrarias tradicionais por meio de parcerias no Bookshop.org, um website que destina parte dos lucros a pequenas livrarias locais.

Ler: Uma experiência coletiva

Livros viraram tendência não apenas nos hábitos de consumo. Clubes de leitura estão se tornando cada vez mais populares, principalmente entre Millennials e a Gen Z, que buscam novos meios de socializar. A plataforma americana de ingressos em eventos Eventbrite observou um crescimento de 24% em participações em clubes de leitura em 2023, enquanto o Meetup registrou 10% de crescimento.

Diferentemente dos clubes tradicionais dos EUA, essas novas reuniões não se limitam mais à sala de estar de alguém, mas a lugares públicos, como cafés, bares e até como eventos de encontros românticos — ou seja, talvez seja a hora de desinstalar o Tinder e ler um livro.

Com isso, também tem sido observado o surgimento de bares e outros ambientes gastronômicos com temática de livros, oferecendo espaço para que os clientes possam comer, beber e ler seus livros à vontade até altas horas. São lugares em que os apaixonados por literatura podem socializar com drinks temáticos de livros, saborear petiscos que não vão sujar seus títulos e quem sabe até encontrar títulos à venda.

Certa vez Mark Twain disse que as notícias sobre a sua morte eram um exagero. Bom, diante de todo esse movimento que se mostra promissor para 2025, podemos dizer o mesmo dos livros. Em tempos de IA e plataformas onde tudo virou “conteúdo”, a literatura resiste como arte e como uma experiência essencialmente humana.