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Maníaco: 6 diferenças entre o original e o remake

Além da caracterização do protagonista, descubra o que diferencia as duas versões

18/11/2025

Em 1980, em meio à febre dos filmes slashers, o mundo do terror foi surpreendido por uma produção inusitada que mostrava que nem todo grande antagonista precisava usar uma máscara. Dirigido por William Lustig, com roteiro de CA Rosenberg e Joe Spinell, Maníaco conta a história de Frank Zito, um homem traumatizado que tenta colar os cacos da própria sanidade com sangue alheio. Vivendo em Nova York, ele leva sua obsessão por manequins e cabelos femininos à outro patamar quando começa a assassinar e escalpelar jovens mulheres. 

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Enquanto se inseriu no mundo dos slashers com maestria, Maníaco trouxe alguns elementos bastante originais para o subgênero. Para começo de conversa, Frank Zito não era uma lenda urbana. Não era um monstro corpulento, não precisava de data comemorativa para matar e sua presença não era anunciada por uma trilha sonora icônica. Zito, vivido pelo próprio Spinell, era um cara relativamente comum. Entre seus altos e baixos, ele está atrás de nós no banco metrô, na fila do banco e pode até mesmo ser nosso vizinho de porta. É justamente sua humanidade que o transformou em um dos personagens mais desconcertantes da história do cinema de terror. 

Uma obra-prima do cinema slasher, frequentemente citado como um dos melhores da década, Maníaco agora ganha uma novelização pelas mãos de Stéphane Bourgoin. Uma parceria da DarkSide® Books com a Macabra Filmes, a obra convida o leitor para dentro da mente perturbada – e profundamente humana – de Frank Zito. Com linguagem crua e atmosfera sufocante, Maníaco recria de forma subversiva, grotesca e melancólica o filme de William Lustig, oferecendo uma experiência arrepiante para todos os leitores que ousarem explorarem essa escuridão. 

É claro que como todo grande clássico, Maníaco também ganhou uma refilmagem algumas décadas depois de sua estreia nas telonas. Dirigido por Franck Khalfoun, com roteiro de Alexandre Aja e Grégory Levasseur, o remake homônimo de 2012 foi protagonizado por Elijah Wood, arrancando elogios dos críticos e dos fãs. Alcançando destaque por ser simultaneamente um ótimo filme de terror e uma excelente releitura da obra original, Maníaco é constantemente citado como uma das melhores refilmagens já feitas no gênero. 

No entanto, isso não significa que os dois filmes são exatamente iguais. Muito pelo contrário! Enquanto o remake manteve grande parte da essência e dos conceitos do filme de Lusting, ele também optou por liberdades criativas, as quais criaram uma experiência bastante diferente. Por isso, a Caveira listou as diferenças entre o longa original e sua refilmagem para você conhecer. 

1. Caracterização de Frank Zito 

Talvez uma das maiores diferenças entre o original e o remake de Maníaco é a caracterização do personagem principal, Frank Zito. No filme de 1980, Zito, interpretado por Joe Spinell, é um homem corpulento, perturbado e violento. No entanto, assim que a matança termina, ele é atingido por sua própria consciência, a qual interrompe seus atos de violência com divagações, murmúrios e soluços. A atuação de Spinell trouxe uma fisicalidade bruta, suja e realista ao personagem. O ator consegue alternar entre um semblante ensandecido – marcado por dentes cerrados e um olhar penetrante – e suspiros de dor e gritos desesperados, revelando assim o sofrimento interno de Frank.  

O Maníaco 1980

Por outro lado, no remake de 2012, o personagem foi vivido por Elijah Wood, que não possuía o físico imponente de Spinell, inclusive contando com uma aparência mais inocente. Contudo, Wood compensou essa diferença de maneira bastante original. Seus traços infantis, seu olhar vago e gritos agudos apresentam mais diretamente o trauma que Frank sofreu quando era criança, sugerindo que ele nunca aprendeu a processar o que aconteceu. Desta forma, a interpretação de Wood é mais contida e internalizada, explorando ainda mais o sofrimento e trauma do personagem e criando um contraste entre aparência e comportamento. 

O Maníaco 2012

2. Ambientação da história

No filme original, a história se passa na cidade de Nova York, a qual funciona como um personagem secundário da trama. A atmosfera urbana, suja, violenta e decadente típica dos anos 70 e 80 mescla perfeitamente com as andanças de Frank, que transita entre diversos bairros famosos como Manhattan, Queens e Brooklyn, transformando a cidade em um cemitério a céu aberto.

Já no remake, Nova York é substituída por Los Angeles, a qual confere uma estética mais artística ao filme. Segundo o diretor Franck Khalfoun, Los Angeles parecia um cenário mais lógico para o personagem, um artista que eventualmente conhece e se envolve com uma fotógrafa.  Além disso, segundo o cineasta, enquanto Nova York passou por uma certa revitalização, Los Angeles manteve parte de seu passado decadente, principalmente no centro da cidade, o qual mistura pessoas em situação de rua, artistas e pessoas ricas. Para Khalfoun, esse cenário representaria um ótimo lugar para um caçador encontrar suas vítimas, simbolizando também a própria essência de Frank: um homem perdido no passado, tentando encontrar uma nova identidade para se libertar dos traumas. 

3. O relacionamento do personagem com Anna, seu interesse amoroso

Anne 1980

Ambos os filmes retratam Frank como uma espécie de “artista” que eventualmente se envolve com Anna, uma fotógrafa. O relacionamento entre os dois é fundamental para a história, destacando elementos da personalidade do protagonista e suas tentativas frustradas de fazer parte da sociedade e encontrar o amor.  No entanto, a abordagem dos filmes em relação a esse relacionamento é bastante distinta. No original, Anna, vivida por Caroline Munro, é apresentada bem mais tarde no filme – com mais da metade do tempo de duração – e o relacionamento dos dois fornece poucas informações adicionais sobre Frank. Nesse sentido, suas discussões e visões sobre arte não destacam os motivos subjacentes que levam Frank a caçar mulheres e utilizar seus escalpos para recriá-las como manequins. 

O remake, por outro lado, capitaliza muito mais nessa oportunidade. Além de apresentar Anna, interpretada por Nora Arnezeder, muito mais rapidamente, com quase menos de quinze minutos de filme, Maníaco a torna uma peça fundamental para entendermos o conflito interno de Frank, proporcionando assim uma visão mais profunda do que o leva a cometer estes crimes bárbaros. Aqui, Anna é essencial para entendermos o anseio desesperado do protagonista por um relacionamento com uma mulher real, algo recorrentemente interrompido por seus conflitos internos. Além disso, a personagem também nos ajuda a compreender o laço entre Frank e seus manequins. Quando tira fotos deles, ela afirma querer “trazê-los à vida com luz”, comentário que ressalta o fato de Frank lhes fornecer vida com escuridão e morte. Desta forma, o remake de Maníaco utiliza o relacionamento entre os dois, assim como suas conversas e visões sobre arte, como uma forma de destacar o drama e a escuridão que envolve a vida do personagem principal. 

4. Estilo de direção

Enquanto Frank Zito é o foco exclusivo dos dois filmes, a forma pela qual isso é mostrado nas telas é muito diferente. Com um orçamento escasso de 350 mil dólares, o longa de 1980 possui uma estética muito mais crua, seguindo a tradição de filmes de horror de baixo orçamento e do cinema exploitation da época. Como a produção não tinha dinheiro para fechar quarteirões na cidade de Nova York, a equipe precisou filmar discretamente os ambientes enquanto estes estavam ocupados por pessoas comuns, o que confere ao longa uma qualidade mais urbana, suja e real. Aqui, o diretor William Lustig também emprega a tradicional câmera em terceira pessoa, seguindo o protagonista de forma externa tal qual um observador invisível, o que torna o filme um estudo de personagem de Frank Zito e o separa do público. Além disso, Maníaco é marcado pelo uso de câmeras de mão, as quais resultam em uma sensação desconfortável e inquietante, como se estivéssemos vendo algo que não deveríamos, tal qual um voyeur.

O Maníaco 1980

O filme de 2012 aborda a questão do voyeurismo de forma completamente diferente, sendo quase inteiramente contado e mostrado pelos olhos de Frank. Provocando uma imersão sensorial e emocional, isso faz com que o espectador enxergue o mundo pela sua perspectiva, como se estivesse participando diretamente de seus atos perturbadores. Desta forma, temos apenas vislumbres de Frank ao longo do filme, o enxergando em espelhos e ocasionais confusões entre o mundo real e a fantasia. Além disso, o remake contou com um orçamento de cerca de 6 milhões de dólares, valor muito maior do que o de seu antecessor. A partir disso, Khalfoun também optou por um estilo diferente de filmagem, mais estilizado e visualmente polido, utilizando cores saturadas, sequências oníricas, efeitos visuais e múltiplas tomadas, as quais conferem uma qualidade mais profissional e sofisticada ao remake. 

O maníaco 2012

5. Aprofundamento psicológico no passado de Frank

O passado traumático de Frank é crucial para a história de Maníaco. No entanto, ele é abordado de forma distinta pelos dois filmes. No longa original, o passado do personagem é amplamente contado, mas não mostrado. Com exceção de alguns detalhes – como uma cicatriz no peito e uma terrível alucinação que acontece em um cemitério – grande parte do relacionamento de Frank com a mãe é contada de forma indireta ao espectador, principalmente por meio de divagações e conversas que o protagonista tem consigo mesmo. 

Por outro lado, o remake de 2012 dá mais ênfase à psicologia de Frank, explorando com maior profundidade seus traumas infantis. Desta maneira, o longa mergulha na situação do personagem e sua inabilidade de processar o passado. O remake também faz com que Frank tenha mais reconhecimento de suas ações, algo exemplificado pelo uso de medicamentos para suprimir episódios psicóticos e sua luta para contê-los na presença de seu interesse amoroso. Por ser filmado na perspectiva do personagem, suas alucinações e delírios são mostrados de forma mais vivida, nos oferecendo uma visão mais aprofundada de como Frank se sente. 

6. O uso da violência

É claro que enquanto filmes de terror que acompanham um assassino perturbado que escalpela suas vítimas, as duas versões Maníaco são bastante violentas. Contudo, a forma como as produções utilizam essa violência e seus efeitos especiais difere imensamente. O longa original é recheado de cenas gráficas e viscerais, se beneficiando dos efeitos práticos criados pela lenda da maquiagem, Tom Savini. Com escalpelamento, cortes e tiros na cabeça, o gore de Maníaco é extremamente realista e sujo, algo que chocou o público na época de seu lançamento. Contudo, aqui Frank leva o mínimo de tempo possível para realizar seus atos macabros, atuando como um oportunista cujo objetivo final é tirar a vida de sua vítima. Nesse sentido, o escalpelamento surge como um algo secundário para o personagem. 

Maníaco 2012

Igualmente violento, o filme de 2012 reveste os assassinatos de Frank com um sadismo mais deliberado. Muitas mortes são prolongadas o máximo possível, seja pelo cuidado equivocado do personagem durante o ato de violência ou seu desejo de infligir sofrimento às suas vítimas. Nesse sentido, o remake mantém os efeitos práticos, mas posiciona o escalpelamento como algo ligado diretamente à lembranças de Frank, o que entrega momentos perturbadores e sangrentos. Junto de sua abordagem mais artística e até surreal da violência, Maníaco também se beneficia da perspectiva em primeira pessoa, transformando a violência do personagem em algo muito mais íntimo. 

O medo tem um rosto e não usa máscara

Explorando a escuridão que pode habitar em qualquer um de nós, ambas as versões de Maníaco têm seus pontos fortes, conseguindo nos envolver na história perturbadora e sangrenta de Frank Zito. Agora os filmes, que mostram a vitalidade do roteiro original de CA Rosenberg e Joe Spinell, são complementados pela novelização feita por Stéphane Bourgoin, lançamento da DarkSide® Books em parceria com a Macabra Filmes. 

Maníaco

Uma homenagem a um dos filmes impactantes dos anos 1980, Maníaco integra a coleção DarkRewind, que resgata os grandes clássicos do horror trash, do gore e da nostalgia adolescente. Reinventando narrativas cruas e transgressoras que marcaram uma década, a coleção é um prato cheio para os fãs do gênero. Mostrando que os monstros vão muito além da superfície, Maníaco é uma obra subversiva, visceral e grotesca que nos transporta diretamente para a mente, dor e loucura de Frank Zito, lembrando que mesmo tanto tempo depois, ele ainda é capaz de provocar arrepios até mesmo nos leitores mais corajosos. 

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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