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Lançamento: Memórias Póstumas de Brás Cubas, por Machado de Assis

Um epitáfio vivo da condição humana

08/04/2025

Memórias Póstumas de Brás Cubas é uma obra-prima mundial da literatura realista e uma das mais ousadas experiências narrativas já produzidas em língua portuguesa. Com sua pena afiada e visão desencantada da vida, o defunto-autor criado por Machado de Assis narra suas memórias e expõe com ironia brutal as vaidades, os fracassos e a hipocrisia da elite brasileira do século XIX — um espelho incômodo que ainda reflete o Brasil de hoje. A DarkSide® Books orgulhosamente apresenta a sua nova edição para este clássico que atravessa gerações e reacende o poder insólito de uma história contada por quem já passou desta para melhor — ou quase.

Publicado em 1881, Memórias Póstumas de Brás Cubas foi escrito após uma reestruturação existencial do escritor, por sua vez antecedida pela perda de todas as ilusões que ele mantinha em relação ao ser humano. Com este livro, o grande romancista se afastou das idealizações românticas, abandonando o narrador onisciente, o que causou grande impacto à época.

Em Memórias Póstumas, narrada pelo defunto-autor, conhecemos a vida do indolente Brás Cubas, cujo grande e inconcluso projeto era a criação de um medicamento “destinado a aliviar a nossa melancólica humanidade”, o Emplasto Brás Cubas. A real motivação, oculta sob o disfarce da filantropia, segundo suas próprias palavras, era o desejo de se tornar conhecido por todos. O personagem levou uma vida desregrada. Bacharelou-se em direito em Coimbra, Portugal — como faziam os membros da elite brasileira da época — sem jamais exercer a profissão. Não trabalhava e entrou para a política em busca das benesses que ela proporciona. 

brás cubas

Esta edição de Memórias Póstumas de Brás Cubas que a DarkSide® Books apresenta — à altura do tratamento que merece a obra do Bruxo do Cosme Velho — inclui desenhos de Lorde Jimmy, já conhecido dos leitores pelas belíssimas ilustrações que criou para a nossa edição de Pinóquio (2022). O traço expressionista do artista pernambucano propõe um diálogo com a obra machadiana, ressaltando a ironia amarga do universo fantástico de Brás Cubas.

Além do texto integral e das belas ilustrações, Memórias Póstumas de Brás Cubas traz um instigante e provocativo posfácio de Enéias Tavares, autor de livros que reinventam alguns heróis machadianos — Parthenon Místico (2020) e Lição de Anatomia (2022), ambos publicados pela DarkSide® Books —, além da pesquisa que deu origem ao livro Fantástico Brasileiro (2018), em coautoria com Bruno Anselmi Matangrano. No texto, ele convida o leitor a olhar o romance sob uma nova luz: a do insólito literário. Ao explorar a quebra de expectativas realistas e a ironia afiada de Machado, ele propõe uma aproximação entre o universo fantástico e o olhar desencantado do defunto-autor. No outro paratexto que acompanha a edição, a pesquisadora e psicóloga Ana Paula Costa propõe uma reflexão diversa, que parte da tanatologia — o estudo da morte —, revelando como Brás Cubas, esse homem vaidoso e fracassado, espelha a mediocridade de sua classe. Suas memórias irônicas seguem ecoando uma pergunta incômoda: estamos prontos para ouvir o que os mortos e o passado têm a nos dizer?

Até hoje não superado, Machado de Assis, nosso maior escritor, construiu um dos mais agudos e fiéis retratos da sociedade brasileira. Sua obra, pontilhada de ironia e reflexões graves, continua muito atual e atravessa o tempo como uma ferida aberta, escancarando as vaidades, a mediocridade e os vícios de uma elite que pouco mudou. Ler Machado é encarar o Brasil no espelho. Memórias Póstumas de Brás Cubas é uma obra-prima ácida: um defunto-autor, zero romantismo e um tapa na cara da nossa sociedade. Sarcasmo, deboche e verdades cruas que ainda colam no hoje. Leitura obrigatória pra quem curte um clássico que está mais vivo do que nunca.

brás cubas

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu na Ladeira do Livramento, no Centro do Rio de Janeiro, em 1839. Negro, de ascendência africana e açoriana, cresceu na chácara de uma família de portugueses, com alguma oportunidade que a ampla maioria dos seus não chegou nem perto de ter. Aos 16 anos, passa a frequentar a livraria do jornalista e tipógrafo Francisco de Paula Brito, que publica alguns dos seus primeiros poemas e lhe dá seu primeiro emprego. Entre 1856 e 1858, começa como aprendiz de tipógrafo e revisor na Imprensa Nacional, onde contou com a ajuda e o incentivo de Manuel Antônio de Almeida, autor de Memórias de um Sargento de Milícias. Trabalha como repórter no Diário do Rio de Janeiro entre 1860 e 1867, além de colaborar com a variada e abundante imprensa da época, sobretudo como crítico teatral. Em 1867, é nomeado diretor assistente do Diário Oficial por D. Pedro II, o primeiro de diversos cargos públicos, seguido de ocupações no Ministério da Agricultura, do Comércio e das Obras Públicas. Seu primeiro romance, Ressurreição, é publicado em 1872, seguido por A Mão e a Luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878), relacionados à escola romântica. Segundo a crítica consagrada, seu período realista tem início em 1881, com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, e segue com seus quatro derradeiros romances, Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908), este último no ano de sua morte. Além dos romances, o autor produziu em torno de duzentos contos, uma dezena de peças teatrais, coletâneas de poemas e sonetos e pelo menos seiscentas crônicas. Sua obra, porém, não pode ser resumida como apenas romântica ou realista. Como vimos na antologia Medo Imortal (DarkSide® Books, 2019), ele também produziu histórias fantásticas e sobrenaturais, algumas delas entre os melhores escritos que saíram de sua pena. A DarkSide® também publicou a antologia original Machado, a Cidade e seus Pecados (2022), que reúne contos, novelas e fragmentos de romances do autor com um diálogo natural entre os pecados capitais e os pecadores. De certeza, sabemos apenas que Machado de Assis é um dos poucos autores transversais e fundamentais para a formação da literatura brasileira no século XIX, um escritor incontornável para aqueles que desejam compreender a nossa imensa e crescente produção literária, considerado hoje um dos mestres universais, ao lado de Dante, Shakespeare e Camões.

“O ponto mais alto e mais equilibrado da prosa realista brasileira acha-se na ficção de Machado de Assis.” — Alfredo Bosi, História Concisa da Literatura Brasileira

“A linguagem, sempre adequada a cada gênero, apresenta-se, contudo, com traços frequentes e dominantes que a uniformizam. A palavra, visando ao máximo de precisão, integra uma expressão concisa, inequívoca, que se ajusta à reflexão e à análise, atingindo o perfeito equilíbrio clássico. Não obstante, no subsolo do universo criado, movem-se intactas as ambiguidades e as contradições da alma.” — Antonio Candido, Presença da Literatura Brasileira

“Machado é um escritor em quem o aspecto fortemente retórico do estilo, longe de lesar, reforça a energia mimética da linguagem, o seu poder de imitar, de fingir (ficção) efetivamente a variedade concreta da vida.” — José Guilherme Merquior, De Anchieta a Euclides

“Machado de Assis não fazia descrições para acumular detalhes, para desperdiçar papeis. Tudo em suas melhores obras tem uma razão de ser; é como um motivo musical, um Leitmotif que vai e volta ao longo da ópera das vidas.” — Daniel Piza, Quem é Capitu?

“O gênio da ironia propiciou-nos poucos exemplos à altura do escritor afrobrasileiro Machado de Assis, a meu ver, o maior literato negro surgido até o presente.” — Harold Bloom, Gênio

“Preciso ter uma conversinha com os brasileiros. Por que não me avisaram antes que este é o melhor livro já escrito? O que vou fazer do resto da minha vida depois que terminá-lo? Agora tenho que aprender português” — Courtney Henning Novak, escritora e podcaster

“Sempre que releio Memórias Póstumas, descubro em novos detalhes a mediocridade do sinhozinho Brás Cubas, a tolice de seu emplasto miraculoso, as canalhices contra mulheres e amigos […]. Não dá para deixar de lado a sensação de que Machado de Assis, um neto de escravos, gago e epilético, agregado em casa de fidalgos, escreveu este livro com um sorrisinho no canto da boca.” — Isabella Lubrano, Ler Antes de Morrer

FICHA TÉCNICA

Título | Memórias Póstumas de Brás Cubas  
Autor | Machado de Assis
Ilustrador | Lorde Jimmy
Editora | DarkSide® Books
Marca | Medo Clássico
Edição | 1ª
Idioma | Português
Especificações | 16 x 23 cm, 320 páginas, capa dura
ISBN | 978-65-5598-516-0
Faixa etária | Livre

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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