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O que é um assassino copycat?

A Caveira te conta e dá cinco exemplos

10/06/2025

Você provavelmente já ouviu falar dos crimes brutais de Charles Manson, Jeffrey Dahmer e Ed Kemper, assim como de diversos outros assassinos infames que deixaram cicatrizes dolorosas por onde passaram. Para a grande maioria das pessoas, tais indivíduos são exemplos da perversidade e crueldade humana, de forma que desejamos ficar o mais longe possível deles. No entanto, para uma pequena parcela da população, eles são modelos a serem seguidos, com seus crimes servindo de inspiração para novos atos de violência.

Essa questão é o ponto de partida de O Colecionador de Monstros, livro de estreia de Sam Holland que chegou a DarkSide® Books na terceira temporada do projeto especial E.L.A.S. – Especialistas Literárias na Anatomia do Suspense. Na trama, um serial killer à solta reproduz os métodos brutais de outros assassinos infames, como Manson e Dahmer, tendo como objetivo construir a coleção perfeita onde cada vida ceifada é um troféu que homenageia esses monstros.

No centro disso está Jessica Ambrose, uma mulher injustamente acusada de ser a responsável pelo incêndio que matou seu marido e deixou sua filha gravemente ferida. Para provar sua inocência, ela precisa fugir, descobrindo então uma ligação chocante entre o seu caso e o do assassino copycat. Em paralelo, a detetive Karen Elliott está determinada a descobrir a verdade, mergulhando em um jogo mortal de pistas e mentiras que lentamente a aproximam desse assassino frio e calculista.

Um thriller psicológico fenomenal, O Colecionador de Monstros leva o leitor por uma história cheia de referências a assassinos reais e uma trama que expõe o lado mais perturbador da mente humana. Para escrever a obra, Sam Holland realizou um extenso trabalho de pesquisa, não apenas explorando casos e assassinos reais, como também utilizando o conceito de assassino copycat.

**O que é um assassino copycat?**

Um assassino copycat ou um crime copycat é um ato criminoso modelado ou inspirado por um crime anterior, o qual pode ter sido divulgado por meios de comunicação ou criado por alguma narrativa ficcional, como filmes e livros. Na verdade, poucos crimes copycat são réplicas exatas. Na grande maioria das vezes, o imitador copia certos elementos do crime original, como motivação, técnica ou até mesmo escolha do cenário.

Contudo, criminólogos e psiquiatras apontam que é fácil confundir e categorizar alguns crimes como sendo copycat. Isso pode acontecer por semelhanças, coincidências e até mesmo um certo foco da mídia, o qual pode dar a impressão de existir uma onda de imitadores quando, na verdade, há apenas um aumento na cobertura e divulgação de crimes similares. É justamente por esses motivos, além de variações geográficas, temporais e circunstanciais, que os crimes copycat são tão difíceis de serem detectados. Segundo especialistas, existe apenas uma única maneira de determinar se um criminoso é realmente um copycat: prendê-lo e descobrir porque ele fez isso.

Assassinos realmente copiam uns aos outros?

Não apenas assassinos. De acordo com uma pesquisa conduzida pelo professor Ray Surette com 574 detentos e detentas, 22% desses prisioneiros admitiram ter cometido um crime copycat, sendo que um em cada cinco era um crime violento. A pesquisa de Surette também revelou que homens são mais propensos à imitação, principalmente no início de sua carreira criminal.

Além disso, aproximadamente 20% dos detentos revelaram ter encontrado na mídia um recurso valioso para aprender como cometer o crime, sendo que um em cada seis entrevistados afirmou ter sido atraído por histórias relacionadas a crimes. No entanto, não se deixe enganar: a pesquisa também revela que nenhuma cobertura midiática é capaz de influenciar totalmente alguém a cometer um crime. O que o estudo mostra é como pessoas predispostas à violência ou mentalmente instáveis podem ser influenciadas a copiar um crime já existente. Nesse sentido, a cobertura midiática é vista muito mais como um leme do que como um gatilho, fornecendo ao indivíduo a direção de um caminho que ele já começou a percorrer.

Segundo Jacqueline Helfgott, professora de justiça criminal na Universidade de Seattle e especialista em psicopatia e crimes copycat, o “efeito copycat” ainda é pouco explorado na criminologia, sendo que psicopatas são os mais influenciados. De acordo com ela, psicopatas possuem distúrbios de identidade, o que os levam a imitar outras pessoas. Por não terem apego humano nem remorso, eles estão frequentemente procurando identidades para serem incorporadas a sua, sendo suscetíveis a outros criminosos notórios. A falta de empatia, junto ao desejo de se misturar na sociedade, pode se tornar uma receita de violência extrema quando combinada ao espírito competitivo de um psicopata.

De acordo com Randy McAlister, que já trabalhou com o FBI e atualmente dirige uma empresa focada em análise de ameaças comportamentais, pessoas que cometem crimes copycats já estão à beira de cometer um ato de violência. Elas ficam empoderadas pelo que estão assistindo, seja na mídia ou nas redes sociais, sentindo que fazem parte de um roteiro ou uma comunidade, querendo se identificar com isso ou até mesmo atrair a atenção que o crime original recebeu.

Enquanto a grande maioria dos crimes copycat ocorrem dentro de dois anos após o original, eles podem acontecer dentro de qualquer período temporal, não existindo uma regra rígida para a categorização. Segundo McAlister, por exemplo, especialistas acreditam que ataques copycats são mais frequentes apenas algumas semanas após um incidente com múltiplas vítimas e grande repercussão midiática, como um massacre escolar, por exemplo.

Conheça agora alguns assassinos copycats que, assim como o serial killer de O Colecionador de Monstros, ficaram famosos por copiar outros criminosos:

Eddie Seda: copycat do Zodíaco

No final da década de 1960, a região de São Francisco, na Califórnia, foi aterrorizada por uma série de assassinatos cometidos por um indivíduo conhecido como Zodíaco. Responsável pela morte de pelo menos cinco pessoas, o serial killer ficou famoso por enviar aos jornais cartas provocativas e códigos criptográficos. Considerado um dos assassinos mais famosos da história, o Zodíaco nunca foi preso e sua identidade permanece um mistério até hoje.

Vinte anos depois, em 1990, na cidade de Nova York, Heriberto “Eddie” Seda começou uma onda de crimes semelhantes. Em um período de três anos, o copycat atirou fatalmente em três pessoas e feriu gravemente outras seis. Assim como o Zodíaco original, ele enviou mensagens ameaçadoras para a polícia e publicou cartas criptografadas nos jornais. O assassino acabou preso em 1996 quando atirou em sua meia-irmã, que sobreviveu ao ataque. Após a captura, a polícia notou semelhanças entre sua caligrafia e as cartas anônimas enviadas alguns anos antes, encontrando também evidências de DNA e impressões digitais que o conectavam aos crimes copycats. Seda foi então julgado e condenado a 238 anos de prisão.

Derek Brown: copycat de Jack, o Estripador

120 anos depois de Jack, o Estripador cometer seus crimes, um homem de 47 anos resolveu seguir seus passos e métodos. Em 2008, Derek Brown foi condenado por assassinar duas mulheres, cujos corpos nunca foram recuperados. Assim como Jack, o Estripador, o copycat encontrou suas vítimas na área de Whitechapel, no leste de Londres, selecionando mulheres em situação de vulnerabilidade, acreditando que seus desaparecimentos não seriam notados.

Em agosto daquele ano, Brown assassinou Xiao Mei Guo, uma vendedora ambulante de 29 anos, e Bonnie Barret, uma trabalhadora do sexo de 26 anos. Embora seus corpos nunca tenham sido encontrados, as duas vítimas foram filmadas com o assassino no dia em que desapareceram e a polícia encontrou posteriormente evidências abundantes, incluindo grandes quantidades de sangue das mulheres, no apartamento de Brown. Enquanto os investigadores encontraram rastros por toda a residência, a maior concentração de sangue foi detectada no banheiro, o que levou a polícia a acreditar que o assassino desmembrou suas vítimas na banheira. A partir disso, Brown foi condenado a 30 anos de prisão pelos assassinatos, sendo que após sua captura o assassino foi ligado a outras seis agressões sexuais não resolvidas.

Michael Madison: copycat do “Estrangulador de Cleveland”

Nascido em Cleveland, no estado de Ohio, Michael Madison cometeu seus crimes inspirado em Anthony Sowell, um assassino em série local que ficou conhecido como o “Estrangulador de Cleveland”. Responsável pela morte de 11 mulheres entre 2007 e 2009, Sowell foi preso e condenado à morte em 2011. No entanto, menos de quatro anos depois, Michael Madison se “inspirou” no assassino para cometer seus próprios crimes.

Em um período de nove meses, entre 2012 e 2013, Madison assassinou pelo menos três mulheres, cujos corpos foram abandonados a poucos quilômetros de onde Sowell havia deixado suas 11 vítimas alguns anos antes. De acordo com a ex-namorada do copycat, ele era aficionado pelo caso do “Estrangulador de Cleveland”, idolatrando Sowell e expressando enorme simpatia pelo criminoso, chegando até mesmo a chorar com sua condenação em 2011.

Copycats do Assassinatos com Tylenol em Chicago

Em 1982, a confiança do público em medicamentos que não exigiam receita foi drasticamente abalada quando sete pessoas morreram nos arredores de Chicago. O motivo? Todas elas tomaram cápsulas de Tylenol extraforte, as quais mais tarde revelaram estar contaminadas com cianeto. O pânico foi prontamente disseminado, com milhões de medicamentos sendo retirados das prateleiras às pressas. Embora um homem tenha sido preso por enviar uma nota de extorsão a Johnson & Johnson, empresa fabricante do medicamento, o caso nunca foi resolvido e permanece aberto até hoje, sendo discutido no documentário da Netflix, Caso Arquivado: Os Assassinatos do Tylenol.

A ampla publicidade, que levou a mudanças drásticas na forma como medicamentos eram embalados, levou a alguns imitadores ao longo dos anos. No final da década de 1980, duas pessoas morreram no estado de Washington após ingerirem cápsulas de Excedrin, um analgésico, que mais tarde revelaram estar contaminado com cianeto. No entanto, neste caso, a responsável pelas mortes foi descoberta. Stella Nickel, esposa de uma das vítimas, foi considerada culpada pela adulteração do produto e condenada a 80 anos de prisão. Já em 1993, outro copycat foi descoberto quando Joseph Meling tentou assassinar a própria esposa adulterando Sudafed, um descongestionante nasal, com cianeto. Meling não conseguiu acabar com a vida da esposa, mas assassinou dois estranhos, sendo então condenado à prisão perpétua.

Copycats do Massacre de Columbine

O dia 20 de abril de 1999 deixou uma cicatriz na história dos Estados Unidos quando dois alunos da Columbine High School, localizada em Littleton, no Colorado, entraram armados no campus escolar e assassinaram 13 pessoas, ferindo outras 23. O caso, que é minuciosamente abordado por Dave Cullen em Columbine, considerada a obra definitiva sobre o tema, foi um dos primeiros a ser transmitido ao vivo pela televisão, ganhando notoriedade e infelizmente gerando inúmeros outros ataques. Embora o Massacre de Columbine esteja longe de ser o primeiro caso do tipo, desde que a tragédia aconteceu, o FBI estima que mais de 80 conspirações ou ataques foram inspirados pelos eventos do dia 20 de abril, incluindo o Massacre de Virginia Tech em 2007 e o Massacre de Suzano em 2019.