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Personagens mais manipuladores da ficção

Inteligentes, carismáticos, convincentes

29/04/2025

A palavra “manipulador” instantaneamente traz uma conotação negativa. Afinal, manipular uma pessoa não implica apenas convencê-la a fazer algo, mas também usar diferentes estratégias e artimanhas para induzir, moldar e até mesmo controlar os indivíduos e eventos com o objetivo de alcançar benefícios próprios. É exatamente por isso, que quando pensamos em manipuladores do mundo da ficção imediatamente lembramos de personagens que assumem a função de antagonistas nas tramas.

Contudo, eles estão longe de serem os vilões clássicos com os quais estamos acostumados. Inteligentes, carismáticos, convincentes e com personalidades implacáveis, estes personagens raramente expõem seus objetivos e planos, os quais sempre são muito mais sinistros do que originalmente imaginamos. Seja trabalhando em segundo plano ou enganando todos bem debaixo de seus narizes, eles comandam o show e influenciam os personagens a agirem a seu favor. É justamente por isso que tais antagonistas são tão fascinantes e continuam povoando a cultura popular. De magnatas misteriosos a assassinos em série, a Caveira preparou uma lista com dez dos personagens mais manipuladores da ficção para você conferir.

Maurice Conchis, de O Mago

Publicado originalmente em 1965, O Mago é um romance escrito pelo britânico John Fowles que conta a história de Nicholas Urfe, um jovem inglês que aceita um cargo de professor em uma remota ilha grega. Lá, ele faz amizade com Maurice Conchis, um homem rico e enigmático que vive em uma grande propriedade. No entanto, a amizade entre os dois logo se transforma em um jogo mortal, no qual as linhas entre realidade e fantasia são deliberadamente desfocadas.

Por trás de tudo está Conchis, um mestre manipulador que gosta de criar jogos psicológicos para explorar os lados mais perturbadores da natureza humana. Publicado pela DarkSide Books, O Mago é um ousado thriller literário que explora temas como manipulação de emoções e informações, amor e erotismo, levando o leitor por um quebra-cabeça que desafia nossas percepções de verdade e identidade.

Coringa, de Batman: O Cavaleiro das Trevas

Um dos maiores vilões das histórias em quadrinhos, o Coringa fez sua estreia literária em 1940 e com o passar dos anos foi interpretado de maneira icônica por diferentes atores no cinema e na televisão. Em 2008, em Batman: O Cavaleiro das Trevas, o personagem ganhou uma de suas versões mais manipuladoras pelas mãos de Heath Ledger. O Coringa de Ledger faz com que todos pensem que ele está planejando algo, apenas para revelar, quando já for tarde demais, que na verdade estava orquestrando outra coisa infinitamente pior.

Imprevisível, ele comete os crimes mais hediondos, manipula o destino dos indivíduos e mesmo quando parece ser derrotado ao final, suas ações e jogos mentais continuam mexendo com suas vítimas. Um de seus maiores atos de manipulação é justamente transformar o mocinho de Gotham, Harvey Dent, no famoso Duas-Caras. Não é coincidência que o coringa seja uma das cartas mais imprevisíveis do baralho…

John Doe, de Se7en: Os Sete Crimes Capitais

Ambientado em uma cidade sem nome, Se7en: Os Sete Crimes Capitais acompanha uma dupla de detetives, o tenente William Somerset (Morgan Freeman) e o recém-transferido David Mills (Brad Pitt), tentando impedir que um assassino em série continue cometendo crimes inspirado nos sete pecados capitais. No entanto, quando os dois acreditam finalmente ter capturado o enigmático serial killer, conhecido como John Doe, eles descobrem que o antagonista ainda não terminou sua obra-prima e que vai concluí-la com a participação dos detetives.

Extremamente inteligente, astuto e frio, Doe é um mestre da manipulação e execução, guiando os detetives ao longo de todo o filme com pistas cuidadosamente posicionadas nas cenas dos crimes para garantir que sigam seu roteiro sem perceber. A cartada final do personagem acontece no clímax de Se7en, quando o assassino explora os dois últimos pecados, ira e inveja, revelando que todos ao seu redor estavam apenas seguindo suas regras e que seu plano ocorreu exatamente como ele queria.

Kathryn Merteuil, de Segundas Intenções

Uma reimaginação do romance epistolar As Ligações Perigosas, publicado pela primeira vez no século XVIII, Segundas Intenções traz como antagonista Kathryn Merteuil (Sarah Michelle Gellar), uma estudante de ensino médio super popular e rica que divide seu tempo manipulando as pessoas ao seu redor e criando crueis apostas com seu meio-irmão, Sebastian (Ryan Phillippe).

Sedenta por controle e poder, Kathryn engana todos em seu convívio, escondendo sua verdadeira natureza e mantendo uma imagem de garota doce e exemplar enquanto nos bastidores age de forma cruel e calculista. Inteligente, charmosa e implacável, ela não possui empatia nem remorso por seus atos, não se importa com ninguém e utiliza a arte da sedução para manipular as pessoas, conquistando aliados e destruindo seus alvos.

Amy Dunne, de Garota Exemplar

Criada por Gillian Flynn em Garota Exemplar e interpretada por Rosamund Pike na adaptação homônima de 2014, Amy Dunne domina a arte da manipulação e é possivelmente uma das personagens menos confiáveis da ficção. Afinal de contas, ela desaparece durante a primeira parte da história, deixando para trás um diário que incrimina seu marido, Nick Dunne, como o responsável pelo sumiço.

Contudo, as coisas não são o que parecem e quando a segunda parte da trama começa, a história sofre uma guinada revelando que, na verdade, Amy planejou tudo para se vingar do marido. Manipulando tanto os personagens quanto os espectadores, Amy quase nunca perde a calma, sempre está no controle e também um passo à frente de todo mundo. Ela até pode parecer uma boa garota, mas não se deixa enganar: Dunne é especialista em jogos mentais e em manipular as coisas para conseguir exatamente o que quer.

Hannibal Lecter, de O Silêncio dos Inocentes e Hannibal

Não é por acaso que Hannibal Lecter se tornou um dos grandes antagonistas da literatura e do cinema. O personagem criado por Thomas Harris e eternizado nas telonas por Anthony Hopkins, é um manipulador nato que possui a assustadora habilidade de influenciar as pessoas ao seu redor. Por ser um psiquiatra, Lecter entende os medos, desejos e fraquezas dos indivíduos com quem convive, utilizando esse conhecimento para manipulá-los magistralmente.

Enquanto em O Silêncio dos Inocentes somos meramente apresentados ao psicopata e suas habilidades, em Hannibal, sequência de 2001, ele exibe todo o seu poder quando manipula o assistente de Mason Verger (Gary Oldman) a matar seu chefe e ainda faz uma lavagem cerebral em Clarice Starling (Julianne Moore). Paciente e estratégico, com cada movimento friamente calculado, Lecter manipula os outros não apenas para conseguir o que quer, mas também por puro prazer, já que jogos psicológicos são tão importantes para o canibal quanto a violência física.

Tom Ripley, de O Talentoso Ripley

Interpretado por Matt Damon na adaptação cinematográfica lançada em 1999, Tom Ripley é um nome frequente quando o assunto é manipulação. Criado por Patricia Highsmith em seu romance de 1955, O Talentoso Ripley, é um jovem educado que anseia ser mais do que realmente é, ou pelo menos do que parece ser. Enviado para a Itália para convencer Dickie Greenleaf, um rico e mimado playboy, a voltar para Nova York, Tom rapidamente se torna obcecado pela despreocupada vida de luxo de Dickie.

Ele passa a estudar a maneira como o herdeiro vive e se comporta, rapidamente incorporando seu estilo de vida e trejeitos. Um camaleão social, Ripley assume diferentes personalidades e modos de vida de acordo com suas necessidades, manipulando as pessoas para conseguir o que quer. Carismático, dissimulado e um mentiroso hábil, ele estabelece estratégias a longo prazo, de forma que é praticamente impossível ser rastreado, e não hesita em eliminar obstáculos ao longo do caminho. Enxergando a vida como um jogo de sobrevivência, Ripley manipula por ambição e necessidade, de forma que nunca sabemos quem ele realmente é.

Catherine Tramell, de Instinto Selvagem

Dona de uma inteligência afiada e de uma beleza estonteante, Catherine Tramell não apenas domina a manipulação como também é uma mestra da sedução. A personagem, interpretada por Sharon Stone, fez sua estreia nas telonas em Instinto Selvagem, filme que segue o detetive da polícia Nick Curran (Michael Douglas) durante sua investigação do assassinato de uma estrela do rock em São Francisco e seu envolvimento com a principal suspeita do crime: a enigmática escritora, Catherine Tramell.

Com um comportamento imprevisível, a personagem utiliza a sedução como uma arma letal e manipula os desejos dos outros, especialmente dos homens, para controlar as situações e os indivíduos ao seu redor. Capaz de enganar até mesmo as pessoas mais inteligentes, ela nunca revela suas intenções, brincando com a verdade e fingindo ser vulnerável para manipular qualquer um que resista ao seu charme. Extremamente fria, Catherine se diverte seduzindo seus alvos e exercendo domínio psicológico sobre eles.

Aaron Stampler, em As Duas Faces de um Crime

Dirigido por Gregory Hoblit, As Duas Faces de um Crime marcou a estreia de Edward Norton no cinema, assim como também apresentou ao mundo um dos personagens mais manipuladores do audiovisual: Aaron Stampler. Lançado em 1996, o filme segue Martin Vail (Richard Gere) um advogado de defesa de Chicago que se encarrega do caso de Aaron Stampler (Norton), um jovem de 19 anos acusado de assassinar um adorado arcebispo da comunidade católica.

Assumindo uma persona doce, desajeitada e frágil, o réu manipula todo mundo, fingindo ser uma vítima indefesa que sofre de amnésia para explorar compaixão e executar seu plano até o fim. Executando a dissimulação perfeita, Stampler é um manipulador tão eficiente que engana não apenas o tribunal, os médicos e seu próprio advogado, como também todos os espectadores assistindo ao filme.

Iago, em Otelo

Personagem chave em uma das maiores tragédias de todos os tempos, Iago é o grande antagonista do clássico Otelo de William Shakespeare. Encenada originalmente em 1604, a célebre história sobre o poder corrosivo do ciúme parte justamente das manipulações do vilão que, após ser ignorado para uma promoção militar, planeja uma vingança contra o general Otelo, o fazendo acreditar que sua esposa, Desdêmona, é infiel.

Astuto, persuasivo e sem nenhum escrúpulo, Iago explora as fraquezas dos outros para destruí-los, tudo isso enquanto finge ser um amigo leal. Arquitetando um plano detalhado e de longo prazo, ele planta pequenas sementes de desconfiando em Otelo, fazendo um uso cuidadoso das palavras para sugerir que Desdêmona está traindo o marido. Frio e calculista, Iago é um exemplo clássico de manipulador na ficção, utilizando da confiança dos outros para instaurar o caos e conseguir sua vingança.