Darkside • Entrevista

Sam Holland: “Gostamos de ler sobre true crime porque é um medo bastante real”

Autora de O Colecionados de Monstros dá entrevista exclusiva ao DarkBlog

04/09/2025

Quem seriam os ídolos de um serial killer? Essa é a pergunta que Sam Holland de fez ao elaborar a premissa de O Colecionador de Monstros, lançamento da 3ª temporada do projeto especial E.L.A.S — Especialistas Literárias na Anatomia do Suspense.

A autora, que esteve recentemente no Rio de Janeiro para a Bienal do Livro, conversou com exclusividade ao DarkBlog e falou sobre o que motiva as mulheres a quererem ler sobre crimes reais, como foi misturar realidade e ficção em seu livro e como é escrever sob diferentes pseudônimos. A entrevista você disseca a seguir:

DarkBlog: O seu romance de estreia já foi traduzido para vários idiomas e agora foi lançado no Brasil. O que significa para você ver O Colecionador de Monstros ganhar vida em português e chegar a audiências brasileiras?

Sam Holland: É sempre ótimo ver o livro ir para um novo público, e a DarkSide interpretou o livro e a capa de uma maneira brilhante e genial. É realmente empolgante ver como ele está chegando aos leitores.

D: Você se inspirou em crimes e assassinos reais para escrever O Colecionador de Monstros. Como foi equilibrar a pesquisa e a ficção sem cair no sensacionalismo?

SH: Eu quis apresentar a história de uma maneira bem fiel aos fatos, focando em apresentar o que acontece do que ter uma abordagem mais emotiva do que acontece. Quando eu fiz a pesquisa eu me concentrei no que realmente tinha acontecido, quais são os fatos do caso, e então utilizando esses fatos no livro. Mas a parte fictícia da história é completamente separada, é ficção mesmo. Eu só queria apresentar o livro da maneira mais factual possível, em vez de distorcer de maneira gratuita ou algo do tipo.

D: Pode-se dizer que é, sim, um livro perturbador, mas ao mesmo tempo profundamente humano. Por que você acha que tantas pessoas são atraídas por histórias sombrias como essa?

SH: Acho que parte do que as atrai a O Colecionador de Monstros é que nós humanos somos inerentemente interessados em quebra-cabeças. Gostamos de ser capazes de resolver as coisas e gostamos de ter uma solução. Na maioria dos podcasts de true crime você tem uma solução, um resultado, o mocinho vencendo o vilão. Para mulheres, em especial, eu acredito que nós gostamos de ler sobre true crime e serial killers porque é um medo bastante real, nós o vivenciamos todos os dias andando na rua. E poder ler, no conforto do seu sofá, é uma maneira bem catártica de sentir aquele horror, de sentir aquele medo, mas em um ambiente bem seguro. Acredito que esse seja o principal motivo que atrai as mulheres a lerem livros sobre true crime e serial killers.

D: Você já mencionou que é fã de Mindhunter. Quais outras inspirações alimentam a sua imaginação?

SH: Na época em que eu estava pensando em escrever O Colecionador de Monstros, eu estava assistindo a muito David Fincher, como Se7en e Mindhunter, e então pensei “se você fosse um serial killer, não iria querer aprender com os mais famosos?”. Em outras palavras, nesse mundo, essas seriam as pessoas que você iria admirar, por mais errado que isso seja, provavelmente é assim que eles pensariam. Então eu quis criar um assassino que pensasse desta maneira e ver como isso iria refletir nas suas ações.

D: Você gostaria de ver O Colecionador de Monstros adaptado para as telas? Quem estaria no seu elenco dos sonhos?

SH: Sim, eu adoraria ver uma adaptação. Sobre o elenco, quando eu penso em Karen, eu sempre penso nela como a Emily Blunt. Adoro a Emily Blunt, ela pode fazer qualquer coisa. Ela poderia interpretar a Karen. Pensando no Griffin, eu sempre pensei no Karl Urban. Ele é um pouco mais velho que o personagem, mas alguém assim, que seja muito atraente, mas de um jeito meio rústico, meio sensual mas também meio bruto. Ele é aquele cara que faz o que quer. Então esses são os atores que eu sempre tenho em mente para esses dois personagens.

D: Você escreve sob diferentes pseudônimos, inclusive o de Sam Holland. Como é alternar entre diferentes estilos e narrativas?

SH: Eu não sinto tanta diferença. Quando escrevo como Sam Holland eu sei que posso fazer o que quero, escrevo sobre o que quero escrever, faço as cenas como quero. Também escrevo como Louisa Scarr, e também são livros bem sombrios, pelo menos no que diz respeito aos temas, mas ainda os vejo como um pouco mais “leves”. A série que estou escrevendo no momento como Louisa Scarr é sobre o treinador de um cão policial, então você tem toda aquela parte divertida com o cachorro, dá aquela descontraída. Mas não tenho qualquer dificuldade em alternar entre as duas séries, pra mim é como assistir a um ou dois filmes ao mesmo tempo e ficar trocando de um pro outro. Não sinto como se fosse uma personalidade diferente, acho que elas são bem parecidas. A minha agente diz que elas têm estilos bem diferentes, mas pra mim parecem iguais.