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Segredos dos bastidores de Frankenstein de Guillermo del Toro

Como um time de artistas deu vida ao clássico

06/11/2025

Guillermo del Toro tem muito de Victor Frankenstein: ele dá vida às suas criaturas a partir de seus ideais, de uma maneira artesanal e recorrendo o mínimo possível aos recursos digitais. Entrar em um set de filmagens do cineasta é como entrar em um laboratório, e não foi diferente para Frankenstein de Guillermo del Toro.

LEIA TAMBÉM: 8 releituras de Frankenstein na cultura pop

A nova adaptação do cineasta ao clássico de Mary Shelley é um deleite para entusiastas do cinema raiz e dos efeitos práticos com a assinatura de Georges Méliès. Para dar vida ao universo de sua Criatura, del Toro chamou vários profissionais com quem já trabalhou no passado, resultando em um filme que, apesar de toda a fantasia, respira realismo.

Um time de criadores de monstro

“Eu queria um filme artesanal de proporções épicas”, afirmou del Toro. “Os cenários são gigantes. O figurino, design e acessórios são feitos a mão por humanos”.

Frankenstein del toro

Para fazer Frankenstein, tudo precisou funcionar em sincronia. Os figurinos criados por Kate Hawley não podiam somente ser bonitos, eles precisavam conversar com a iluminação proposta pelo diretor de fotografia Dan Lausten, senão tudo cairia por terra. 

Para se ter uma ideia, o designer da Criatura, Mike Hill, precisou “esculpir” o personagem em torno do ator Jacob Elordi. “É um grande grupo de criadores de monstro. Muitos Victor Frankensteins no set”, comparou Hill.

Um fato curioso é que a primeira vez que o designer trabalhou com o cineasta foi justamente com Frankenstein. Mas não estamos falando de nenhum filme, e sim, do modelo da Criatura vivida por Boris Karloff no filme de 1931, para a coleção particular de del Toro. 

Frankenstein Elordi

O Frankenstein de del Toro ganha vida

Para seu Frankenstein, Guillermo del Toro buscou homenagear tanto a excitação científica do próprio Victor Frankenstein, vivido por Oscar Isaac, como exaltar a criatura (Elordi), um personagem com quem o diretor se identifica desde a infância.

Mas o cineasta não queria aquela criatura quadradona e costurada como a de Boris Karloff. Ele queria um recém-nascido: “Eu sabia que se fizesse o rosto dele espalhafatosamente horrível, quando o personagem estivesse em close-up, você seria distraído pelas feridas e pelo gore. É preciso manter a alma aqui”, explicou del Toro.

É nítida a diferença entre a Criatura de del Toro e do clássico de 1931, não há nada mecânico nela.. “Eu não queria um visual cyberpunk de jeito nenhum. Respeito as porcas e parafusos do original do original, mas não fizemos deste jeito. Estamos fazendo a versão do Guillermo del Toro do livro de Mary Shelley, então eu queria dar mais fluidez a ele”, explicou Hill.

Como vestir um monstro

Uma das características mais impactantes no filme é a capa que a Criatura usa em períodos do filme. Segundo Kate Hawlay, designer de figurino da produção, del Toro queria que as roupas não se parecessem com as de um filme de época. “A primeira orientação que ele me passou foi ‘não quero nenhum chapelão de m*”, relembrou aos risos.

Assim como em trabalhos anteriores com del Toro (A Colina Escarlate), Hawley emprega cores vibrantes que dizem mais sobre seus personagens do que os próprios diálogos. Tons de vermelho e verde, comuns aos filmes do cineasta, predominam. Mas tem um vestido azul usado por Mia Goth que rouba a cena: “Aquele vestido azul deve ter levado uns quatro meses para ficar pronto”, explicou a designer ao comentar os desafios de fotografar aquele vestido de acordo com as intenções do filme. “É tudo uma questão de alquimia.”

Um filme que não tem medo do escuro

Dan Lausten já é um colaborador de longa data com del Toro e disse que, em quase vinte anos de parceira, pouco mudou no estilo do diretor: uma única fonte de luz da janela, movimentos de câmera auxiliados por grua, efeitos práticos sempre que possível e predileção por ângulos abertos e grandes sombras. “Não temos medos do escuro”, orgulha-se Lausten.

Em Frankenstein, o diretor de fotografia iluminou várias cenas com a ajuda de velas. O objetivo, segundo ele, não era obter um resultado de luzes suaves, mas sim o impacto dramático das chamas: “A luz deve ter uma personalidade. Gostamos de ter mais contraste na luz”.

Juntos, eles criaram cenas imersivas e atmosferas únicas, com direito a muita fumaça e vapor. “Às vezes ele acha que eu estou tentando incendiar o set”, diverte-se Lausten. 

Um mergulho na atmosfera vitoriana

Para criar os cenários únicos de Frankenstein, del Toro e a designer de produção Tamara Deverell viajaram pela Escócia buscando referências em museus de arte, torres antigas e até mesmo uma antiga empresa de costura decorada com ferraria da Era Vitoriana.

Há muitos sets majestosos em Frankenstein, incluindo um navio ambientado no gelo do Ártico. Mas destaque fica por conta do laboratório de Victor Frankenstein, com sua grande janela redonda — um tema que se repete ao longo do filme —, que também é uma referência a Colina Escarlate.

Uma trilha monstruosa

Para o compositor Alexandre Desplat, Frankenstein encerra uma trilogia musical de del Toro, formada também por A Forma da Água e Pinóquio. Para cada um dos filmes, Desplat elaborou trilhas líricas e emotivas, que articulam os desejos não falados dos personagens principais: a criatura, o boneco e o monstro.

“Preciso trazer à tona a voz não falada e suas emoções mudas”, define Desplat. “É por isso que na trilha há uma grande orquestra que toca com grandiosidade em alguns momentos, e de maneira contida em outros.” Além disso, o compositor destacou as composições escritas para violino que expressam as mais belas emoções da Criatura.

Tal qual seus colegas de Frankenstein, Desplat também acaba se identificando com o criador do protagonista. De certa maneira, del Toro e todo o seu time de profissionais são um pouco de Victor Frankenstein.

LEIA TAMBÉM: Um Fantasma da Ópera por Guillermo del Toro?

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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