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The City of the Dead: Sombrio, ritualístico e profano

Um clássico essencial dos abismos do terror

04/10/2024

Caso você, querido cinéfilo do horror, ainda cometa o erro terrível de desprezar um bom filme por ele ser rodado em preto e branco, sinto muito em dizer o óbvio, mas o horror não é novidade. Nos livros, no teatro e no cinema (e na sua querida vizinhança), alguns criadores e criaturas derramaram muito sangue e inspiração para que nós, herdeiros da escuridão, pudéssemos consumir e nos regozijar com os temores do passado.

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O filme de hoje, The City of The Dead, é uma produção britânica de 1960, dirigida por John Llewellyn Moxey e estrelada por Christopher Lee. Nos Estados Unidos, recebeu o nome de Horror Hotel, e por aqui foi rebatizado de A Cidade dos Mortos. Um clássico satânico/lovecraftiano indispensável para quem deseja se aprofundar nos abismos do gênero horror.

the city of the dead

O filme diz a que veio ainda nos créditos, e se você conseguir assisti-lo com um bom sistema de áudio, é bem possível que se sinta inseguro e um pouco paranoico com a música de abertura. Aliado a ela, observamos uma figura oculta por um manto. Pode ser a morte, pode ser algum religioso, e claro: pode ser o demônio.

the city of the dead

Depois dessa pequena abertura, somos convidados a voltar ao ano de 1692, para a cidade fictícia de Whitewood, Massachussets, e presenciar a atrocidade preferida da Santa Inquisição: queimar uma bruxa. O nome da nova condenada pelos puritanos histéricos é Elizabeth Selwyn. Uma mulher comum, até que se prove o contrário (dessa vez não vai demorar).

the city of the dead

Para prosseguir com o filme, precisamos aceitar alguns conceitos, e ainda que isso nos deixe bastante desconfortáveis em nossa iluminação, vamos postular que a mulher chamada Elizabeth Selwyn é mesmo uma bruxa, e que ela tenha, ao lado do seu cúmplice puritano Jethrow Keane, vendido sua alma a Lúcifer para conseguir alguns favores.

the city of the dead

A fogueira é acesa e Jethrow Keane implora a Lúcifer que poupe a bruxa. Elizabeth também o faz, e oferece sua alma, e todo os sacrifícios que Satã desejar, se ele prover sua vingança sobre a comunidade de Whitewood. As pessoas se apavoram com a maldição, e Lúcifer acata o pedido, lançando suas asas malditas sobre a cidade. A histeria dos incendiários cresce junto com as chamas, mas Elizabeth Selwyn, ciente de ter sido abençoada pelo mal, apenas os despreza. Ela terá sua vingança.

the city of the dead

Desse momento somos lançados ao presente do filme, no ano de 1960, ao lado do professor Alan Driscoll e sua turma de alunos. Alan (Christopher Lee), disserta justamente sobre a execução de Elizabeth Selwyn. 

Ao final da aula, o engraçadinho da turma, Maitland, faz uma piadinha incendiária e é relembrado sobre quem manda naquela classe. Na sequência, a jovem pela qual Maitland está interessado o troca por passar as férias em Whitewood, com a ajuda do professor Alan, que propícia os meios para que ela possa fazer essa viagem e aumentar seus conhecimentos em pesquisas históricas. Depois de acompanharmos uma boa discussão sobre ciência versus bruxaria, a jovem Nan Barrow parte para sua estadia em Whitewood, onde pretende vasculhar os arquivos locais e aumentar seu conhecimento sobre o passado e as condenações impostas a Elizabeth.

the city of the dead

Nan Barrow decide ir sozinha e de carro, e como podemos supor, os celulares e satélites de localização demorariam muito a serem inventados, então ela precisa pedir informações ao longo do caminho. Em um posto de gasolina, o atendente a aconselha a pensar melhor, diz que ninguém mais vai até Whitewood, mas ela segue em frente, determinada a ter sua estadia na cidade. Mais à frente na estrada, sob a placa que limita a estrada para Whitewood, ela oferece carona a um homem. Sim, e por que ela aceita levar o sujeito não sabemos, mas talvez o mundo fosse outro nos Estados Unidos de 1960. Reconhecemos que esse homem é muito parecido com Jethrow Keane, o cúmplice satanista de Elizabeth Selwyn. Ao longo da viagem, ele mesmo se apresenta, o mesmo bom e velho Jethrow Keane, em carne e osso.

Eles seguem viagem até a cidade, que parece ter parado no tempo. O local onde Nan ficará hospedada é a Pousada do Corvo, mais uma das homenagens feitas a Poe nesse filme. Ainda sobre a cidade, cabe dizer que ela pode ser um pouco assustadora se você entrar no clima, exista uma mágica nos filmes dessa época, mas talvez seja feitiçaria. Na cidade conhecemos a pousada, uma igreja e um pequeno cemitério, que segundo Jethrow Keane não é usado há 200 anos. Ele também informa Nan que há bruxas enterradas no lugar, em uma parte de terra não consagrada do cemitério.

the city of the dead

Jethrow Keane desaparece do carro quando Nan se distrai com as malas, e tudo que ela nota é o portão aberto do cemitério. Longe de se abalar, Nan Barrow segue com seu plano de se hospedar na pousada. Aliás, o pequeno hotel foi construído no mesmo lugar onde Elizabeth Selwin ardeu em uma fogueira. Senhorita Barrow é atendida pela dona do hotel, uma mulher chamada Sra. Newless. Ela na verdade é a bruxa Elizabeth Selwin.

the city of the dead

Depois de instalar-se na pousada, a primeira parada de Nan é a igreja, onde ela encontra um homem, reverendo Russel, que explica que o mal é o único poder que governa Whitewood.

the city of the dead

Se existe um outro poder que percebemos nesse filme, ele se chama atmosfera. Com efeitos especiais reduzidos ao que era possível no cinema de 1960, toda essa atmosfera é obtida via locações, fotografia, autores competentes e a mão precisa da direção de Jonh Moxey. Outro ponto positivo é o suspense bem elaborado

Quando estamos mais ou menos confortáveis com a trama, pensando que sabemos tudo o que vai acontecer até a subida dos créditos, algo ocorre com Nan Barrow, nossa protagonista, e reacende nossa curiosidade. Sobre essa parte, infelizmente, não vou contar a vocês.

the city of the dead

O que posso dizer é que The City of The Dead surpreende por sua ousadia, trazendo o profano e o maldito para o discreto cinema dos anos sessenta e o esfregando no rosto das pessoas que certamente não esperavam por isso. A carga de satanismo é bem alta em alguns momentos da trama, tratando antigas lendas e tabus com a acidez que elas merecem, e tudo isso em um filme que passaria por oito entre cada dez olhos treinados de fãs do horror. Também é muito interessante o protagonismo equilibrado entre personagens femininos e masculinos, algo incomum para a época, e o embate constante entre ceticismo e magia, com o pêndulo pendendo um pouco mais para os elementos sobrenaturais. 

the city of the dead

Tudo isso significa que The City of The Dead vale seu ingresso, e se você é fã de seitas, Christopher Lee e bruxaria old school, terá gratas surpresas com essa produção. E dessa vez temos uma surpresa final. 

O filme legendado está disponível nesse link aqui: 

E não precisa agradecer, não. É de fã pra fã.

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Sobre Cesar Bravo

amplificador cesar bravoCesar Bravo é escritor, criador de conteúdo e editor. Pela DarkSide® Books, publicou Ultra Carnem, VHS: Verdadeiras Histórias de Sangue, DVD: Devoção Verdadeira a D., 1618 e Amplificador.

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