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The Evil: e elo perdido entre as casas amaldiçoadas e o inferno

Um filme de terror sobrenatural de 1978 dominado por espíritos e demônios.

07/11/2025

Algo que aprendemos nas toneladas de filmes que frequentamos é que o horror caminha em ondas.

Mais notadamente nos anos modernos, onde o dinheiro aprendeu a falar mais alto que a criatividade, é comum que essa ou aquela tendência seja frequentada obstinadamente até que encontre seu esgotamento. Outro detalhe que aprendemos entre um filme e outro é a mágica de revisitar o passado e escapar desse lastimável aprisionamento criativo e estético. Dito isso, se as décadas de 1980 e 1990 decidiram temperar o terror com sangue e sci-fi, e se as décadas posteriores a 2000 pareceram optar pela pasteurização do gênero, a década de setenta indiscutivelmente pertenceu aos espíritos e demônios.

Dirigido por Gus Trikonis, The Evil (também conhecido como Cry Demon e House of Evil, e batizado no Brasil como Inferno) é um desses casos, um filme de terror sobrenatural de 1978. A trama acompanha uma equipe que pretende abrir um centro de reabilitação para dependentes químicos em uma mansão construída sobre um portal para o Inferno (interessante, não? Também achei…).

Começamos o filme com um zelador se encorajando a entrar na mansão que sedia a trama principal. Ele não está muito feliz, a casa tem uma fama bem ruim, e mesmo contando com a iluminação diurna, nosso amigo precisa de uns goles para abrir a porta e entrar. A casa está com ares de abandono. Teias de aranha, poeira, o pacote completo. Oh sim, e provavelmente alguns fantasmas assassinos que acabam incendiando nosso colega.

Após o incidente fatal, conhecemos CJ Arnold e sua esposa, Dra. Caroline, que conversam com o agente imobiliário local enquanto se dirigem para a mesma casa. Durante a conversa, e depois de uma “lapada” de Arnold nas religiões organizadas, começamos a simpatizar bastante com eles. Na mansão, o agente imobiliário expõe um breve histórico da mansão, o homem fala sobre Emílio Vargas, um antigo proprietário que parece ter morrido em circunstâncias estranhas dentro da mesma mansão. O lugar onde a casa está construída também é bastante peculiar, chamado pelos antigos indígenas de Vale dos Demônios, e era rico em vapores de enxofre, que promoviam piscinas térmicas naturais, até a mansão ser construída. Depois disso, foi como se o solo tivesse sido selado.

Nessa mesma primeira visita, Caroline vê alguns espectros, e como sempre acontece, eles evanescem em um segundo olhar. CJ não tem tanta sorte, e instantes depois da visão de Caroline, um pedaço de assoalho desaba sobre ele. Nada sério acontece com CJ, foi apenas um aviso. O que não anula o fato de que os acontecimentos são manifestações da casa e de seus antigos moradores, que não pretendem ter seu sono perturbado. Desprezando o óbvio, o casal insiste em alugar a mansão.

Conhecemos também o Professor Raymond Guy, que será voluntário para trabalhar na mansão ao lado de sua aluna — e namorada — Laurie. Depois conhecemos o irmão de CJ, Dwight, que também chega para ajudar juntamente a outros colaboradores da futura casa de recuperação. Também temos um cachorro pastor alemão, o Kaiser. Na mansão, Caroline continua tendo estranhas visões, as quais ela se esforça para compreender a cada episódio.

O grupo se reúne dentro da casa para dividir funções e Kaiser é atraído até o porão. O cachorro se interessa por algo no chão, e precisamos recordar que o zelador foi incendiado no mesmo local. Quando Kaiser começa a latir no subsolo, as pessoas na casa correm para ajudá-lo, e Kaiser acaba atacando sua dona. Não é nada grave, ele apenas a arranha. O problema maior é o temperamento agressivo, que não é natural do cão.

Mesmo nesse início, chama bastante atenção a atmosfera criada no filme. Em The Evil, não temos muito respiro entre um evento e outro, e, conduzidos por atores e uma direção competentes, somos arrastados para o sombrio com muita facilidade.

Caroline continua sofrendo com visões cada vez mais misteriosas, que parecem se esforçar para revelar a ela os segredos do passado. Partes desses segredos poderiam estar registradas em um diário de Emílio Vargas, mas para a surpresa de CJ e Caroline, apenas uma página do livro não está em branco.

Nesse ponto do filme, os grupos estão divididos entre ajustar a casa para que possa ser habitada, encontrar o pastor alemão Kaiser que ainda está desaparecido e especular sobre as estranhas visões da Dra. Caroline. Duas das mulheres que se concentram na busca por Kaiser acabam encontrando, não o cão, mas o cadáver queimado do zelador do início do filme. O corpo está em um elevador interno.

Quase ao mesmo tempo, CJ encontra um alçapão no porão, possivelmente a coisa que chamou a atenção de Kaiser. A abertura está selada com um crucifixo, mas CJ o remove e profana a abertura. A casa reage, treme, sacudida por um terremoto. Como se não bastasse o tremor, a mansão parece receber vida própria, e depois de matar Dwight, irmão de CJ, eletrocutado, ela aprisiona todos os seus visitantes, lacrando todas as portas e janelas.

Aprisionado, o grupo começa a especular sobre o que poderia estar acontecendo, e as hipóteses orbitam tanto a casa em si, que poderia estar absorvendo energias negativas ao longo de sua história, quanto a presença de espíritos e demônios, ou ainda a junção das duas possibilidades.

O que se sabe é que as pessoas passam a ser atacadas violentamente por forças invisíveis, e a solução momentânea é que todos fiquem juntos, até chegarem a uma conclusão sobre o que está acontecendo na casa. Um dos planos de fuga é sair pelo sótão, descendo de uma abertura com a ajuda de cabos de energia. A casa percebe o que está ocorrendo e energiza o cabo, eletrocutando e incendiando um dos rapazes.

Desse ponto em diante não existe lugar seguro para nenhum dos visitantes. A casa em si se torna essa espécie de centro da maldade, usando todo seu esplendor para causar sofrimento, perturbações, pânico e morte. Ninguém está seguro dentro ou fora das paredes dessa mansão, então nosso conselho é que vocês não se apeguem muito aos personagens. Homens, mulheres, cães, ninguém está seguro quando o hálito do Inferno emerge pelos porões de uma casa erguida para ser o calabouço do próprio demônio.

E falando em calabouços e tortura, é melhor pararmos por aqui antes que façamos a curva irreversível na direção de um spoiler.

Podemos dizer apenas que dentre as muitas produções passadas e futuras que abordam o tema assombrações, The Evil merece sua audiência e sua atenção. Um filme que leva sua premissa à sério e faz cada minuto subir um degrau nas escalas de tensão e ansiedade. Se você gostou de The Changeling, Poltergeist e Amityville, The Evil precisa estar na sua lista.

Antes de terminarmos, cabe preveni-lo que os momentos finais não deixam de ser surpreendentes e igualmente questionáveis, e por esse motivo eles geraram (e ainda geram) alguma discórdia entre os adoradores e odiadores desse bom filme. Infelizmente, não poderemos adiantar do que se trata, mas você pode conferir essa produção — e seus momentos finais — na íntegra com alguma pesquisa.