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Tubarão faz 50 anos

Entenda como o filme mudou para sempre o cinema

02/07/2025

Um tubarão mecânico, uma trilha sonora memorável e um enredo relativamente simples foram o suficiente para que Steven Spielberg mudasse para sempre a história do cinema estadunidense. Em 20 de junho de 1975, cinquenta anos atrás, Tubarão chegava às telonas pronto para aterrorizar os espectadores e mudar o audiovisual como conhecemos.

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Na verdade, tudo começou em 1974 com uma obra de 280 páginas intitulada Tubarão. Escrito por Peter Benchley, o livro conta a história de um grande tubarão branco que aterroriza uma pequena cidade turística em Long Island, acompanhando a jornada dos três homens que tentam acabar com essa ameaça. Publicado pela primeira vez em fevereiro de 1974, Tubarão foi um grande sucesso, permanecendo na lista dos mais vendidos por 44 semanas e vendendo milhões de cópias no mundo todo. 

A confiança no sucesso da obra era tão alta, que os produtores Richard D. Zanuck e David Brown leram o romance antes dele ser oficialmente publicado, comprando os direitos de sua adaptação e selecionando o jovem Steven Spielberg para dirigir o filme. Com roteiro do próprio Benchley e reescritas de Carl Gottlieb, Tubarão segue a premissa da obra original, abrindo mão das diversas subtramas para se concentrar na ameaça marítima e na caracterização dos três protagonistas: o chefe de polícia, Martin Brody (Roy Schneider), o oceanógrafo Matt Hooper (Richard Dreyfuss) e o caçador de tubarões Quint (Robert Shaw). 

Steven Spielberg Tubarão

Filmagens caóticas e tubarões rebeldes

As filmagens iniciaram em maio de 1974 na ilha de Martha’s Vineyard, localizada no estado de Massachusetts, e foram extremamente conturbadas. Para começo de conversa, Tubarão foi o primeiro grande filme a ser filmado no oceano, o que fez com que a equipe enfrentasse condições climáticas adversas e uma série de mau funcionamento dos equipamentos. Para piorar, a produção construiu três tubarões mecânicos movidos a ar comprimido (carinhosamente apelidados de Bruce em homenagem ao advogado de Steven Spielberg, Bruce Ramer), que logo se mostraram bem pouco confiáveis. Embora fossem as estrelas do filmes, os tubarões mecânicos frequentemente davam problemas, às vezes passando semanas sem funcionar. 

O mau funcionamento dos tubarões e as condições climáticas adversas, aliadas a acidentes no set e inúmeros outros problemas, fizeram com que as filmagens estourassem o orçamento inicial e atrasassem o cronograma do estúdio. No entanto, no fim das contas, esses atrasos foram extremamente benéficos para o filme, com o roteiro sendo refinado por Gottlieb durante esses momentos caóticos. As frequentes falhas dos tubarões mecânicos também fizeram Spielberg reconsiderar suas intenções iniciais de mostrar o animal, de forma que o cineasta resolveu reduzir sua aparição nas telas e rodar cenas que sugerissem sua presença, causando medo mais pela antecipação do monstro do que por sua visualização. Na época, o jovem diretor não tinha como saber, mas junto da memorável trilha sonora de John Williams, essa seria exatamente a receita do sucesso do filme.

Tubarão

O primeiro blockbuster

No dia 20 de junho de 1975, Tubarão finalmente chegou aos cinemas. Acompanhado por uma grande campanha de marketing, que impulsionou o filme por meio de comerciais de televisão e merchandising, o longa foi distribuído pela Universal Pictures, que apostou alto na estratégia de lançamento e organizou uma estreia em mais de 450 cinemas nos Estados Unidos, um número bastante alto na época. 

Uma conversão de forças artísticas e culturais, Tubarão capturou o espírito da época de uma forma sem precedentes, explodindo em popularidade e transformando-se instantemente em um clássico do cinema. Embora outros filmes como O Poderoso Chefão e O Exorcista também tivessem formado filas ao redor dos quarteirões das salas de cinema, Tubarão foi quem recebeu o título de primeiro blockbuster de verão. 

Traduzido para o português como “arrasa-quarteirão”, o conceito de blockbuster refere-se a lançamentos cinematográficos altamente antecipados e com grande propaganda e investimento por parte dos estúdios. Por sua vez, eles trazem retorno financeiro e conquistam enorme popularidade entre o público, atraindo multidões e filas nos cinemas. O termo blockbuster de verão, o qual é aplicado a Tubarão, por sua vez, faz referência a filmes desse estilo lançados durante os meses de verão nos Estados Unidos, normalmente de maio até o feriado do Dia do Trabalho, celebrado em setembro. Rendendo mais de 476 milhões de dólares (a partir de um orçamento de 9 milhões), o filme de Steven Spielberg foi justamente o filme que cunhou esse conceito, o qual orienta muitos estúdios até hoje.

Tubarão

Considerado um divisor de águas na história do cinema, Tubarão foi indicado a quatro Oscars, levando três prêmios para casa: Melhor Montagem, Melhor Som e Melhor Trilha Sonora. O longa também se tornou o filme com a maior bilheteria de todos os tempos, sendo ultrapassado dois anos depois por Star Wars. Desta forma, tanto o longa de Spielberg quanto o de George Lucas se mostraram essenciais no estabelecimento de um novo modelo em Hollywood, marcado por blockbusters, grandes investimentos em propaganda e lançamentos em centenas de salas de cinema durante o verão. 

Mesmo com sua produção caótica, a qual rendeu transtorno de estresse pós-traumático ao seu diretor, Tubarão não criou apenas um novo modo de lançar filmes, mas também se transformou em um modelo de como contar uma história de terror, criando uma narrativa aterrorizante e grandiosa nunca antes vista. Assim como Psicose deixou os espectadores com medo do chuveiro, o filme de Spielberg nos deixou com medo de entrar no mar. 

O impacto foi tão grande, que o filme abriu as portas para três sequências: Tubarão 2 (1978), Tubarão 3 (1983) e Tubarão – A Vingança (1987). Além disso, o filme rapidamente se transformou em uma franquia composta por novelizações adicionais, memorabílias, colecionáveis e até mesmo uma atração nos parques temáticos da Universal Studios. Contudo, o impacto não parou por aí.

Tubarão Universal

Impacto ambiental e o “sharksploitation”

O sucesso logo inspirou outros cineastas a produzirem filmes de terror centrados em animais, como Orca – A Baleia Assassina (1977) e Piranha (1978). Em paralelo a isso, com o passar do tempo, inúmeros outros filmes protagonizados por tubarões chegaram às telonas, como Do Fundo do Mar (1999), Mar Aberto (2003), Águas Rasas (2016) e Megatubarão (2018). Abrindo portas para o subgênero de “sharksploitation”, Tubarão também inspirou produções cada vez mais baratas e debochadas, como Roboshark (2015), Tubarão Fantasma (2013), Sharkenstein (2016), O Ataque do Tubarão de 5 Cabeças (2017) e, é claro, Sharknado (2013). 

No entanto, nem tudo são flores. Infelizmente, a história de um tubarão aterrorizando uma cidade litorânea lançou uma longa sombra de desconfiança sobre esses animais, transformando um medo ficcional das telonas em frenesi e perseguição reais. Segundo especialistas, depois de 1975, a caça aos tubarões disparou globalmente, embora as estatísticas mostrem que as chances de um ser humano ser mordido por um tubarão são relativamente baixas. Pesquisas indicam que entre 1986 e 2000, no noroeste do oceano Atlântico, houve um declínio populacional de 89% nos tubarões-martelo, 79% nos grandes tubarões brancos e 65% nos tubarões-tigre, muitos dos quais foram vítimas de pesca ilegal. 

Tubarão

Por outro lado, Tubarão também teve efeitos positivos em questões ambientais. Peter Benchley e diversos outros membros da produção do filme, por exemplo, se envolveram em causas de conservação marinha, se tornando ativistas contra a matança desses animais. O fascínio por tubarões desencadeado pelo longa também aumentou a divulgação da causa, levando as pessoas a engajarem em atividades de conservação, cuidado e compreensão desses animais e de seu papel no ambiente marinho. Mostrando que os tubarões estão longe de serem vilões, estes projetos apontam que não se trata de temer estes animais, mas sim de temer um mundo sem eles.  

50 anos depois, uma coisa é certa: Tubarão mudou para sempre o cinema, os tubarões e a cultura pop como um todo. O filme de Steven Spielberg não apenas cunhou o termo blockbuster, como também deu uma aula de como fazer um longa de terror, valorizando a trilha sonora e escondendo seu principal monstro. Como se isso não bastasse, o sucesso da adaptação ainda mostrou para os estúdios e realizadores que tubarões são animais que atraem a atenção do público, o que por sua vez abriu as portas para incontáveis outras produções nas telinhas e telonas. 

Tubarão

Cinco décadas depois, Tubarão continua um dos maiores filmes já feitos. A adaptação da obra de Peter Benchley transformou estes animais em símbolos da cultura pop e também os alçou à categoria de ícones do cinema de terror. Seja em filmes mais sérios ou mais debochados, eles mostram toda a sua capacidade de aterrorizar os espectadores, servindo como um lembrete constante para pensarmos duas vezes antes de entrarmos na água do mar. Tudo isso graças a um simples tubarão branco que em 1975 decidiu aterrorizar a pequena cidade litorânea de Amity Island. E o resto… é história.

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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