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Urnas funerárias inéditas são encontradas

Achados revelam tradições indígenas

24/06/2025

Nos últimos dias, o município de Fonte Boa, localizado no interior do estado do Amazonas, foi palco de uma excitante descoberta arqueológica. Sob as raízes de uma árvore tombada foi encontrado um conjunto de artefatos indígenas, incluindo sete urnas funerárias preenchidas com ossos humanos que datam de milhares de anos. Dentro das urnas também foram encontrados restos de peixes e quelônios, indicando que os sepultamentos estavam conectados a práticas alimentares e rituais até então desconhecidos. 

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Na verdade, a descoberta começou em outubro de 2024 durante uma contagem anual de pirarucu, quando moradores da comunidade de São Lázaro do Arumadubina notaram a árvore tombada e suas raízes expostas, as quais revelavam enormes vasos de cerâmica. Algumas fotos do achado chegaram ao comunitário Walfredo Cerqueira, que percebeu a importância da descoberta e procurou a ajuda do padre Joaquim Silva, que por sua vez, encaminhou o material ao arqueólogo Márcio Amaral. 

urnas funerárias indígenas

Foi assim que em janeiro deste ano, com a ajuda dos moradores locais, um grupo de arqueólogos e especialistas organizaram uma expedição para resgatar as peças, um procedimento exigido por lei nesse tipo de caso. Os itens foram localizados em um sítio arqueológico identificado como Lago do Cochila, o qual integra um conjunto de ilhas artificiais construídas por indígenas ancestrais que habitavam a região do Médio Amazonas há séculos ou até mesmo milênios atrás. 

Fruto de um técnica de engenharia indígena sofisticada, estas ilhas artificiais foram elevadas com terra e fragmentos de cerâmica para sustentar moradias e atividades sociais durante os períodos das cheias, revelando um manejo de território e população. Isso por sua vez reforça a hipótese de que as várzeas da Amazônia eram ocupadas de forma contínua e adaptada por essas populações, não sendo apenas áreas de passagem. 

urnas funerárias indígenas

Devido à localização remota e o contexto fluvial da região, a expedição arqueológica precisou empregar uma logística bastante inovadora, contando com a participação ativa dos comunitários em uma troca de saberes entre a ciência e a comunidade tradicional. Posicionadas em um ângulo de 90 graus, as urnas estavam entrelaçadas às raízes da árvore caída, o que obrigou a equipe a realizar uma escavação vertical inédita, utilizando uma estrutura suspensa a 3,20 metros do solo construída com madeiras e cipós montados pela própria comunidade. 

Após um mês de escavações, as urnas foram então transportadas até a sede do Instituto Mamirauá, no município de Tefé, em uma operação que envolveu o uso de canoas, acampamentos temporários e métodos artesanais, tudo para garantir a integridade das peças durante o deslocamento. Agora, a próxima fase envolve análise laboratorial de sedimentos, ossos humanos e fragmentos cerâmicos, o que pode originar pesquisas de graduação, mestrado e doutorado. Além disso, os arqueólogos também iniciaram um processo de curadoria e restauração, algo que pode levar anos até ser concluído. 

urnas funerárias indígenas

Um olhar sobre práticas culturais pouco conhecidas

Segundo a pesquisadora do Instituto Mamirauá, Geórgea Layla Holanda, as urnas funerárias encontradas apresentam características inéditas, surpreendendo por suas grandes proporções. Os itens também não possuem tampas de cerâmicas aparentes, o que pode indicar o uso de materiais orgânicos – hoje já decompostos – para seu selamento. Outro detalhe que intrigou os pesquisadores foi que as urnas estavam enterradas a quase 40 cm de profundidade, provavelmente sob casas antigas. Enquanto isso, as análises iniciais dos materiais destacaram o uso de uma argila esverdeada rara e faixas vermelhas decorativas, o que pode apontar para uma tradição funerária até então desconhecida por especialistas. 

Ampliando nosso entendimento sobre as comunidades que habitavam a região do Médio Amazonas, essas descobertas evidenciam a complexidade cultural dos povos ancestrais, revelando novos contextos de sepultamentos e pistas sobre os modos de vida e rituais funerários que aconteciam no local.  Simbolizando o legado de nossos ancestrais, tais urnas trazem informações sobre o tratamento dado aos mortos nestas comunidades, exemplificando como cada cultura lida de forma diferente não apenas com a morte, mas também com a cerimônia de despedida.

É exatamente isso que Caitlin Doughty nos mostra em Para Toda a Eternidade.  Conhecida pelos DarkSiders por Confissões do Crematório, Doughty é agente funerária, criadora do grupo The Order of the Good Death e escritora, sendo famosa por abordar um tema que geralmente causa desconforto em muitos de nós: a morte

para toda a eternidade
Para toda a Eternidade

No entanto, assim como as urnas encontradas no Amazonas, Doughty nos mostra como a morte e os ritos funerários podem ensinar muito sobre o mundo e a cultura dos vivos, assim como nossa história e o legado de nossos antepassados. Em Para Toda a Eternidade, ela exemplifica como diferentes culturas e povos lidam com o fim da vida. Da Indonésia à Bolívia, passando pelo Japão e inúmeros outros países e comunidades, Doughty narra cada ritual fúnebre de maneira respeitosa, inserindo contextos históricos e pessoais ao longo do texto, revelando a fascinação de uma especialista que investiga a história funerária do mundo. 

Com uma escrita divertida e realista, mas ainda assim respeitosa, Para Toda a Eternidade nos leva por um inusitado passeio arqueológico e antropológico ao redor do globo e da própria história da humanidade. É a leitura perfeita para aqueles que ficaram intrigados com as descobertas realizadas recentemente no Lago do Cochila, mostrando que podemos sim aprender muito com a morte e forma pela qual lidamos com ela.

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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