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Wishmaster: Cuidado com o que você deseja

Wes Craven, Robert Englund e participações aterrorizantes

26/07/2024

Talvez você não tenha notado, mas existe uma regra básica e universal em todo filme de terror: tudo tem um preço. Aquele namoro em um carrão vermelho, um mergulho no lago do acampamento de verão, um passeio fantasiado a caráter em uma noite de Halloween. Até mesmo uma tarde de sol em uma praia infestada de turistas ou uma soneca em Elm Street pode ter um preço terrível. E o que dizer dos bonecos? Aqueles tão únicos, tão especiais? Hoje falaremos do que todas essas coisas têm em comum: desejos.

Wishmaster, que por aqui recebeu a tradução de O Mestre dos Desejos, chegou às telas em 1997, produzido por Wes Craven, dirigido por Robert Kurtzman, e com Robert Englund (nosso eterno Freddy Krueger) no elenco. Como muitos filmes que misturaram os nomes de Wes Craven e Robert Englund, esse é um daqueles que nunca mais sairia de nossas mentes.

Começamos a história no que parece ser um castelo, o lar de um alquímico do oriente que forja uma pedra vermelha que lembra uma opala de fogo. Terminada a forja, somos informados por um texto que existe uma espécie de gênio maligno nas sombras da criação, demônios chamados de Djinn. Conhecemos os poderes desse grande mal logo em seguida, na Pérsia antiga, em um dos inícios de filme mais violentos da época, com um gore realista, transmutações bizarras e sangue derramado em galões, um cartão de visita que nos prepara rapidamente para o ~~pior~~ melhor desse filme.

A moral da mitologia é que, caso o Djinn atenda a três desejos de quem o libertou, um portal se abrirá entre os mundos e condenará toda a Terra à danação. Antes disso, porém, o mago do reino consegue aprisionar o Djinn na joia que acabou de forjar.

Desse ponto somos lançados no presente de 1997, onde um homem chamado Beaumont (Englund) aguarda a liberação de sua encomenda no cais (uma estátua antiga de dois metros e meio de altura do deus pré-islâmico Ahura Mazda). Infelizmente para Beaumont, o destino tem outros planos, e sua estátua acaba caindo do guindaste e matando seu homem de confiança, Ed Finney (interpretado por Ted Raimi, sim ele mesmo, irmão de Sam Raimi que dirigiu Evil Dead).

Em seguida, um dos estivadores descobre o cristal escondido nos destroços e o rouba para si. A peça rapidamente troca de mãos e acaba em um leilão oficial da cidade, e a analista em antiguidades Alexandra Amberson é incumbida de analisá-la. No processo, Alexandra esfrega a peça em sua roupa e retira o Djinn de sua hibernação. Alexandra (Alex) é amiga do geofísico Josh, e acaba pedindo sua ajuda com a análise da gema de cristal. O que não dá muito certo, porque a gema explode e liberta o Djinn de vez. O demônio trapaceia de Josh, e quando o geofísico pede para que sua dor seja aliviada, ele o presenteia com a morte.

À procura de Alex e solto pela cidade onde todos desejam alguma coisa, o Djinn aproveita seu passeio e se diverte ganhando mais energia. Mesmo longe dessa criatura, Alex sente que algo está errado, enquanto é bombardeada por visões das vítimas do demônio. Uma dessas vítimas é um farmacêutico, e o ator é Reggie Bannister, um queridão do filme Phantasm. Aliás, Tom Savini aparece na mesma cena. Fique de olho, o filme tem várias participações (até mesmo uma estátua do Pazuzu!).

Atormentada por visões, presságios e pesadelos, Alex vai atrás da verdade no cais, e consegue o nome do colecionador, Beaumont. O colecionador direciona Alex para uma outra estudiosa, uma perita em folclore chamada Wendy Derleth, que finalmente conta a história do aprisionamento do Djinn para Alex. A essas alturas, o demônio já se parece com um humano, o que torna seu acesso pela cidade bem menos complicado. Esse é outro detalhe sobre Wishmaster: o ator. Goste ele ou não, Andrew Divott seria para sempre o mestre dos desejos, exatamente como aconteceu com seu anfitrião, Robert Englund “Krueger”.

O Djinn está no rastro de Alex, e no caminho segue distribuindo desejos invertidos para as pessoas. A mitologia criada para esse filme surpreende por sua plausabilidade, e somente grandes mestres da criação são capazes desses feitos. A cada cena somos informados de novos detalhes dessa mitologia, o que impede a monotonia e impulsiona nosso interesse pelo filme. Wishmater é um grande filme, com uma tonelada em peso de participações especiais, quotes revestidas em ouro, um filme que me parece não ter recebido o reconhecimento que merece.

Sem saber como agir e limitada por sua própria ignorância sobre o oculto, Alex volta a pedir ajuda à perita Wendy Derleth, mas nota que a mulher está insistentemente tentando deixá-la mais confortável, querendo prestar-lhe favores. Depois de uma troca de diálogos inteligentes e refinados, Alex percebe a armadilha e confronta o Djinn, que volta a assumir sua forma masculina. Alex segue o confrontando, e o filme ganha nova potência, não pelo gore ou pelos elementos mais tradicionais do horror, mas por sua inteligência.

Alex acredita que a única forma de vencer um oponente é o conhecendo profundamente, e tendo isso em mente ela formula seu desejo ao Djinn, nos levando ainda mais fundo na já bastante rica mitologia do filme. As cenas seguintes são um deleite, visualmente, textualmente, subliminarmente. Fica claro nessas sequências a presença da mão pesada de Wes Craven, ainda que ele estivesse longe da cadeira da direção. Muitas cenas poderiam facilmente ter sido colocadas ou retiradas em qualquer filme de A Hora do Pesadelo, existe poesia no sofrimento causado pelo Wishmaster.

Não demora e Alex gasta dois desejos, e só resta mais um para que ela liberte o mundo do Djinn ou dê todo o poder a ele. E se você deseja mesmo saber como esse filme termina, meu conselho é que o assista em sua plenitude. É um verdadeiro presente. Mas não se preocupe, nós não temos (eu acho) um Djinn trabalhando na Firestar, então vamos dar uma boa amostra verdadeira do que esse filme irá proporcionar sem que você precise pedir. Se esse é o seu desejo, é só apertar o play!

Não é hábito fazer isso, mas vamos deixar uma cola para você dar uma olhada e não perder nenhuma aparição especial desse filme. Não precisa agradecer, é de fã pra fã.