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8 Lições sobre investigação criminal que aprendemos em Divisão de Homicídios

Obra de David Simon é uma verdadeira imersão no departamento policial

14/11/2024

Todo entusiasta de conteúdos policiais, sejam eles fictícios ou de true crime, já se imaginou como seria viver isso no dia a dia. Como é a rotina de um detetive, como os policiais reúnem as evidências para chegarem aos suspeitos… e principalmente aos culpados. E, embora muitos livros, filmes e séries tentem mimetizar esse ambiente, a realidade é bem diferente.

LEIA TAMBÉM: Como O Silêncio dos Inocentes alimentou a nossa obsessão por true crime

Um olhar bem apurado sobre o dia a dia dentro de um departamento policial pode ser conferido em Divisão de Homicídios, um marco da literatura de true crime que chega ao selo Crime Scene® da DarkSide® Books. A obra de David Simon é uma verdadeira imersão na rotina policial, bem diferente daquela retratada em Hollywood.

Em 1988 ele obteve acesso irrestrito ao departamento policial de Baltimore e ao longo de um ano acompanhou os detetives de homicídios em suas rotinas diárias, desde cenas de crimes brutais até intensos interrogatórios e intermináveis burocracias internas. Divisão de Homicídios se tornou uma obra-prima do jornalismo investigativo que oferece um olhar íntimo e visceral sobre um dos trabalhos mais desafiadores e emocionalmente desgastantes

david simon
Imagem: Krestine Havemann

Com uma narrativa rica em detalhes e diálogos autênticos, Simon revela o cinismo e o esgotamento que acompanham o trabalho, e também captura momentos de humanidade e triunfo. O livro inspirou a aclamada série The Wire e nos deixa algumas lições valiosas — e nem um pouco romantizadas — sobre a investigação de crimes. Confira algumas delas:

1. Todo mundo mente

Não importa de qual “lado da lei” você esteja: em algum momento você vai faltar com a verdade. Assassinos mentem porque precisam escapar da condenação. Testemunhas e outras pessoas envolvidas mentem por diversos motivos, como vergonha, ocultar qualquer aspecto que possa culpabilizá-las, porque não se lembram ou porque se sentem coagidos a tal. Tem gente que mente por prazer mesmo. Então, policiais devem sempre ter em mente que a maioria das pessoas nunca fornecerá informações 100% corretas.

2. A vítima só morre uma vez, mas há várias maneiras de “matar” uma cena de crime

A preservação de uma cena do crime é imprescindível no trabalho investigativo, para garantir que as evidências sejam as mais corretas possíveis e conduzam à elucidação do crime. Após a equipe de perícia terminar a coleta das provas, cabe aos detetives encerrarem esta etapa e liberarem o local. Sim, porque infelizmente você não pode preservar aquela área para sempre

cena do crime
Imagem: Olga Yastremska, New Africa, Africa Studio

Porém, os policiais que trabalham em casos há muito tempo sem solução vivem se debatendo sobre a hipótese de terem perdido algum detalhe e massacrando-se na esperança de que, se tivessem preservado a cena do crime um pouco mais, talvez teriam encontrado alguma pista certeira.

3. Quanto antes, melhor

As primeiras 10 ou 12 horas após um assassinato são as mais críticas para o sucesso da investigação. Com o tempo, evidências podem se perder, criminosos podem se deslocar, armas do crime podem ser ocultadas com mais cuidado. Por isso que os casos que esfriam são tão difíceis de serem solucionados.

4. O que você faz quando ninguém está vendo denuncia quem você é

Você provavelmente já viu em algum filme ou série investigativos aquela cena em que o suspeito é deixado por horas sozinho em uma sala de interrogatório até que alguém finalmente aparece para fazer algumas perguntas. Existe um motivo para isso.

sala de interrogatório

Uma pessoa inocente deixada sozinha numa dessas salas vai ficar completamente alerta, vai esfregar os olhos, ficar encarando as paredes e até mesmo se coçar ou cutucar em lugares que ela (provavelmente) não faria em público. Uma pessoa culpada deixada sozinha numa dessas salas possivelmente vai tirar um cochilo.

5. Ter sorte é melhor do que ser bom

Não importa o quão perspicaz seja o detetive, às vezes ele só precisa ter um pouco de sorte mesmo para decifrar um caso. Não é raro um relatório policial que não leva a nada ser completamente descartado por causa de uma ligação misteriosa, ou alguma testemunha aparecer do nada e dar detalhes cruciais para solucionar o crime.

6. O laboratório é limitado pela existência de um suspeito

Caso não exista nenhum suspeito aparente no caso, o laboratório não vai conseguir produzir nenhuma evidência realmente significativa. Já nos casos em que um suspeito confessou o crime ou caso ele tenha sido identificado por pelo menos duas testemunhas oculares, o laboratório consegue analisar impressões digitais, evidências de fibras, amostras de sangue e análises balísticas.

laboratório forense
Imagem: Getty

7. A loteria do júri

Chegando ao julgamento, para o júri qualquer dúvida é razoável e deve ser levada em consideração. Quanto melhor o caso, pior o júri. Um bom homem é difícil encontrar, então imagine conseguir reunir doze deles!

8. O assassinato perfeito não existe

Apesar do título do capítulo 10, não existe um assassinato perfeito. O que existem, talvez, sejam assassinatos que ainda não foram solucionados. Que ainda não deram aquele golpe de sorte da ligação misteriosa ou da vítima que surge do nada. Ainda assim, isso não significa que todos serão solucionados, muito menos que o bem sempre vence e que os criminosos sempre pagarão pelos seus crimes. Isso deixamos para a ficção mesmo.

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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