Em 2013, Sara Stopazzolli e sua, irmã Leda Stopazzolli, fundaram a produtora Mera Semelhança, que desenvolve projetos audiovisuais engajados que tratam de temas relacionados à sociedade e aos direitos humanos. Com produções feitas por e para mulheres, alguns temas abordados envolvem violência doméstica e abortos clandestinos. E um dos projetos desenvolvidos foi o documentário Legítima Defesa.
Lançado em 2017, Legítima Defesa é resultado de uma pesquisa que durou mais de quatro anos, cheio de percalços na busca por fontes. A produção é uma parceria entre a Mera Semelhança e a Ocean Films e dá voz às mulheres vítimas de violência que se viram obrigadas a matar seus companheiros abusadores para preservarem a própria vida.
A ideia do documentário surgiu em 2013 e partiu de Leda, que ficou responsável pela produção. Sara se encarregou da pesquisa e do roteiro, mas esta não foi uma tarefa fácil. Além da dificuldade em encontrar estatísticas sobre este tipo de crime, são pouquíssimas as pessoas que passaram por isso que estão dispostas a falar sobre o tema em uma entrevista.
No início, a investigação de Sara Stopazzolli envolveu mergulhar em processos judiciais e compreender todas as implicações da legítima defesa perante a lei. Dos 50 casos que ela investigou em sua pesquisa, apenas 10 mulheres foram encontradas, seis concordaram em mostrar o rosto e, deste grupo reduzido, uma faleceu e duas desistiram às vésperas da filmagem.
Durante o processo a jornalista se questionou se o documentário não seria uma invasão da vida destas mulheres e até pensou em desistir. No entanto, ela se lembrou do lado positivo que tal material poderia acarretar: o da libertação das mulheres que queriam falar sobre suas histórias, além do alerta e apoio a outras pessoas que são vítimas de homens violentos.
Segundo Marcia Heloisa — doutora em literatura, tradutora, pesquisadora e editora da DarkSide® Books —, o documentário seleciona relatos de bravas mulheres, alternando os depoimentos reais de Úrsula Francisco e Daiana Cristina com a reconstituição ficcional do julgamento de Emília.
“O filme mapeia com delicadeza e sobriedade o trágico percurso da violência doméstica à busca por justiça que muitas mulheres enfrentam diariamente em nosso país”, comenta.
Para Márcia, entre os relatos comoventes e a reprodução dos autos no tribunal, Legítima Defesa apresenta um retrato profundamente sensível e impactante do tema. A opção estética de encenar os julgamentos acaba por ser um recurso importante para a narrativa, que preza pela apresentação dos fatos e a reprodução das histórias reais. Nenhuma mulher é tratada como vítima: são sobreviventes que foram obrigadas a tomar suas vidas de volta nas mãos e, no processo, tiveram a oportunidade de redefinir seus caminhos. Legítima Defesa dá voz às suas protagonistas e acompanha seus passos rumo a um futuro de esperança restaurada, com novos horizontes e, quem sabe, inédita liberdade.
O documentário foi lançado na mostra competitiva do Festival Internacional Mujeres en Foco, em Buenos Aires, de onde saiu premiado. Além disso, o material rodou o Brasil em mostras locais, incentivando o debate sobre um tema tão delicado. Hoje ele está disponível nos canais de streaming NOW e VIVO Play.
De um tema tão relevante e uma pesquisa tão vasta, surgiu o pacto com a DarkSide® Books. O livro Elas em Legítima Defesa: Elas sobreviveram para contar não apenas acompanha a trajetória das entrevistadas, mas dá amplitude ao material do documentário. A publicação apresenta a pesquisa completa de Sara Stopazzolli, com histórias inéditas, novos dados e estatísticas que aprofundam o tema.
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