Em sua nova investigação, Audrey Rose se depara com o jovem Harry Houdini a bordo de um transatlântico. A trama sustenta o terceiro volume da série Rastro de Sangue e o histórico ilusionista parece estar no centro do mistério a bordo do navio. Mas afinal, quem foi Houdini?
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Erik Weisz nasceu em março de 1874 em Budapeste, do extinto Império Austro-Húngaro. Filho de uma família judia e com seis irmãos, Houdini se mudou ainda novo para os Estados Unidos, morando no pequeno estado de Wisconsin, onde seu pai era rabino.
Em virtude do emprego do pai, a família eventualmente se mudou para Nova York. Por terem passado por períodos de dificuldades financeiras, pequeno Erik teve vários empregos ainda criança, estreando como trapezista aos nove anos de idade. Quando jovem, ele também foi campeão de corrida cross country.
Depois de ter treinado suas técnicas de ilusionista na adolescência, Erik adotou o nome de Harry Houdini e se lançou na carreira de mágico em 1890, com apenas 16 anos. Seus primeiros passos envolveram truques simples com cartas. Apesar de ter se autoproclamado “Rei das Cartas”, o início da sua carreira não foi de muito destaque.
Foi quando ele se dedicou aos truques de desaparecimento e escapada que as coisas começaram a mudar. Por um tempo ele se apresentou com um de seus irmãos no número “Os Irmãos Houdini”, mas quando se casou com Bess Rahner ela se tornou sua assistente de palco – e assim seguiu por toda a sua carreira.
Houdini decolou como ilusionista em 1899, quando conheceu o empresário Martin Beck, que o aconselhou a se concentrar nos truques de escapada, como um em que ele se livrava de algemas. Em questão de meses, ele já estava se apresentando nos principais palcos de vaudeville do país e, no ano seguinte, embarcou em uma turnê pela Europa – chegando a se apresentar inclusive para a Scotland Yard.
Por 20 anos, Houdini se apresentou nos Estados Unidos e em teatros por toda a Grã-Bretanha em seus números de ilusionismo, escapadas e truques de cartas, tornando-se um dos principais artistas do mundo. Conhecido como “O Rei das Algemas”, em toda cidade por onde passava o ilusionista desafiava a polícia local a algemá-lo e a prendê-lo em suas celas, para que ele escapasse.
Com o sucesso, muitos ilusionistas passaram a copiar os truques de Houdini. Para se destacar dos demais e se manter em um nível superior, o mágico elaborou novas performances, cada vez mais perigosas e impressionantes:
1. O desafio do Daily Mirror: em 1904, o jornal inglês Daily Mirror desafiou Houdini a escapar de algemas especiais que um ferreiro chamado Nathaniel Hart teria levado cinco anos para forjar. A apresentação reuniu cerca de 4 mil pessoas e 100 jornalistas e durou pouco mais de uma hora. Ele emergiu de seu painel várias vezes e, depois de conseguir escapar, chorou diante da multidão. O ilusionista declarou que foi a escapada mais difícil de toda a sua carreira.
2. A escapada da lata de leite: o número foi criado pelo próprio Houdini para se diferenciar de outros mágicos que começaram a imitar seus truques. Nesta apresentação, ele era algemado e trancado dentro de uma lata de leite gigante, que estava cheia de água. O risco real do artista se afogar era o que causava maior comoção no público, que era convidado por Houdini a prender a respiração enquanto ele se desprendia do tanque. Mais tarde ele fez um upgrade no número e colocou a lata de leite dentro de um baú de madeira.
3. A cela de tortura chinesa: incansável em criar novos truques para seu público e se manter em um nível mais alto do que seus imitadores, Houdini criou o númro da cela de tortura chinesa. O mágico tinha seus pés trancados em cabos e era pendurado de cabeça para baixo, mergulhado em um tanque cheio de água. A caixa era feita de mogno e metal e tinha uma vitrine de vidro, por onde a plateia conseguia ver o ilusionista submerso. Em algumas versões, o truque ainda contemplava uma cela ao redor do tanque. O número foi apresentado por ele até sua morte, em 1926.
4. A escapada de camisa de força em suspensão: este era um dos truques mais conhecidos do mágico. No número, ele era contido em uma camisa de força e pendurado de cabeça para baixo de algum prédio ou guindaste. Houdini praticava sua escapada aos olhos do público, diferentemente da maioria de seus números, que geralmente envolviam um painel ou uma cortina escondendo o truque. Para garantir a cobertura da imprensa, não foram raras as vezes em que ele apresentou a escapada no prédio de algum jornal.
5. A escapada da caixa naufragada: em mais um número perigoso envolvendo água, Houdini escapava de um caixote fechado com pregos e cordas depois que ela era submersa na água. Como se isso não fosse o suficiente, o ilusionista estava preso por algemas e com pesos de ferro nas pernas. Sua primeira escapada, apresentada em um rio em Nova York, levou 57 segundos.
6. Enterrado vivo: a primeira vez em que Houdini apresentou este número quase custou sua vida. Enterrado sem um caixão em uma cova de quase 2m de profundidade, ele ficou exausto e entrou em desespero enquanto cavava rumo à superfície. Quando sua mão saiu da terra, ele ficou inconsciente e foi resgatado por seus assistentes. A variação deste truque que iria parar nos palcos envolvia um Houdini preso em uma camisa de força, trancado em um caixão e enterrado em um tanque cheio de areia. Não se sabe se ele chegou a apresentar o número, que seria a principal atração para sua turnê de 1927, porém, o mágico morreu um ano antes.
Nos primeiros anos da história do cinema, Harry Houdini aproveitou as possibilidades do audiovisual para registrar filmes de seus números. Seu primeiro trabalho foi uma produção francesa com uma coleção de seus truques. Em 1918 ele participou de uma série chamada O Mestre do Mistério, que foi lançada simultaneamente com um livro.
A produção lhe rendeu um contrato com a Paramount Pictures e Houdini estrelou dois filmes: The Grim Game e Terror Island, de 1919 e 1920, respectivamente. Depois desta experiência, o mágico retornou a Nova York e começou sua própria produtora de filmes, por meio da qual produziu e estrelou os longas: The Man from Beyond e Haldane of the Secret Service. Nem seus filmes e nem sua carreira no cinema tiveram muito sucesso.
Outra atividade paralela do ilusionista envolvia aviação. Em 1909 ele se tornou fascinado por aviões e chegou a comprar um biplano francês por US$ 5 mil, o equivalente a quase US$ 150 mil nos dias de hoje. Depois de cair em uma tentativa, o primeiro voo bem-sucedido de Houdini ocorreu em Hamburgo, na Alemanha.
Uma das causas que o mágico abraçou em seus últimos anos de vida foi desmascarar espiritualistas, como videntes e médiuns. Seus conhecimentos em ilusionismo permitiram que ele revelasse fraudes que convenciam até cientistas e acadêmicos naquela época.
Seus esforços em desmascarar tais práticas foram registradas por ele no livro Um Mágico entre os Espíritos, escrito em conjunto com C. M. Eddy Jr., que não foi creditado. Isso lhe custou a amizade com Sir Arthur Conan Doyle, autor de Sherlock Holmes, e uma pessoa que acreditava firmemente no espiritualismo.
Em 1926, um ano antes de sua morte, Houdini contratou H.P. Lovecraft e C. M. Eddy Jr. para escrever um livro completo dedicado a desmascarar milagres religiosos. A obra se chamaria O Câncer da Superstição. Porém, o livro nunca chegou a ser concluído, ficando limitado a um manuscrito de 31 páginas.
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Antes de sua morte, Houdini e sua esposa Bess fizeram um acordo de que, se fosse possível se comunicar após a morte, o mágico enviaria a mensagem “Rosabelle believe”, um código dos dois para a música preferida do casal. Durante dez anos ela participou de séances durante o Halloween, mas nunca obteve sucesso. Até hoje a tradição de realizar estas sessões espíritas na esperança de contatar o ilusionista é mantida por mágicos de todo o mundo.
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1 Comentário
Décio Wallauer
1 de janeiro de 2023 às 20:41
Décio Wallauer
1 de janeiro de 2023 às 20:41
Muito bom.