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Feminismo e personagens complexos: O Legado Literário das Irmãs Brontë

Autoras desafiavam o patriarcado em plena Era Vitoriana

24/11/2021

A DarkSide® se tornou lar das irmãs Brontë: de Vitorianas Macabras a O Morro dos Ventos Uivantes, Charlotte e Emily continuam a nos fascinar mesmo após mais de um século desde suas publicações. Acompanhadas de sua irmã Anne, as palavras das mulheres da família Brontë formam um poderoso legado da literatura inglesa.

LEIA TAMBÉM: NOVA EDIÇÃO: O MORRO DOS VENTOS UIVANTES, DE EMILY BRONTË

Filhas de um religioso e historiador, as garotas Brontë, assim como seus outros irmãos, se familiarizaram com a escrita desde jovens, a princípio como uma espécie de brincadeira. Todos se mostraram talentosos narradores, mas as mais jovens, Emily, Charlotte e Anne, transformaram as palavras em um passatempo, o que lhes permitiu desenvolver ainda mais suas habilidades.

Créditos: Patrick Branwell Brontë

Quanto mais elas praticavam, mais complexas suas narrativas se tornavam. As principais influências das jovens escritoras da família Brontë vinham da leitura de jornais, das histórias de Lorde Byron, das pinturas de John Martin e dos costumes religiosos da família – às vezes com certo escárnio.

Histórias que refletem a revolta com o patriarcado

Há uma certa raiva feminina, ainda que sutil, nos trabalhos das irmãs Brontë. Mas a revolta ainda era um protótipo para os movimentos feministas que viriam nos anos seguintes, muito provavelmente impulsionada pelo convívio com o irmão delas, Patrick Branwell Brontë

Os Brontë viviam em uma espécie de limbo social: muito inteligentes e respeitados, mas sem muito dinheiro. Como o único filho homem, era esperado que Branwell sustentasse suas irmãs – pelo menos até que elas se casassem, como era costume na época. 

Apesar de ter sido um jovem promissor, as aspirações artísticas de Branwell, tanto na pintura como na literatura, nunca vingaram. Diante da frustração, ele sucumbiu ao alcoolismo e ao vício em láudano e ópio. Enquanto Branwell reunia todas as expectativas do patriarcado, suas irmãs se viraram com trabalhos como governantas, tutoras e professoras, ao mesmo tempo em que continuavam a escrever

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Charlotte Brontë / Créditos: J.H. Thompson

O sucesso delas e o fracasso de Branwell desafiavam o que se esperava de homens e mulheres na época. Ainda assim, suas obras refletem o sentimento de mulheres brilhantes aprisionadas em uma sociedade que lhes oferece pouquíssimas oportunidades e recursos, ao mesmo tempo em que homens, muitas vezes medíocres, alcançam posições de prestígio sem fazer muito esforço. Este sentimento certamente não se restringe à Era Vitoriana.

Em suas obras mais famosas, temos Jane Eyre aos chutes e mordidas enquanto é contida e advertida para se sentar e ficar quieta, como uma boa garota. Em O Morro dos Ventos Uivantes temos uma Catherine Earnshaw quase selvagem e que cria uma amizade em tom de igualdade com Heathcliff desde a infância. Se pararmos para analisar bem, os romances das irmãs Brontë falam sobre mulheres presas pelo patriarcado e que querem ser livres

A profundidade do mundano

Outro ponto intrigante na literatura de Charlotte, Emily e Anne é a profundidade das experiências humanas narradas por elas. Enquanto muitas pessoas acreditam que bons escritores precisam ter uma vida extraordinária para escrever boas histórias, como Ernest Hemingway e Jack Kerouac, as irmãs Brontë viviam praticamente no meio do nada e levavam uma vida entediante.

Emily Brontë/ Créditos: Reprodução/Getty Images

O que fascina as pessoas até hoje é imaginar estas três jovens morando em uma casa no interior de Yorkshire e escrevendo histórias sobre as mais intensas experiências humanas. Elas foram além dos limites do próprio mundo e nunca entregaram uma fórmula fácil, utilizando-se de personagens com vícios e virtudes e finais ambíguos. Isso chocou muitas pessoas na época, provocando debates que perduram até os tempos atuais.

Provavelmente a própria vida entediante e seus trabalhos pouco estimulantes fizeram da escrita o escape perfeito. Por meio das palavras, que saíam de maneira quase desesperada das irmãs, elas deixavam sua mente vaguear por tramas que elas provavelmente nunca experimentariam – mas cujos sentimentos conheciam como ninguém. 

Além do isolamento e do tédio rural, as irmãs tiveram algumas perdas e experiências traumáticas em suas vidas, como a morte da mãe, das irmãs mais velhas e, mais tarde, de seu irmão Branwell. Elas não precisaram sair de casa para viver com intensidade e provaram que para ser um bom escritor basta ser um bom observador.

Charlotte, Emily e Anne iam além da superfície, da expectativa óbvia da narrativa. Temos personagens que acreditavam na ideia de “felizes para sempre” do casamento, mas que continuavam infelizes após cumprirem esta etapa. São histórias de perdas, ganhos, de finais questionavelmente felizes e, acima de tudo, de desejos e esperas, sentimentos que transcendem as décadas.

Com temas desconfortáveis, personagens que amamos odiar e a confusão que permeia as sensações humanas, as irmãs Brontë adicionaram camadas complexas às suas histórias e elevaram o jogo para os escritores que viriam a seguir. Com sua imaginação, encontraram a liberdade tanto almejada por mulheres vitorianas e tão cobiçada pelas pessoas em pleno século XXI.

LEIA TAMBÉM: OS PRINCIPAIS TEMAS DE O MORRO DOS VENTOS UIVANTES

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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2 Comentários

  • Kalina Paiva

    1 de dezembro de 2021 às 10:38

    Quando a personagem Catherine diz: “Heathcliff e eu somos um…”, reforçando que suas almas são feitas da mesma “substância”, os leitores enxergam um amor recíproco e impossível. Mas essa voz feminina está bradando para nós que o tratamento conferido às mulheres não era diferente daquele conferido ao estrangeiro. Logo em seguida, ela reforça que se casará com outro e não com o cigano para assegurar condições de vida para ambos. Essa fala denuncia uma Inglaterra xenofóbica e patriarcal. Há várias chaves de leitura no romance. A parte sobrenatural é, apenas, a casca. Nas profundezas da narrativa, encontramos críticas sociais fortíssima.

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