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The Hidden: Bons atores, perseguições policiais e caramujos alienígenas

Uma mistura inusitada que não deve ficar escondida

03/11/2023

Possivelmente, The Hidden é dono de um dos começos (e finais) mais curiosos do cinema de horror. Isso porque tudo o que vemos na primeira cena é o interior de uma agência bancária, através de uma câmera de segurança, com pessoas comuns cuidando de suas vidas, aplicando seu dinheiro, trabalhando e… levando tiros. Exatamente. E o atirador ainda abre um largo sorriso para a câmera antes de acertá-la com uma doze. Logo depois engatamos em uma perseguição policial (com direito a rock and roll no toca-fitas, derrapagens, saltos improváveis e atropelamento de vidros transportados por trabalhadores incautos). O assaltante em fuga pilota uma Ferrari preta — e ele não está preocupado em arrebentá-la inteira ou aniquilar alguns pedestres em sua fuga. Se você está se perguntando por que alguém sacrificaria uma Ferrari por alguns trocos roubados no banco, eu também estou.

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O caso é que a fuga não é tão bem-sucedida, então nosso maníaco automobilístico-assaltante, depois de atropelar um cadeirante, acaba tendo sua carreira de velocista interrompida por uma chuva de balas. Ah, ele também pega fogo com a explosão da Ferrari. Mas muita calma, ele ainda está vivo. Também nesse começo atestamos que o homem em fuga, Jack Devries, era um corretor da bolsa, e já tinha bastante dinheiro graças aos seus investimentos (além de uma Ferrari preta). Então para que assaltar um banco? O plot do filme vem em seguida, quando alguma coisa (nojenta, gosmenta, repugnante e caramujenta) sai da boca de nosso criminoso assado e entra na boca de seu companheiro de quarto de hospital.

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Eu não quero ser um herege, mas a trama desse começo me lembrou rasamente The Outsider, do pai de todos nós, Stephen King. Imagino se esse filme possa ter sido de alguma forma uma inspiração rasa ao rei (mas posso estar errado, vocês me dizem depois). Já um filme que parece ter tomado muitos pedacinhos de The Hidden para si foi Man In Black, o primeiro MIB da franquia, de 1997, coloque esse na lista de semeados também.

The Hidden, batizado por aqui de O Escondido, é uma quase ficção científica de horror, que chegou ao mundo no auge das produções policiais. Dirigido por Jack Sholder, é um daqueles filmes que rapidamente seriam esquecidos, mas não por nós, principalmente porque ele traz o Twin Peaker mais amado de todos Kyle MacLachlan fazendo o protagonista Lloyd Gallagher, um agente do FBI. Para ajudar Lloyd, temos o típico policial-durão-sem-paciência-sobrecarregado-de-trabalho-dos-anos-80, Tom Beck (e ele não está nada feliz com essa parceria).

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Por alguma razão estranha, nosso ser gosmento que troca de corpos tem um gosto refinado por carros envenenados e rock and roll, então a trilha sonora está garantida. Aliás, essas preferências são a principal solução do filme e o principal problema para o ser gosmento, afinal de contas, o que ele quer ele rouba, e ele mata quem ficar no seu caminho. Oh sim, e ele também começa a se interessar pelas mulheres (mas não da forma como você está pensando). E o escondido também curte armamentos pesados.

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A dinâmica entre os dois oficiais da lei é o suprassumo da década de 1980. Discussões, diálogos rápidos e sarcásticos, então se você for mais “old is cool”, fã de Um Tira da Pesada e Máquina Mortífera, vai gostar de rever esses momentos. Do contrário, pode ser que se sinta um pouco deslocado, mas nada que atrapalhe a diversão.

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Trocando de corpo novamente, o ser escondido em uma stripper nos leva a mais perseguições e mais tiroteios, com direito a alguma nudez entre uma coisa e a outra, mas nada muito exagerado. Os efeitos especiais são muito bem feitos, convincentes, assim como todo o resto da produção. The Hidden não é um filme pensado para ser barato, mas uma produção que contou com um bom investimento, um filme que tenta se levar a sério, apesar de todas as improbabilidades disso acontecer. É de fato interessante como, mesmo com tantas indecisões de gênero ficcional, acabamos nos rendendo à trama a aceitando muitos deslizes, além de reconhecermos influências de grandes clássicos do sci-fi como Invasion of the body Snatchers e The Thing, e até mesmo de Terminator. E se nada disso foi bom o suficiente, ainda temos Danny Trejo fazendo uma ponta de marginal antes de levar um tiro.

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Algumas surpresas e viradas de trama não são exatamente imprevisíveis, o chumbo rola mais solto do que no filme Robocop, e a melhor experiência de todas acaba mesmo sendo esse vislumbre dos anos 1980 em toda sua estranheza e glória cinematográfica. Inexplicavelmente, me diverti muito ao assistir The Hidden, oriundo de uma época onde era possível se misturar quase todos os gêneros e ainda assim produzir um filme interessante. Mas a grande surpresa fica mesmo para o final, que me deixou com a pulga atrás da orelha — e essa parte eu não vou revelar de forma alguma. Mas vou deixar um trailer para vocês se animarem a conferir. 

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Vamos nessa? Ou vocês vão ficar aí escondidos?

Trailer aqui: 

Sobre Cesar Bravo

amplificador cesar bravoCesar Bravo é escritor, criador de conteúdo e editor. Pela DarkSide® Books, publicou Ultra Carnem, VHS: Verdadeiras Histórias de Sangue, DVD: Devoção Verdadeira a D., 1618 e Amplificador.

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