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Superstition: Um filme que irá testar sua descrença

Obscuro, profano e com muito gore

01/03/2024

Existe um ditado muito popular entre os colaboradores da Firestar Videolocadora e do DarkBlog: “Me entreguem uma pá e eu vos entregarei o mundo”. É com esse espírito escavador e indomável que trouxemos de volta à vida o filme de hoje. Definido como um slasher sobrenatural, Superstition chegou ao mundo em 1982 (embora tenha sido apresentado somente em 1985), dirigido por James W. Roberson e mantendo seu título traduzido no Brasil, Superstição.

Começamos nossa escavação mística com um casal se aquecendo em um local ermo, dentro de um automóvel. Isso pode soar estranho a você, criatura jovem dos anos pós-2000, mas antigamente era assim que a coisa funcionava, e muitos bebês foram gerados dentro de um carro. Mas o caso é que o nosso casal com hormônios à flor da pele está com a sorte ao seu lado nessa noite tão feliz. Então, se vocês querem sangue, vão precisar esperar mais um pouco (são só alguns minutos e valerá muito à pena, eu garanto).

Depois de sermos devidamente recepcionados pela fada do gore, faremos companhia ao inspetor de polícia Sturgess (Albert Salmi), encarregado da investigação de duplo assassinato que acabamos de presenciar.

A propriedade onde os crimes ocorreram é, segundo as palavras do investigador, um pântano, um local onde se joga todo tipo de lixo. Além disso, é o lar-doce-lar de uma mulher exótica (Elvira Sharack) e de seu filho misterioso (Arlen Sharack), que é descrito como portador de alguma deficiência mental. No tom dessa primeira conversa do inspetor de polícia, captamos que Superstition não tem esse nome à toa, uma vez que ninguém sabe exatamente o que está acontecendo naquela região, ainda que todos suspeitem que o lugar é amaldiçoado ou o covil de um assassino. Lugar esse, aliás, que pertence à igreja da cidade, e está ao encargo do reverendo David Thompson (Jim Houghton).

Como espectadores, percebemos que os problemas do lugar não são exatamente as lendas urbanas locais ou mero receio dos moradores próximos, mas algo real que é capaz de matar se for confrontado. Um ministro religioso experiente chega inclusive a propor abençoar a casa, mas essa acaba se mostrando uma péssima decisão…

Mesmo com tantos incidentes (mortes) prévios, mesmo com Arlen sendo acusado de matar um policial, e foragido, a família de um novo reverendo se muda para a mesma casa depois de uma reforma — e a casa fica ao lado do bangalô onde Elvira Sharack e seu filho foragido moram.

O gore em Superstition não é nada econômico, e se você é desses cinéfilos que gosta de ver os efeitos práticos jogando sangue, corpos mutilados e membros em decomposição na sua cara, vai se sentir em casa. Da mesma forma, Superstition não deixa de ser uma história de mistério, então existem muitas partes da trama que nos sequestram até a subida dos créditos.

Superstition não entrega uma única suspeita, em vez disso prefere brincar conosco e com a nossa capacidade de nos aprofundarmos mais e mais nos diferentes mistérios propostos pelos personagens. O filme é obscuro na maioria dos momentos, profano, a visão da câmera se alterna entre terceira pessoa e a primeira pessoa de um suposto agressor. A trilha sonora também oscila nessa mesma inconstância, o que funcionou muito bem nesse filme.

Os desaparecimentos continuam ocorrendo, e logo chega a vez do assassino se interessar pela família do reverendo alcoólatra George Leahy. As mortes e os ataques a partir desse ponto são surpreendentemente cruéis, não poupando nada e nem ninguém que se meta no caminho da força sobrenatural. Os assassinatos seguem um crescente de violência e crueldade, e algumas cenas irão testar até mesmo os espíritos mais valentes. Existe ainda toda uma exploração de elementos religiosos e exotéricos, um tempero a mais para aquelas almas inocentes que acham que a violência é privilégio dos povos bárbaros.

Quem é essa força e os desfechos finais do filme não vamos contar nessa matéria, porque esse é um dos filmes mais estranhos que você vai encontrar no catálogo. A boa notícia é que de tão estranho e corajoso, Superstition ergue possibilidades que ainda hoje podem inspirar novos criadores.

Dito isso, chegou a hora de deixarmos a área nebulosa da superstição e apertarmos logo esse play!

Vocês vão se surpreender.

Ahh sim! Tem trailer aqui!