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Tremors: Vermes gigantes, pólvora e Kevin Bacon

Sinta o ataque desse cult atemporal

23/02/2024

Como cinéfilos devotados e praticamente moradores da Firestar & DarkBlog, sabemos que nem sempre vale a pena ver de novo. Em nossos garimpos também encontramos ouro-de-tolo, metais fajutos, muitas vezes nos enganamos com o brilho de uma pedra falsa e damos amor a quem não merecia, pensando que era joia rara e era bijuteria (saudações aê, Bruno e Marrone). Não é por acaso, inclusive, que evocamos as vozes do campo para essa matéria, acontece que falaremos de um filme de terror bastante deslocado da área urbana, desértico, estrelado pelo sempre tiro-certo, nosso herói, Kevin Bacon.

Escrito por Brent Maddock e dirigido por Ron Underwood (e eternizado no Brasil como O Ataque dos Vermes Malditos), Tremors emergiu das profundezas em 1990, tornando-se um dos filmes mais celebrados do período e um cult atemporal. E vamos nos aprofundar nessa história!

Começamos o filme com uma bela paisagem desértica do estado de Nevada, em uma área montanhosa e rochosa dos Estados Unidos. Em harmonia com a natureza, Valentine “Val” Mckee (Kevin Bacon) dedica uma pequena urinada ao desfiladeiro, para logo depois tirar a cueca do traseiro e acordar seu parceiro, Earl Basset (Fred Ward) de uma ressaca das boas. Um começo memorável, se vocês me permitem dizê-lo, e que também dá o tom para essa produção que equilibra muito bem horror e comédia.

Os amigos Valentine e Earl logo pegam no pesado, e pelo que entendemos eles são pau pra toda obra; de colocar mourões e cercas até assentar pisos e forrar telhados, tudo pra não perderem a liberdade que possuem e continuarem bem longe da civilização. Completando o elenco principal, eles encontram Rhonda LeBeck (Finn Carter), uma sismóloga que está na região da cidadezinha de Perfection tentando encontrar a origem de alguns abalos sísmicos incomuns.

O caso é que essa tal liberdade dos dois amigos não vale tanto quanto tomar sol o dia inteiro, comer poeira e levar um banho de esgoto uma vez por semana, e dessa forma Earl e Val se convencem que é hora de cair fora, mudar de vida, deixar Perfection continuar complicada e perfeitinha para os seus outros amigos locais. Com todas as suas posses (que cabem na caçamba de uma caminhonete) eles caem fora! — era o que fariam se não encontrassem o bêbado local, Edgar, morto em uma torre de energia ao longo da estrada. De volta a Perfection, descobrem com o médico local que o homem morreu de desidratação, por ter ficado voluntariamente em cima daquela torre por dois, talvez quatro dias. Fugindo de alguma coisa do chão, aparentemente.

Confusos sim, mas longe de desistir, nossos heróis estão de volta à estrada quando encontram um novo problema na fazenda de criação de ovelhas de um outro morador da cidade. Melhor dizendo, eles encontram a cabeça do sujeito e muitos animais mortos no curral. A partir desse momento percebemos que as risadas se tornarão mais escassas e o sangue mais exuberante. Pelo título em português já imaginamos o que está dentro da terra, mas sofremos bem mais de ansiedade pelo vínculo criado com os personagens, é dessa forma que o filme segue sequestrando nossa atenção a cada minuto.

Earl e Val ainda tentam deixar a cidade mais uma vez, mas então encontram um desabamento de encosta que impede a passagem da pick-up. Com o isolamento, temos os dois lados no tabuleiro: o que sobrou da pequena Perfection versus os vermes malditos.

A brutalidade aumenta a cada ataque, então esse é um daqueles filmes que só param de surpreender (e chocar, o que a gente gosta bem mais) na subida dos créditos. Gritos, sangue, nojeira, tiros e agonia, o pacote premium dos fãs de horror.

Tremors também leva a seu favor paisagens incríveis, diálogos rápidos, grandes atores e interpretações memoráveis, que elevam e justificam a qualidade final do filme. As explicações técnicas não são lá essas coisas, mas quando você tem vermes de quatro toneladas saindo da terra, sobreviver parece bem mais importante. Outro ponto que chama atenção é a presença do norte-americano mais cascudo, representada principalmente por um casal que transforma sua casa em um pequeno bunker, carregado até o teto com armas e munições (foi mais do que útil no final das contas; enquanto não for possível dialogar com um verme gigante, você precisa de armas, capisce?).

Como muitas outras produções que fazem parte da safra de bons filmes antigos, esse também tem a duração perfeita, não chega a duas horas, então se você é daqueles que detesta enrolação e não tem tempo a perder na vida, tem mais essa vantagem pra colocar na balança.

Assistindo Tremors acabei me lembrando de uma logline que Ridley Scott usou para vender seu filme Alien. Segundo a lenda, ele disse aos estúdios: “É como Tubarão no espaço”. Se você levar alguns tubarões e xenomorfos pro deserto, então encontrará uma boa definição para Tremors.

E então? Convencido?

Se você se animar, a franquia total de Tremors tem mais seis filmes, mas talvez alguns deles mereçam continuar embaixo da terra, diferente desse clássico aqui.

Bora lá fazer o chão tremer?

É só apertar o play!

O trailer você confere aqui: