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A Morte Pede Carona… e ela senta no banco da frente

Uma jornada de pesadelos que vai te traumatizar

07/06/2024

Não é novidade que a Firestar gosta de desenterrar clássicos subvalorizados do passado e colocá-los no grande panteão dos filmes de horror que marcaram nossas vidas, mas isso não significa que nossos colaboradores e clientes não sejam malucos por um clássico indiscutível.

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Para falar do filme de hoje, vamos começar dizendo que entre todas as escolhas horrendas de rebatismos para o português, o nome desse aqui é muito, mas muito mais bacanão que o original. Em um tempo onde o horror passava longe de ser a bola da vez no Brasil, A Morte Pede Carona foi o filme responsável por gerar mais assunto que a Guerra Fria, e invadiu os lares brasileiros com a mesma desfaçatez de um serial killer.

Dirigido por Robert Harmon, escrito por Eric Red, e estrelado pelo monstro sagrado Rutger Hauer, esse suspense irretocável — no original, The Hitcher —, nasceu em 1986, e diz a lenda (e o próprio Eric Red) que a letra de “Riders on the Storm”, da banda The Doors, pode ter inspirado parte do argumento do filme.

Começamos nossa jornada de pesadelos ao lado de Jim Halsey (interpretado por C. Thomas Howell), enquanto ele acende mais um cigarro e dirige pelo deserto texano. Existe um tom de estranhamento logo no começo, estamos mais ou menos no crepúsculo, Jim começa a ficar sonolento enquanto dirige. O café e o cigarro ajudam a abrir os olhos, mas não impedirão o sono por muito tempo. A cada piscada mais pesada, uma nova tempestade cresce por trás das montanhas.

a morte pede carona

Um homem pedindo carona aparece quando a chuva já cai forte sobre o carro. Jim para, abre a porta do carona e brinca: “Minha mãe disse pra eu nunca fazer isso” (pois é, Jim, e você não deveria ter feito mesmo). De qualquer forma, os dois se apresentam, Jim Halsey no volante e John Ryder no carona. Parte do sucesso desse filme vem da performance de John Ryder, ou melhor dizendo, de Rutger Hauer que o interpreta.

a morte pede carona

As coisas começam a ficar mais estranhas bem depressa. John Ryder é invasivo e evasivo ao mesmo tempo, e o seu senso de humor tem esse mesmo temperamento, como se cada tentativa de sorriso servisse apenas como disfarce para um ataque friamente planejado. Jim percebe que há algo de muito errado naquele cidadão, tenta se livrar de John Ryder, mas o charme de um psicopata é bastante convincente, o que também convence a Jim. Nesse ponto do filme, logo no começo, nós também pensamos que haverá um refresco na tensão, mas na próxima sequência John Ryder afirma ser um assassino que desmembrou sua última carona. Ah, sim, e ele diz que fará o mesmo com o pobre Jim. 

a morte pede carona

É uma jogada de mestre dos roteiristas e da direção, algo que nos coloca em choque, da mesma forma que fez Alfred Hichcock quando matou sua protagonista no chuveiro em Psicose. Desse momento em diante, estamos nas mãos desse filme, e dos desejos pervertidos do assassino de beira de estrada John Ryder.

a morte pede carona

Tudo bem, nós entendemos o ponto. De agora em diante teremos o pobre rapaz chamado Jim sendo torturado dentro do carro pelo psicótico John Ryder, como um brinquedo velho nas mãos de uma criança minada. Exceto que Jim consegue jogá-lo para fora do carro em um movimento de reação inesperado. Jim comemora e Ryder rola pelo asfalto. Tudo está bem de novo, o assassino está ficando pequeno no retrovisor, o sol volta a brilhar.

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Não é bem assim. Na verdade, John Ryder consegue outra carona e segue sua estrada de assassinatos, colocando Jim Halsey como a única pessoa capaz de detê-lo e impedir novas mortes. Senhoras e senhores, o filme acaba de se tornar, de novo, uma outra coisa.

a morte pede carona

Ficamos com Jim nessas estradas pouco frequentadas, e seguidamente ele é emboscado, ameaçado e provocado pelo assassino. O caroneiro John Ryder tem esse estranho prazer de provocá-lo, como se exigisse, de alguma forma, ser detido por Jim ou outra de suas vítimas. John Ryder deixa um rastro de corpos, explosões e acidentes automobilísticos em seu caminho. Tentando interromper esse fluxo de atrocidades, Jim conhece a garçonete Nash em um restaurante da estrada, e consegue acionar a polícia pelo telefone. Como sabemos, isso apenas adiará o inevitável, que será um novo encontro com o assassino.

a morte pede carona

E caso alguém esteja pensando que o filme seguirá com essa linha de gato e rato, John preparou uma surpresa para Jim. Ele armou uma emboscada, e agora a polícia do estado do Texas está convencida que o assassino é Jim, e não o maníaco John Ryder. Mais ou menos na metade do filme, existe uma inversão de papéis, na qual Jim passa a se comportar como um assassino procurado. Jim não pode se entregar ainda às autoridades, e quando ele tenta fazer isso, Ryder está sempre à sua frente.

a morte pede carona

A Morte Pede Carona é um filme rápido. Em certas sequências, frenético, mas também existe poesia em suas entrelinhas. Nos momentos onde a sanidade de Jim Halsey se esvanece, ele consegue se conectar com a sua verdadeira natureza, seu verdadeiro poder, algo que somente uma pessoa exposta ao mais profundo desespero e abandono é capaz de experimentar. Nesses momentos quase lúdicos, compreendemos ao lado de Jim que a natureza do ser humano é a sobrevivência, e que um humano fará qualquer coisa para que esse instinto seja preservado. Do outro lado da corda, temos John Ryder, que se tornou um dos assassinos mais frios, inteligentes e imprevisíveis já catalogados no cinema. Algumas cenas de A Morte Pede Carona não foram superadas até hoje, e não só pela cena em si, mas por toda a tensão que foi construída durante o filme.

a morte pede carona

Revisitando esse clássico depois de muitos anos, fica claro como ele é superior a uma infinidade de cópias, a até mesmo aos remakes e sequências, que surgiriam depois. Enquanto muitos tentaram pegar carona nas ideias originais dessa produção inesquecível, The Hitcher se manteve à frente e poderoso, para cunhar seu nome entre os clássicos imortais dos thrillers de horror. A Morte Pede Carona pode não ter elementos sobrenaturais, ou um exagero de sangue e gore, mas esse filme não precisou disso para deixar seus espectadores em pânico.

a morte pede carona

Se você não acredita em mim, revisite esse clássico com os olhos de hoje.

Nós te damos uma carona.

O trailer você experimenta aqui:

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Sobre Cesar Bravo

amplificador cesar bravoCesar Bravo é escritor, criador de conteúdo e editor. Pela DarkSide® Books, publicou Ultra Carnem, VHS: Verdadeiras Histórias de Sangue, DVD: Devoção Verdadeira a D., 1618 e Amplificador.

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