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Caveira Viu: Longlegs: Vínculo Mortal

Veja nossas impressões sobre um dos terrores mais aguardados do ano

03/09/2024

Psicopatas e assassinos em série sempre tiveram um espaço privilegiado no cinema de horror e suspense. Mostrando que o mal pode assumir uma faceta humana e o terror perpassar o cotidiano, tais filmes frequentemente cruzam as fronteiras entre os gêneros cinematográficos com seus enredos assustadores que acompanham uma conturbada investigação frenética. É o caso de O Silêncio dos Inocentes (1991), Seven: Os Setes Crimes Capitais (1995) e do recém-chegado aos cinemas brasileiros, Longlegs: Vínculo Mortal

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Dirigido e roteirizado por Oz Perkins, cineasta responsável por A Enviada do Mal (2015) e Maria e João: O Conto das Bruxas (2020), o filme conta a história de Lee Harker (Maika Monroe), uma jovem agente do FBI que graças ao seu estranho sentido de intuição é recrutada para participar da investigação acerca de um misterioso e prolífico assassino em série conhecido apenas como Longlegs (Nicolas Cage). No entanto, quanto mais Harker se envolve com o caso, desvendando as pistas deixadas por Longlegs, mais estranha fica a situação, culminando em revelações chocantes, crimes sangrentos e um terror abominável.

Distribuído pela Neon, Longlegs: Vínculo Mortal é provavelmente um dos filmes mais esperados do ano e é claro que a Caveira foi correndo assistir para contar o que achou dessa nova produção de Oz Perkins. 

longlegs

O mal que contamina e destrói 

Misturando investigação policial com temas sobrenaturais, desde o início Longlegs deixa o espectador ciente de que as coisas não vão acabar bem nesta história. Perkins faz questão de que tenhamos a consciência de que estamos assistindo algo fadado à tragédia, não importa o que aconteça. Algo amaldiçoado e terrível. Algo proibido. É justamente esse clima pesaroso que torna Longlegs um dos filmes mais emblemáticos de 2024.

Embora traga uma história sinistra digna dos melhores thrillers policiais, não é o enredo o ponto que mais se destaca aqui. É claro que a investigação em torno do enigmático assassino em série, cujos crimes se estendem por décadas e parecem não se encaixar na materialidade dos fatos, ocupa um grande espaço na trama e prende nossa atenção do começo ao fim. As cartas escritas em códigos e os crimes violentos que parecem assassinatos seguidos de suicídio contribuem para um mistério crescente e inquietante. No entanto, tudo isso serve como pano de fundo para algo muito maior: a existência do mal e sua presença concreta no cotidiano

Longlegs é um filme sobre como o mal atua no microcosmos da sociedade. Não se trata de projetos grandiosos de dominação mundial, mas sim da mais abjeta violação de nossas vidas anônimas. Por mais que Longlegs pareça um assassino de outro mundo e tenha motivações satânicas guiadas pelo desejo de agradar “o homem lá embaixo”, as consequências de suas ações mostram que o mal frequentemente possui objetivos em pequena escala, visando destruir e corromper a vida de pessoas comuns. É esse ponto que torna Longlegs uma experiência cinematográfica tão assustadora e impactante. 

longlegs

Aqui surge um dos grandes acertos do filme. A ambientação melancólica, situada em uma década de 1990 que parece deslocada do tempo, cria um clima sufocante que contribui para a sensação de que o mal está realmente espalhado entre nós. A estética vintage, a paleta de cores, o design de som e o enquadramento de câmera são apenas alguns dos elementos que contribuem para uma experiência imersiva e aterrorizante. Soma-se a isso as ótimas e sutis inserções de silhuetas, formas demoníacas, sombras e figuras invertidas que aparecem na tela ao longo do filme, transmitindo a sensação profana de que estamos sendo observados e de que o mal está no mundo em que vivemos.  

Como se isso não bastasse, Longlegs é acompanhado de ótimas atuações que potencializam o tom de desespero da produção. Não é à toa que o visual de Nicolas Cage como o personagem título foi mantido em segredo durante a divulgação do filme. No entanto, Cage rouba a cena não apenas pela maquiagem (que o deixa praticamente irreconhecível), mas também pela atuação depravada, a qual é acompanhada por momentos bizarros e inesperados que nos deixam desorientados e inserem seu personagem em um lugar peculiar de antagonismo.

Por outro lado, Maika Monroe transmite a inadequação e a personalidade antissocial de Lee Harker, a jovem agente do FBI que personifica a atmosfera opressiva do filme e nos guia pelo mundo de Longlegs. Junto a esses dois nomes, ainda temos Blair Underwood como Carter, o carismático chefe de Lee no FBI, e Alicia Witt como Ruth Harker, a religiosa mãe da protagonista.  

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É assim, acompanhado por personagens pesarosos e uma ambientação desconfortável, que Longlegs chega em seu clímax abraçando completamente o sobrenatural com eventos brutais e fatalistas. Enquanto algumas partes do mistérios são enfim desvendadas, outras permanecem em aberto, o que talvez desagrade o público que prefere soluções mais realistas em thrillers de investigação policial. No entanto, as lacunas deixadas são completamente propositais, servindo para ressaltar a temática principal do filme de que o mal está à espreita e nem sempre ele possui lógica ou razão

Isso contribui para sairmos do cinema com uma sensação desalentadora de que acabamos de presenciar algo abominável. É dessa forma que Longlegs acerta em cheio, encerrando seu tempo de tela com a mensagem pessimista de que o mal existe e que às vezes ele simplesmente vence. Não a guerra, mas pequenas batalhas. E isso, em meio a satanismo e magia sombria, é justamente o que torna toda essa história ainda mais assustadora e memorável. 

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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