Crime Scene Fiction • Curiosidades

8 Tragédias reais que ocorreram na Patagônia

Histórias tão macabras quanto a de O Massacre

17/12/2024

Conhecida por sua beleza natural e vasta extensão de terras, a Patagônia é um destino frequente para viajantes que desejam explorar a natureza, apreciar aquele friozinho e, principalmente, se aventurar por esportes radicais. Localizada na Argentina e no Chile, a região geográfica integra a parte mais meridional da América do Sul, situando-se próxima à cordilheira dos Andes e sendo conhecida por suas geleiras, lagos e montanhas.

Embora seja um destino turístico, a Patagônia também é conhecida por suas condições climáticas adversas e suas áreas isoladas do resto da civilização. Isso contribuiu para que ao longo dos anos a região se tornasse palco de vários desastres naturais e tragédias reais que parecem ter saído de um filme hollywoodiano.

Não é à toa que o premiado autor argentino Luciano Lamberti utilizou esse cenário e o misticismo em torno dele para ambientar a história de O Massacre, um pesadelo crescente que explode em um festim de horror e loucura. Lançamento da DarkSide® Books, O Massacre acompanha o pequeno povoado montanhês de Kruger, na Argentina, conhecido pelo festival de neve anual realizado no dia 26 de junho.

Com apresentações de música, danças tradicionais, comidas típicas e muita cerveja, a cidade fica lotada de turistas e a renda ajuda a manter a comunidade durante o verão. Contudo, durante o festival de 1987, algo terrível acontece: uma crise de insanidade coletiva assola o povoado e quase toda a sua população é brutalmente assassinada por seus próprios membros.

Misturando elementos documentais e recriações ficcionais, O Massacre é um romance de folk horror experimental que definitivamente vai agradar aos DarkSiders fãs de Stephen King, Clive Barker, Agustina Bazterrica e H.P. Lovecraft. Embora a história de Lamberti seja ficcional, muitas tragédias na Patagônia infelizmente não são. Conheça algumas delas:

1. O naufrágio do HMS Wager (1741)

Construído em 1734, o HMS Wager era um navio de grande porte que fez duas viagens para a Índia antes de ser comprado pela Marinha Real Britânica em 1739. Seu destino trágico aconteceu em 14 de maio de 1741 quando afundou na costa sul do atual Chile após entrar em uma baía não cartografada, bater repetidamente em rochas e ficar encalhado. O naufrágio do Wager tornou-se famoso pelas aventuras posteriores de seus sobreviventes, os quais encontraram refúgio em uma isolada ilha em pleno inverno patagônico.

Ali, eles protagonizaram o chamado Motim Wager, no qual a tripulação se dividiu em duas facções, uma decidida a retornar para a Inglaterra com um barco improvisado e outra decidida a permanecer na ilha. Uma série de desastres se seguiram — incentivados por condições climáticas adversas, discussões e embates físicos entre os homens. Ao final, dos 120 homens que estavam a bordo apenas 10 conseguiram retornar para casa, sendo que quatro deles voltaram apenas em 1745, quatro anos depois do naufrágio.

2. Genocídio do povo Selk’nam (1880-1930)

Uma grande tragédia que aconteceu na Patagônia foi o genocídio dos Selk’nam, um dos quatro povos originários do arquipélago da Terra do Fogo. No final do século XIX e início do século XX, os Selk’nam foram dizimados por colonizadores afiliados aos governos chileno e argentino, motivados por exploração comercial, estabelecimento de estâncias e pela corrida do ouro.

Empresas pecuárias, por exemplo, pagavam funcionários e terceirizados para matarem ou capturarem os Selk’nam. Os indivíduos que não eram assassinados, muitas vezes eram mandados para campos de detenção ou acabavam confinados na Ilha Dawson. A violência foi tanta que a população Selk’nam, que era composta por cerca de 4 mil pessoas em 1880, foi reduzida a cerca de 100 indivíduos em 1930.

3. O desastre do Monte Cervantes (1930)

Conhecido como o “Titanic da América do Sul”, o Monte Cervantes foi um navio que percorreu a rota de Buenos Aires até Punta Arenas e Ushuaia. Funcionando tanto como um veículo de carga quanto de passageiros, o Monte Cervantes teve sua viagem inaugural em 3 de janeiro de 1928. No entanto, dois anos depois, em 22 de janeiro de 1930, o navio fez sua última viagem.

Dentro de 30 minutos, o Monte Cervantes atingiu rochas submersas, ficou preso e começou a afundar. Embora os 1.500 passageiros e a tripulação tenham sido resgatados com sucesso, o capitão afundou junto com a embarcação, a qual ficou submersa até 1954, quando apareceu flutuando na costa do Ushuaia. No entanto, logo em seguida, o Monte Cervantes afundou mais uma vez e hoje permanece no fundo do mar.

4. Acidente do voo 5248 (2011)

Em 18 de maio de 2011, o voo 5248 da companhia aérea Sol Airlines saiu às 17h35 da província do aeroporto internacional de Córdoba, na Argentina, com destino final à cidade de Comodoro Rivadavia. No entanto, por volta de 20h30, a aeronave Saab 340 começou a enfrentar condições climáticas severas, as quais levaram ao congelamento de alguns componentes e a perda de controle do avião. Um pedido de socorro foi recebido pela tripulação de um jato que voava na área, mas era tarde demais.

A aeronave se desintegrou no ar, atingiu o chão e explodiu na remota província de Río Negro. Mais tarde, moradores contaram ter visto o avião voando muito baixo e que alguns momentos depois ouviram a explosão, que foi seguida por uma densa fumaça. Os bombeiros chegaram ao local três horas depois, mas infelizmente não houve sobreviventes e as 22 pessoas a bordo faleceram.

5. Desaparecimento do submarino ARA San Juan (2017)

Conhecido como um dos episódios mais trágicos da história naval argentina, o submarino ARA San Juan desapareceu em 15 de novembro de 2017 durante uma missão no Atlântico Sul. Em operação desde 1985, o submarino fez seu último contato durante o trajeto entre Ushuaia e Mar del Plata, após uma falha elétrica provocar um mau funcionamento. Foi iniciada então uma intensa operação de busca internacional, que contou com a participação de diversos países, inclusive o Brasil.

Após uma semana sem notícias, a tripulação composta de 44 indivíduos foi dada como morta pelo governo argentino e em 30 de novembro as buscas foram oficialmente encerradas. Depois de um ano, em 17 de novembro de 2018, os destroços do submarino foram localizados a mais de 900 metros de profundidade, a cerca de 500 quilômetros da costa da Patagônia.

6. Tragédias no Monte Fitz Roy

Situado na fronteira do Chile com a Argentina, no Parque Nacional Los Glaciares, o Monte Fitz Roy é uma montanha famosa entre alpinistas. Sua vista panorâmica e formações rochosas peculiares lhe tornaram um dos cartões postais mais icônicos da Patagônia. No entanto, devido às condições climáticas extremas, ventos intensos e paredes íngremes, o Monte Fitz Roy é um dos picos mais difíceis de serem escalados no mundo, sendo conhecido como um grande desafio até mesmo para alpinistas experientes.

Ao longo da história, a montanha já foi palco de inúmeros incidentes mortais. Em 1976, por exemplo, um grupo de alpinistas britânicos ficou preso durante dias devido a uma tempestade incessante. Em 2014, um alpinista americano faleceu ao ser atingido por pedras durante uma escalada. Já no dia 21 de janeiro de 2019, dois alpinistas brasileiros, Leandro Iannotta e Fabrício Amaral, foram surpreendidos por uma condição de tempo adversa e desapareceram na montanha. Seus corpos foram localizados no dia 2 de fevereiro e seu desaparecimento ocorreu logo após um alpinista da República Tcheca perder a vida durante a descida.

Mais recentemente, em 2023, dois alpinistas bascos morreram enquanto desciam a montanha, atingidos por um avalanche que os arrastou para uma fenda. Infelizmente, devido ao mau tempo e aos ventos fortes, os resgates são sempre muito arriscados e geralmente os corpos permanecem na montanha.

7. Queda de bloco de gelo em Ushuaia (2022)

Em 2022, Dennis Cosmo Marin, um turista brasileiro de 37 anos, morreu nas proximidades de Ushuaia, na Argentina. A tragédia aconteceu enquanto Dennis, junto de um grupo turístico, explorava uma caverna de acesso proibido conhecida como Caverna de Gelo. Quando o brasileiro estava no local, um grande bloco de gelo se deslocou do teto e atingiu fatalmente seu corpo. Uma brigada de resgate foi acionada, mas o local é tão remoto e de difícil acesso que os socorristas demoraram mais de 6h para fazer o translado do corpo e retirar com segurança os outros turistas.

8. Avalanches em Bariloche

Localizada na região da Patagônia argentina, Bariloche é popular por suas montanhas e pistas de esqui, sendo um lugar frequentado por aqueles que gostam de esportes radicais de inverno. Contudo, as regiões montanhosas também são conhecidas por serem suscetíveis a avalanches. Mesmo com medidas de segurança, controle e monitoramento, fatalidades ainda podem acontecer, principalmente em pistas não controladas, conhecidas por suas condições mais imprevisíveis.

Recentemente, em setembro de 2024, por exemplo, uma turista britânica de 27 anos esquiava com dois conhecidos quando infelizmente foi surpreendida por uma avalanche. Após uma intensa operação de buscas, o corpo de Andrea Marshall foi encontrado soterrado na neve por uma equipe de cães farejadores. Um de seus amigos foi resgatado rapidamente com vida, sofrendo de uma leve hipotermia, já o outro permaneceu soterrado pela neve por 10 horas. Após as buscas serem encerradas, ele surpreendentemente conseguiu se desvencilhar da neve e sair para pedir por ajuda, sendo enfim resgatado.