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Além de Baba Yaga: Conheça outros seres da mitologia eslava

Personagens estão conectados à Árvore da Vida

09/01/2025

O maior grupo etnolinguístico europeu, os eslavos estão espalhados por diversas regiões da Europa Oriental, Central e Sudeste, habitando países como a Polônia, Rússia, Ucrânia, Lituânia, Eslováquia, Bulgária e muitos outros. Com uma história marcada por diversas migrações e pela heterogeneidade de povos, os eslavos também são conhecidos por sua fascinante mitologia, que se mantém popular até os dias de hoje.

Povoada por deuses e deusas, espíritos, demônios e criaturas mágicas, a mitologia eslava é baseada na ideia de princípios duais. Ou seja, há seres que representam a luz e o bem, enquanto outros personificam o mal e as sombras. Além disso, o núcleo da mitologia eslava é a Árvore da Vida, ligada à própria criação do mundo.

No geral, as árvores possuem lugares especiais em toda a mitologia eslava, de forma que cada árvore estaria conectada a uma divindade, onde eram prestadas homenagens e sacrifícios. A mais importante delas era o carvalho, conhecido como a Árvore da Vida.

Uma das figuras mais famosas do panteão eslavo é, sem dúvida alguma, Baba Yaga. Frequentemente descrita como uma ogra ou uma mulher idosa e deformada, ela voa pelos céus montada em um almofariz, vive em uma casa na floresta e frequentemente é evocada para assustar crianças que estão se comportando mal.

A comparação mais próxima com essa personagem seria a de uma bruxa, já que Baba Yaga também é uma praticante de magia, sendo extremamente inteligente e astuta. No entanto, engana-se quem acha que ela é inteiramente má. Pelo contrário! Aqueles que conseguem conquistar seu respeito ganham sua ajuda e auxílio.

Ao longo de sua existência na cultura pop, Baba Yaga já apareceu em quadrinhos famosos, como os de Hellboy, inclusive fazendo uma participação no filme de 2019 estrelado por David Harbour. Seu nome é referenciado na franquia cinematográfica John Wick com o personagem de Keanu Reeves sendo conhecido pelo apelido “Baba Yaga”.

Ela também é uma das personagens do livro A Fabulosa Casa com Pernas de Sophie Anderson, que a apresenta como uma guardiã que guia os mortos em seus momentos de passagem. Lançada pelo selo DarkLove, a obra traz um dos elementos mais icônicos de Baba Yaga: sua casa com pernas de galinha capazes de se movimentar por conta própria.

Mais recentemente, ela apareceu em outro lançamento da Caveira: Saberes Eternos da Baba Yaga, no qual oferece respostas sensatas e contundentes para perguntas que pulsam no coração humano. Inspirado nos antigos correios sentimentais e explorando temas como relacionamentos, família, trabalho e saúde, Saberes Eternos da Baba Yaga traz a icônica bruxa da mitologia eslava oferecendo respostas que combinam conselhos práticos, humor afiado e a magia das palavras, compartilhando com os leitores sua sabedoria ancestral.

No entanto, para além de Baba Yaga, a mitologia eslava é composta por seres fascinantes e únicos. A Caveira separou alguns deles para você conhecer:

1. Perun & Veles

Considerado uma das divindades supermas da mitologia eslava, Perun é o deus dos relâmpagos e do trovão. Em outras culturas, seu equivalente mais próximo é Zeus na mitologia grega e Thor na mitologia nórdica. Perun é descrito como um deus temperamental, sendo associado aos carvalhos, e também é retratado aparecendo pelos céus em uma carruagem puxada por um bode gigantesco.

Dentro dos princípios dualistas da mitologia eslava, a contraparte de Perun é Veles, deus ctônico relacionado às águas. Enquanto Perun representa o fogo e o mundo seco, governando o reino dos vivos de sua morada, localizada no topo do ramo mais alto da Árvore da Vida, Veles é o senhor do submundo, governando o reino dos mortos a partir das raízes desta mesma Árvore.

Um dos principais mitos de Perun envolve suas disputas com Veles. Segundo a mitologia eslava, Perun perseguia Veles, que se transformava em diferentes animais para escapar de suas garras. Quando Perun finalmente capturou Veles, ele decidiu não o matar, mas enviá-lo para o submundo, onde permaneceu o resto de seus dias.

2. Leshy

Conhecido como o espírito da floresta, Leshy é responsável por proteger os animais selvagens e a flora do local. Ele pode se apresentar de diferentes formas, tanto animais quanto vegetais, mas geralmente assume a aparência de um velho alto cujos cabelos e barba são feitos a partir da grama e das vinhas. Em alguns casos, também pode apresentar uma cauda, cascos e chifres.

Devido ao fato de a mitologia eslava ter sido disseminada oralmente, existem diferentes versões sobre essa criatura. No entanto, todas elas concordam que sua função e maior preocupação é sempre proteger as florestas e os animais que nelas vivem. Dessa forma, Leshy é por vezes descrito como um espírito brincalhão, que realiza pegadinhas nos visitantes das florestas. Contudo, algumas vezes, é descrito como um ser que pune severamente quem ouse o desrespeitar, assim como aqueles que entram nas florestas procurando causar algum dano.

3. Morana

Também conhecida como Marzanna, Morana é a deusa eslava do inverno, da morte, da feitiçaria e dos pesadelos. Conhecida por seus charmes, ela é a filha da deusa da primavera, Lada, que representa o amor, fertilidade e beleza, com Svarog, o deus dos céus, do fogo e da forja.

Embora seja conhecida como a deusa da morte, Morana também representa as várias fases de transição na vida humana, estando associada a ritos sazonais baseados na ideia de morte e renascimento da natureza. Enquanto patrona do submundo, Morana personifica o fim da vida física dos mortais na terra.

Nos antigos ritos eslavos, a morte da deusa marcaria o fim do inverno, simbolizando o renascimento da primavera, representada por Lada. Desta forma, Morana é uma figura multifacetada na mitologia eslava, pois une o inverno e a morte ao renascimento da natureza, simbolizando os diferentes ciclos da vida humana e a fertilidade relacionada a isso.

4. Vilas

Espíritos femininos da natureza, as Vilas são criaturas deslumbrantes que possuem uma relação ambivalente com os seres humanos. Em algumas histórias, por exemplo, elas aparecem como seres amigáveis que ajudam as pessoas. Em outras, no entanto, aparecem como criaturas malignas, que cometem assassinatos e destroem colheitas. Geralmente, elas se vingam de formas horríveis daqueles que as insultam, desrespeitam suas ordens ou se aproximam de seus círculos de dança sem serem convidados.

Embora possuam nomes e características distintas ao longo das diferentes tradições, as vilas são quase sempre descritas como criaturas cuja beleza é tão única que se encontra além da imaginação dos mortais. Frequentemente aparecem nuas ou vestidas com um manto de prata transparente, com cabelos longos e sedosos, coroados com flores e ervas. Sua origem é conectada à belas mulheres que se afogaram antes de se casarem.

Contudo, a beleza das vilas traz um preço mortal. Segundo a lenda, seus olhares encantadores atraem homens para seus círculos de dança. Os escolhidos podem dançar elas ou encontrar fins trágicos, chegando perto demais da água e se afogando ou simplesmente pegando fogo. Em outras histórias, as vilas podem mudar de forma e se transformar em animais, como cisnes, falcões e cobras.

5. Kikimora

O mundo eslavo é povoado por espíritos domésticos. Um dos mais emblemáticos é Kikimora, que sempre surge como uma criatura feminina. Geralmente deformada, ela possui extremidades de animais, ou seja, seu rosto possui o focinho de um cachorro, o bico de uma galinha ou até mesmo os olhos brilhantes e os chifres de uma cabra. Kikimora pode assumir qualquer parte de um animal, mas como muitas vezes acontece, ela pode mudar de formar e se transformar em uma bela mulher.

As histórias mais emblemáticas sobre Kikimora envolvem o fato dela se esconder em lugares escuros, vivendo no sótão ou atrás de lareiras e fogões. Ela pode entrar nas residências através de buracos de fechaduras e sua presença é anunciada por sons semelhantes ao roer de um rato. Embora possa ser tanto um espírito mau quanto bom, dependendo do comportamento das pessoas que ali residem, Kikimora é frequentemente culpada pelas coisas negativas e ruins que acontecem na vida doméstica, desde comida estraga até pesadelos noturnos.

6. Triglav

Traduzido da maioria das línguas eslavas, Triglav significa “três cabeças”. Bastante popular em países como a Eslovênia e a Bósnia-Herzegovina, onde montanhas e picos levam seu nome, esta divindade aparece possuindo três cabeças, que pertencem aos três deuses supremos. Na grande maioria das versões, esta fusão traz as cabeças de Perun, Svarog e Dajbog, deus do sol.

Ligado a juramentos, adivinhações e às vezes às guerras, Triglav é frequentemente descrito e representando com os olhos e os lábios cobertos como um invólucro dourado, o que é interpretado como sua recusa em testemunhar e falar sobre os pecados do povo. As três cabeças dessa divindade representam o céu, a terra e o submundo. No entanto, para os antigos eslavos, as cabeças de Triglav significavam que ele governava os três reinos: a vida presente (terra), o futuro (céu) e o passado (reino dos mortos).

7. Pássaro de Fogo

O Pássaro de Fogo é uma criatura da mitologia eslava encarnada como um espírito sobrenatural. Embora seja frequentemente comparado à história da Fênix, o pássaro que renasce das cinzas, a única semelhança entre essas criaturas é a temática do fogo, já que enquanto a Fênix simboliza o renascimento, o Pássaro de Fogo é visto tanto como uma bênção quanto uma ameaça perigosa.

Representado como um pássaro celestial iluminado por fogos brilhantes que desce dos céus, o Pássaro de Fogo personifica a ideia de um tesouro raro e difícil de ser conquistado. Segundo a lenda, se você fosse corajoso o suficiente para capturar essa criatura hipnotizante, teria chances iguais de ser presenteado com a maior sorte do mundo ou de morrer da maneira mais terrível possível.

Presente em muitos contos populares eslavos, este pássaro adquire significados diferentes de acordo com a narrativa em que se insere. Contudo, é sempre representado junto de suas chamas majestosas que iluminam tudo ao seu redor, significando o começo de uma longa jornada.

8. Koschei

Conhecido como “o imortal”, Koschei frequentemente aparece nos contos eslavos como um vilão, sendo responsável por causar o caos por onde passa e assumir o papel de uma figura rival que captura o interesse amoroso do herói da narrativa. A característica mais comum de Koschei é que ele não pode ser derrotado da forma convencional, pois “esconde” sua vida dentro de objetos, especificamente em um ovo dentro de um pato que está dentro de uma lebre, que por fim está dentro de um baú enterrado ou acorrentado em uma ilha distante.

Representado como um velho magro e ossudo, Koschei é muitas vezes descrito como um gênio do mal, sendo famoso por viajar por aldeias cometendo maldades pelo caminho. Em alguns casos, é visto como a contraparte masculina da Baba Yaga.

9. Upiór & Strzyga

Considerados seres demoníacos sedentos por sangue, tanto os Upiór quanto as Strzyga são protótipos dos vampiros. Os Upiór aparecem simultaneamente na mitologia eslava e no folclore turco, sendo descritos como seres que apareciam durante a noite, carregando suas cabeças nos braços e com os olhos brilhantes.

Bebendo sangue humano, tais criaturas possuíam força sobre-humana, rasgavam suas vítimas em pedaços e perturbavam as pessoas durante seu sono. Um Upiór poderia ter sido uma pessoa que foi amaldiçoada antes da sua morte, um indivíduo que morreu subitamente ou alguém cujo corpo foi profanado.

As Strzyga, encontradas principalmente no folclore polonês e tcheco, personificam muitas das características dos Upiór, sendo descritas como demônios femininos que bebem sangue e criaturas mortas-vivas. Segundo parte da mitologia eslava, pessoas que haviam nascido com dois corações e duas almas transformavam-se em Strzyga, passando então a consumir sangue. Em alguns relatos, elas voavam à noite e atacavam viajantes pelas florestas, enquanto em outros eram responsáveis por anunciar a morte iminente de alguém.

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