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Muito antes de Nardoni, Matsunaga e Von Richthofen, Crime da Mala chocou o Brasil

Assassinato de Maria Féa, grávida, pelo marido causou comoção na imprensa

03/03/2025

Dos muitos crimes reais que inspiraram o livro Crimes à Moda Antiga, de Valêncio Xavier, lançado aqui pela DarkSide® Books, um se destacou pela crueldade muito antes de os casos Nardoni, Matsunaga e Von Richthofen ganharem o Brasil. O crime da mala, também ocorrido em São Paulo. Há quase cem anos, em 1928, Giuseppe Pistone matou sua mulher grávida asfixiada e, como se não bastasse, ainda tentou se livrar do corpo o despachando para outro país.

LEIA TAMBÉM: Vida e obra de Valêncio Xavier, de Crimes à Moda Antiga

A história de Giuseppe Pistone e Maria Mercedes Féa parecia ser como a de tantos imigrantes italianos que ajudaram a colonizar o Brasil. Em 1925, aos 31 e aos 20 anos, respectivamente, os dois deixaram a cidade de Canelli para cruzar o Atlântico a bordo de um navio, fugindo das péssimas condições de vida do pós-guerra. A ideia era aportar na capital Argentina.

Após uma breve separação (que rendeu a Giuseppe uma prisão por estelionato), os dois se reaproximaram, começaram a namorar e se casaram, no começo de 1928. Foi quando decidiram se mudar para o Brasil. Mais precisamente para o bairro da Luz, na região central da capital paulista.

Havia um motivo. Francesco Pistone, primo de Giuseppe, tinha um armazém onde vendia embutidos e vinhos, e ofereceu-lhe sociedade no negócio. Sem capital para abraçar o negócio, achou que contaria com a ajuda da mãe, Marcelina Baeri, que havia ficado na Itália. Por meio de um telegrama, o filho radicado no Brasil pedia uma parte da herança deixada por seu pai. Mas o pedido foi negado. 

crime da mala

A falta de dinheiro não foi empecilho para os planos de Giuseppe, que se revelaram cada vez mais sórdidos. A ideia era entrar na sociedade mesmo sem capital para tal e depois extorquir o primo para conseguir cada vez mais dinheiro. Ao descobrir a trama engendrada pelo marido, Maria Féa escreveu uma carta para a sogra contando tudo. O relato, porém, nunca chegou ao seu destino: fora interceptado por Giuseppe, que reagiu violentamente.

Durante a discussão do casal, Giuseppe sufocou a mulher, então com 22 anos e grávida de seis meses, com um travesseiro. Ela morreu ali mesmo. Após três dias, sem saber o que fazer com o corpo, resolveu guardá-lo dentro de uma mala. Para que coubesse dentro dela, quebrou o pescoço de Maria Féa e decepou suas pernas na altura do joelho usando apenas uma navalha.

Para se livrar da mala, mais uma mentira. Usando nome e endereço falsos, tentou mandar a bagagem (com os restos mortais de Maria Féa dentro) para um fictício Francesco Ferrero, em Bordeaux, na França, a bordo de um navio.

Três dias depois, ao ser içada para o navio Massilia, no porto de Santos, a mala foi parcialmente aberta exalando um mau cheiro fortíssimo, segundo testemunhas da época. Os tripulantes decidiram então abrir a bagagem, dando de cara com o cadáver de Maria Féa. Junto com ela, roupas da vítima e a tal navalha usada por Giuseppe para esquartejá-la. O caso, obviamente, ganhou a imprensa de todo país como rastilho de pólvora. Chamado de crime da mala, o assassinato de Maria Féa foi o primeiro grande caso criminal na história do Brasil

crime da mala

Não demorou muito para identificarem Maria Féa e chegarem até Giuseppe. Ele, por sua vez, jurou que havia apenas tido uma discussão com a mulher, e que ela havia sofrido um mal súbito. A autópsia o desmentiu, comprovando a asfixia mecânica. Para tentar se safar, o assassino tentou colocar a culpa na vítima, alegando que ela havia o traído, coisa que, na época, servia como atenuante em casos de feminicídio.

O julgamento de Giuseppe aconteceu em 1931, quase três anos após o crime, e terminou com sua condenação a 31 anos de prisão por homicídio e ocultação de cadáver. Em 1944, após um decreto do então presidente Getúlio Vargas, teve a pena reduzida, sendo solto quatro anos depois. Mudou-se para Taubaté, no interior de São Paulo, onde levou uma vida normal, trabalhando como zelador de um prédio e casando-se novamente. Morreu em 1956, aos 62 anos.

A comoção em torno da brutalidade do crime da mala fez com que Maria Féa se tornasse uma espécie de santa popular. Até hoje, sua sepultura, em Santos, recebe visitas de devotos, que atribuem a ela diversas benesses, e vive coberta por flores, objetos e placas em agradecimento. Já a mala usada na tentativa de ocultação de cadáver está exposta no Museu da Polícia Civil do Estado de São Paulo, conhecido como Museu do Crime, no bairro do Butantã, em São Paulo.

LEIA TAMBÉM: 5 serial killers brasileiros sanguinários

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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