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A evolução dos vampiros no cinema

Eles fincaram suas presas no audiovisual

08/05/2025

Há algo fascinante nos vampiros cinematográficos. Afinal, desde o surgimento da sétima arte, eles têm sido uma presença constante nas telonas, se tornando um pilar dos monstros audiovisuais. Popularizados na literatura por romances como Drácula de Bram Stoker e Carmilla de Sheridan Le Fanu, não demorou muito para que tais criaturas migrassem para o cinema e o transformassem em seu lar doce lar.  

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Embora Drácula seja o exemplo mais famoso, aparecendo em incontáveis filmes, ele está longe de ser o único tipo de vampiro que habita o audiovisual. Ao longo dos anos, estes seres sobrenaturais continuamente se transformaram, mordendo pescoços e fascinando gerações de espectadores. De aristocratas reclusos a seres sexuais, passando por motoqueiros oitentistas, românticos incorrigíveis e feras perigosas, embarque com a Caveira em a breve evolução dos vampiros no cinema.

Início do século XX

Embora tenha sido precedido por alguns filmes mudos, atualmente considerados perdidos, a adaptação não autorizada do romance de Stoker, Nosferatu, é amplamente considerada um dos primeiros filmes de vampiros já feitos. Lançado em 1922, este clássico do Expressionismo Alemão trouxe Max Schreck como o assustador Conde Orlok, que entrou no imaginário popular com seu visual monstruoso composto por longas garras, dentes afiados e orelhas pontiagudas. Na época de seu lançamento, Nosferatu causou controvérsia com os herdeiros de Stoker, que tentaram barrar e destruir todas as cópias do filme devido à violação de direitos autorais. Felizmente, algumas cópias sobreviveram e o longa de F. W. Murnau se tornou um dos pioneiros dos vampiros no cinema. 

Nosferatu

Logo depois, os vampiros ainda apareceram como farsas humanas no filme London After Midnight, estrelado por Lon Chaney em uma maquiagem para lá de icônica. As coisas tomaram um novo rumo em 1931 com o lançamento de Drácula da Universal, a primeira adaptação autorizada da obra de Stoker. Emprestando elementos da peça da Broadway e do próprio Nosferatu, o filme foi dirigido por Tod Browning e protagonizado por Bela Lugosi. A presença e interpretação de Lugosi foram consolidadas na cultura pop e eternizaram a versão como uma das mais famosas adaptações de todos os tempos. Junto de Frankenstein, lançado no mesmo ano, o filme é considerado um dos responsáveis pelo surgimento do termo “filme de horror”, consolidando o vampiro como um líder do mal nas telonas.

Drácula também marcou uma virada na aparição desses seres no audiovisual, os quais deixaram de ser exclusivamente diabólicos para se tornarem figuras elegantes, misteriosas e perigosas. A partir daqui, o famoso conde apareceria recorrentemente no cinema, gerando diversas encarnações, como uma vampira em A Filha de Drácula. 

Drácula 1931

A era britânica e o poder da Hammer Productions

Após permanecerem atrelados ao Drácula de Bela Lugosi por algumas décadas, a próxima evolução dos vampiros no cinema aconteceu por meio da Hammer Productions. Em 1958, o estúdio despertou o famoso conde em O Vampiro da Noite, filme dirigido por Terence Fisher e estrelado pelo eterno Christopher Lee. O longa foi a primeira aparição de Lee como o vampiro, papel que reprisaria mais nove vezes ao longo de sua carreira. Algumas das mudanças trazidas nesta era foram a inserção de cores e um aumento considerável de sangue e erotismo nas telas. Apesar disso, os vampiros ainda se mantiveram bastante próximos do modelo anterior, estabelecido pela Universal Pictures.

O Vampiro da Noite

Os badalados anos 70

Nos anos 70, a Hammer começou a introduzir mudanças mais ousadas com filmes como O Circo dos Vampiros, no qual vampiros fazem parte de uma trupe circense, e A Lenda dos Sete Vampiros, uma colaboração da produtora com o estúdio Shaw Brothers Studios de Hong Kong, o qual mistura vampiros com kung-fu.  Foi ao longo desta década que o cinema começou a realmente experimentar mudanças mais drásticas relacionadas aos vampiros, alterando suas regras e estruturas. Um dos exemplos mais significativos foi a guinada sexual e erótica, representada principalmente pelas vampiras lésbicas da trilogia Karnstein da Hammer e por outras produções como Escravas do Desejo e Vampyros Lesbos. Paralelamente, aliado ao crescimento do cinema exploitation, por exemplo, o mundo presenciou uma nova versão de Drácula em Blácula, o Vampiro da Noite, filme de 1972 estrelado por William Marshall. 

A partir disso, diversos outros filmes utilizaram a mitologia do vampiro como ponto de partida para histórias inovadoras. Foi o caso de Ganja & Hess, clássico do cinema de terror de baixo orçamento lançado em 1973. Protagonizado por Duane Jones e Marlene Clark, o filme dirigido por Bill Gunn acompanha um antropólogo que após ser esfaqueado com uma antiga adaga cerimonial se torna um vampiro sedento por sangue fresco. Em Ganja & Hess, o vampirismo é abordado de forma trágica em um romance fadado ao fracasso. 

Blacula

Ainda nos anos 70, diretores consagrados expandiram o perfil dos vampiros de maneiras bastante inovadoras. Em 1977, David Cronenberg apresentou ao mundo Enraivecida na Fúria do Sexo, filme que mescla vampirismo, horror corporal e zumbis ao acompanhar uma mulher que após uma cirurgia desenvolve uma sede insaciável por sangue. Desvencilhando-se do vampiro clássico, aqui a protagonista utiliza um ferrão escondido em sua axila para se alimentar de sangue humano e espalhar sua condição tal qual uma doença. Por volta da mesma época, o pai dos zumbis, George Romero, lançou Martin, uma abordagem naturalista do tema que conta a história de um jovem que acredita piamente ser um ser das trevas. Rompendo com qualquer imagem pré-concebida que o público tinha, o vampiro de Romero não tem presas, é imune a alho e água benta, e ainda corta suas vítimas com uma navalha. 

O final da década viu alguns retornos a fórmulas mais tradicionais e familiares com uma nova e elegante adaptação de Drácula protagonizada por Frank Langella. Na televisão, a minissérie Os Vampiros de Salem adaptou a obra de Stephen King e contou com a direção de Tobe Hooper para levar para as telinhas um vampiro destrutivo nos moldes de Nosferatu. Falando nele, o vampiro retornou aos cinemas na refilmagem Nosferatu – O Vampiro da Noite de Werner Herzog, desta vez interpretado por Klaus Kinski e personificado como como um disseminador da morte e da peste. 

Ganja & Hess

É divertido ser um vampiro: os anos 80

Os anos 80 não trouxeram inovações apenas na música, na moda e no estilo de vida dos espectadores. A década também transformou drasticamente os vampiros, cruzando pontes que nunca antes haviam sido cruzadas quando o assunto eram esses personagens. Era a hora de novas atitudes, estilos e visuais. Ser vampiro era divertido. Era sexy

No entanto, enquanto os filmes capturavam a personalidade e trilha sonora da época, as regras e características gerais permaneceram essencialmente as mesmas. Em 1985, A Hora do Espanto trouxe Chris Sarandon com um charmoso vizinho que se revela um vampiro. Em 1987, Os Garotos Perdidos transportou as criaturas para a ensolarada Califórnia e as transformou em uma estilosa gangue de motoqueiros. Estrelado por um jovem Kiefer Sutherland, Os Garotos Perdidos injetou juventude, sex appeal e rock ‘n’roll nos personagens, contando ainda com efeitos especiais bastante marcantes. 

Os garotos perdidos

Enquanto esses filmes traziam os vampiros para as vizinhanças de seus espectadores, Quando Chega a Escuridão de Kathryn Bigelow incorporou o estilo neo-western em um filme impiedoso e sangrento sobre vampiros nômades, enquanto Vamp – A Noite dos Vampiros colocou as criaturas em um clube de strip-tease. Já Fome de Viver os inseriu em um triângulo amoroso protagonizado por Catherine Deneuve, Susan Sarandon e David Bowie. Oferecendo uma nova roupagem para estes seres, os anos 80 ainda reforçaram os perigos clássicos dessas criaturas, trazendo um visual moderno para um conto bastante antigo. 

Anos 90: entre o drama e a ação

Alterando o rumo da década anterior, os anos 90 começaram com dois grandes títulos que fincaram suas presas no imaginário popular vampiresco. Em 1992, Francis Ford Coppola se encarregou de uma reimaginação da obra de Bram Stoker em Drácula de Bram Stoker, marcando um retorno à atmosfera de filmes mais antigos. Protagonizado por Gary Oldman e Winona Ryder, o longa trouxe cenários e figurinos estonteantes em um roteiro que ressaltou o romantismo e a tragicidade da história. Já em 1994, Entrevista com o Vampiro trouxe uma adaptação da obra homônima de Anne Rice, marcando a chegada do tropo do vampiro atormentado e sofredor aos cinemas. 

entrevista com vampiro

Contudo, a década rapidamente tomou outro rumo com vampiros protagonizando cada vez mais cenas de ação. Um Drink no Inferno de Robert Rodriguez os transportou para a fronteira do México em um clube de strip-tease no meio do deserto, enquanto Vampiros de John Carpenter abraçou a estética western em um longa que mistura ação e horror. 

Tanto o filme quanto a série Buffy – A Caça Vampiros mesclaram cultura pop e humor em um drama adolescente que fez com que uma geração mais jovem afundasse seus dentes em tramas de vampiros. Enquanto algumas criaturas habitavam escolas de ensino médio e se envolviam em romances proibidos, outra tendência que surgiu com força na década foram os filmes com vampiros guerreiros e vestidos com nada mais, nada menos do que estilosas roupas de couro. Em 1998, Wesley Snipes deu vida a Blade, o vampiro que caça outros vampiros e que ajudou a abrir o caminho para os filmes da Marvel nos anos seguintes. Blade não apenas consolidou um visual bastante específico de vampiros, como os levou para o século XXI, influenciando filmes como Anjos da Noite de 2003. 

blade

Vampiros que brilham: os anos 2000 

Os anos se passaram, mas os vampiros nunca deixaram a consciência coletiva. No entanto, nos anos 2000 uma série de romances voltados para uma geração mais jovem marcou um ponto de viragem na história dessas criaturas. A popularidade da série Crepúsculo e suas adaptações cinematográficas cravou uma nova tendência com muitas histórias passando a ser focadas em romances adolescentes entre mortais e imortais. Os vampiros, representados por Edward Cullen (interpretado por Robert Pattinson), são temperamentais, atormentados, extremamente ágeis, bonitos e o mais importante: podem sair durante o dia. Afinal, eles não queimam com a luz solar. Eles brilham. Embora tenha dividido opiniões, os vampiros de Crepúsculo não tem o objetivo de protagonizar enredos assustadores, mas sim romances modernos e cheios de intrigas. Embora não tenha adicionado muito ao mito do vampiro em si, a saga trouxe uma polêmica para o mundo vampiresco: gravidez e um bebê meio humano, meio vampiro. 

crepúsculo

Já no gênero de horror, quase na mesma época, o filme sueco Deixa Ela Entrar trouxe uma visão inovadora e dramática. Baseado no livro homônimo de 2004, o longa mistura romance e terror de forma delicada e introspectiva, acompanhando o relacionamento entre um garoto solitário e uma antiga vampira no corpo de uma criança. 

Os vampiros modernos das décadas de 2010 e 2020

Os anos 2010 e 2020 trouxeram projetos bastante ousados. Em 2013, Amantes Eternos questionou a imortalidade como algo solitário e depressivo, enquanto O Que Fazemos nas Sombras usou o formato mockumentary para explorar diferentes tropos de vampiros, os fazendo viver juntos sob o mesmo teto.  Ainda em 2014, Garota Sombria Caminha Pela Noite trouxe uma vampira solitária perambulando por uma cidade fantasma no Irã. 

Já na televisão, os vampiros ganharam espaço em séries como O Que Fazemos nas Sombras e Missa da Meia Noite, a qual utiliza o vampirismo como uma forma de refletir sobre religião, fé e morte. 

amantes eternos

Tudo começou com Drácula

Desde muito cedo, os vampiros fincaram suas presas na história do cinema. Com o passar dos anos, eles aprenderam a mudar de forma e transitar por diferentes gêneros cinematográficos. Entre sucessos e fracassos, é inegável que estas criaturas desfrutam de imortalidade no audiovisual, se escondendo nas sombras (e às vezes também em plena luz do dia) e estando sempre prontos para aparecer nas telonas mais uma vez. 

Entre tantos vampiros icônicos, há um que parece pairar constantemente sobre todos os outros: Drácula. Embora a obra de Stoker não tenha sido a primeira a abordar o tema, ela se tornou canônica na história dos vampiros. Entre evoluções, mudanças, novos visuais e tendências, Drácula permanece uma constante não apenas no cinema como também na literatura. Agora, o pai de todos os vampiros está de volta em não apenas uma, mas em duas graphic novels!

Em Monstros da Universal: Drácula Vive!, James Tynion IV e Martin Simmonds trazem uma nova abordagem à história original, resgatando a aura do icônico monstro criado por Bram Stoker e reimaginando sua história com uma intensidade sombria e contemporânea. Com uma atmosfera onde tudo é um estranho e sedutor pesadelo, a graphic novel se inicia no asilo do dr. John Seward, quando um novo paciente revela visões de um demônio à espreita, enquanto sua filha, Mina, se sente cada vez mais atraída pelo misterioso Conde Drácula.

Drácula vive

Lançamento da DarkSide® Books em parceria com a Macabra, Monstros da Universal: Drácula Vive! é parte de uma coleção que homenageia os Monstros da Universal. Uma história de impulso, terror e maldição, a graphic novel surge como um tributo sangrento a um dos pilares do horror clássico e ainda traz um posfácio inédito, assinado pelo descendente direto de Bram Stoker, Dacre Stoker.  

Já no quadrinho Drácula: Ordem do Dragão, Marco Cannavò e Corrado Roi trazem mais uma reinterpretação do clássico romance, levando o leitor por uma viagem pelas origens do mal. Publicada no Brasil pela DarkSide® Books, a história se passa na Hungria do final do século XIX e acompanha Jonathan Harker, que após ser capturado por Vlad Drácula encontra apoio em Greta, a esposa repudiada do príncipe que se propõe a ajudá-lo. Enquanto isso, o vampiro encontra-se a caminho da Inglaterra para se casar com Lucy. Instilando sangue novo à história, Drácula: Ordem do Dragão explora temas caros aos vampiros como amor, traição, redenção e humanidade, servindo como um convite para o mundo do gótico e do sobrenatural, além de uma reflexão sobre a vitalidade de tais criaturas na cultura e na arte.

drácula a ordem do dragão

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Sobre Gabriela Müller Larocca

Avatar photoHistoriadora e pesquisadora de cinema de horror há mais de dez anos, enfatizando a representação feminina no audiovisual e o uso do horror como fonte histórica. Produtora de conteúdo e aspirante a garota final. Nunca nega um livro da Caveirinha nem um bom filme de horror. Fala bastante e reclama muito no RdMCast.

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