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Dark Waters: O Triunfo do Sofrimento

Um filme de horror legítimo

09/05/2025

Não é segredo para os bons cinéfilos que o gênero horror possui muitas camadas, mas um cinéfilo especializado no horror sabe que, além dessas camadas, nossa escolha audiovisual preferida também possui ambientação, temperatura, atmosfera e, por que não dizer: seu próprio estado de escuridão. Nosso candidato para a coluna de hoje é sombrio o bastante para comprovar essa tese.

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Dark Waters

Dark Waters, também conhecido como Dead Waters, emergiu das profundezas abissais em 1993, sob a direção impressionante de Mariano Baino e produção de Victor Zuev. O filme é, não raramente, confundido com alguns outros por conta de seu título revisitado, mas falaremos do filme certo: um filme de horror legítimo.

Começamos nosso mergulho de forma bastante promissora, com uma narrativa curta e sombria que nos carrega para paisagens inóspitas e abandonadas. Eventualmente, não tão abandonadas. Despontando das montanhas íngremes que nascem nos mares escuros, notamos fileiras de figuras religiosas ostentando longas cruzes enquanto os sinos dobram. É um começo e tanto, e com essa ambientação perfeita, somos conduzidos a mergulhar mais fundo na história.

Dark Waters

Na sequência vamos até uma igreja, e flagramos o padre local lendo algo que nos parece um livro profano. Também conhecemos uma freira, que protege uma espécie de relíquia, algum tipo de brasão cerimonial, uma escultura redonda de pedra (a escultura é entalhada com o mesmo desenho monstruoso que o padre lia em seu livro). Deus não parece estar muito feliz com os dois, porque descarrega uma tempestade que acaba destruindo a igreja e o padre. A cena é muito bem feita, aliás, ela já faz valer nosso ingresso. 

Dark Waters

A freira sobrevive, mas planeja usar o símbolo maligno de alguma forma. Ela está à beira de um desfiladeiro, olhando além das águas. No melhor estilo Evil Dead, sabemos que há uma presença maligna atrás dessa freira, a emboscando, tentando impedir que ela realize seu intento. Mais uma vez, a força, que não sabemos ao certo se é mesmo maligna, atira a freira nas pedras da margem. Ela morre. O medalhão é despedaçado. O que restou é guardado em lugares distantes (para que não voltem a ser unidos) por outras freiras da mesma ordem. E saltamos 20 anos no tempo.

Dark Waters

Conhecemos nossa protagonista, Elizabeth, dentro de um ônibus. Ela está ao lado de pessoas esquisitas, a única pessoa ligeiramente normal dentro da condução é ela própria. As pessoas não são apenas feias e estranhas, elas também parecem, de muitas formas, estarem corrompidas de sua moralidade, até mesmo em sua humanidade. Elizabeth está a caminho do convento onde ocorreram as mortes do passado, e também no presente, haja visto que presenciamos o assassinato de uma jovem mulher minutos antes. Essa mulher é Thereza, uma amiga de infância de Elizabeth.

Dark Waters

O tom sombrio do filme rapidamente faz justiça ao título. Dark Waters apresenta, mesmo nesse breve início, um tom profano e maldito, um flerte com os poderes oferecidos pelas entidades do abismo. No convento, as freiras oram e se autoflagelam, enquanto isso, normatizam assassinatos em prol de um objetivo obscuro — é o que podemos imaginar quando elas matam Thereza que acidentalmente encontrou um fragmento da relíquia maldita.

Dark Waters

Elizabeth chega em uma noite de tempestade, e mesmo com o aviso de um dos barqueiros, ela desafia a selvageria das águas tempestuosas a bordo de um segundo barco. Tudo é muito profano nessa sequência, o dono do barco, os diálogos, o homem-coisa que supostamente afasta as outras malignidades (vocês entenderão quando assistirem). O motivo para a viagem de Elizabeth, é que seu pai, um mantenedor antigo do convento, faleceu, e ela deseja saber mais sobre o compromisso (a doação de dinheiro ao convento), que teria que honrar a partir de agora. As freiras concordam que ela fique alguns dias, elegendo Sarah, uma jovem freira, para ajudar Elizabeth no dia a dia do convento. Sarah conta a Elizabeth que sua amiga Thereza precisou partir às pressas, encobrindo o assassinato, mas ainda não sabemos se a noviça sabe o que aconteceu de verdade.

Dark Waters

Elizabeth se hospeda no convento, e seu dia a dia se divide entre a biblioteca e a exploração do lugar, quase sempre seguindo o rastro das freiras. Em uma dessas expedições ela descobre as freiras carregando um corpo em uma mortalha, e depois uma pintura, que retrata o assassinato de Thereza. Desesperada, ela conversa com Sarah, que nega ter presenciado o assassinato e qualquer envolvimento com as outras freiras.

Dark Waters

Algumas freiras descobrem que Elizabeth viu mais do que deveria, então elas tentam matá-la. Mais uma vez Sarah a ajuda, mas elas não podem contar com mais ninguém. Não existe força policial na ilha, e as próximas embarcações demorarão a chegar.  

Dark Waters

Enquanto se esconde, Elizabeth passa a ter pesadelos com sua própria infância, na mesma ilha e no mesmo convento, onde ela morou até os sete anos de idade. O mistério se aprofunda ainda mais, e as imagens e sentimentos sombrios evocados por esse filme flertam com clássicos como, The Owen, The Exorcist e Rosemary’s Baby

Dark Waters nos presenteia com momentos de agonia intermináveis, nos arrastando por cenas inesquecíveis e traumáticas onde a sonoplastia incômoda aliada a agressões extremas e brutais formam uma combinação perfeita.

Dark Waters

Em sua fuga pela ilha em busca de ajuda, tudo o que Elizabeth encontra é o seu próprio passado, e a possibilidade de que ela seja parte fundamental da ilha e dos segredos malditos que ela esconde. Dark Waters nos prova que um lobo é um lobo, mesmo que você o chame por outro nome.

Dark Waters

Embora seja pouco conhecido, esse filme nasceu para estar entre os grandes. Com uma mistura precisa de elementos góticos, religiosos, ritualísticos e lovecraftianos, Dark Waters produz a união perfeita entre horror cósmico, corporal e religioso, nos lançando nas profundezas de uma história profana e inesquecível. Se você não conhece esse filme, ele é altamente recomendável, uma verdadeira aula sobre o gênero e suas possibilidades infinitas.

Dark Waters

Você pode conferir um aperitivo nesse trailer, mas não deixe de assistir ao filme completo, Dark Waters vale cada frame!

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Sobre Cesar Bravo

amplificador cesar bravoCesar Bravo é escritor, criador de conteúdo e editor. Pela DarkSide® Books, publicou Ultra Carnem, VHS: Verdadeiras Histórias de Sangue, DVD: Devoção Verdadeira a D., 1618 e Amplificador.

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