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The Visitors: Fantasmas, falência e uma casa mal assombrada

Uma pérola sueca paranormal

28/02/2025

É fato conhecido e reconhecido que na década mais potente do horror, as maiores produções, ou pelo menos as mais memoráveis e afamadas, nasciam no cinema norte-americano. Os clássicos made in USA — desde os valorizados até os mais subestimados — ocuparam não só o topo das prateleiras como o fundo dos nossos corações. Mas vamos lá, o que será que existia nos porões dos anos 1980? Que parte da história dos filmes de horror continua sendo pouco contada?

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O filme de hoje jogará luz na escuridão de um filme sueco, pouco conhecido, mas razoavelmente reverenciado pelos cinéfilos do horror. Uma história de fantasmas como apenas o cinema sueco seria capaz de proporcionar. The Visitors, em sueco Besökarna, chegou ao mundo em 1988, sob a direção de Joakim Ersgård e com influências que transitam entre Amityville e Poltergeist. Por aqui recebeu o nome de Os Visitantes.

the visitors

Começamos o filme no melhor estilo “família dentro do carro”, com o pai (Frank) tentando dirigir enquanto o filho mais novo faz a festa do chocolate com as mãozinhas melecadas e o banco de trás. Apesar da animação das crianças e da impossibilidade da mãe acalmá-las (Sara), o pai segue viagem, fumando um cigarro atrás do outro com os vidros fechados e tentando ignorar o que acontece dentro do carro.

the visitors

Como toda boa história de fantasmas, a família está de mudança, e o destino é uma casa no campo que deixa todos felizes. A casa ainda precisa de alguns ajustes, mas tudo bem, ela é grande, as crianças estão animadas.

Sara também parece orgulhosa e satisfeita com seu marido Frank. Ele é um publicitário um pouco confiante demais nos negócios, do tipo que se arrisca bastante, mas isso não a incomoda (ainda…). A paz acaba no dia seguinte, quando Frank chega do trabalho, saca uma dose de uísque e diz que as coisas não começaram muito bem na nova vida. No mesmo dia, os papeis de parede que Frank colocou no quarto das crianças se despregam sem que ninguém toque neles. Em questão de horas, a trilogia “pouco dinheiro, álcool e frustração” faz sua mágica, e o que era uma casa feliz se torna uma rinha entre Frank e Sara. Frank também passa a ouvir ruídos estranhos pela casa. Bebe um pouco mais. E seus papeis de parede voltam a se despregar dia a pós dia.

Os barulhos estranhos (e o algo mais que iremos descobrir) surgem no sótão, Frank chega a subir as escadas, mas não encontra nada que não possa ser racionalmente explicado. Ele sabe que existe alguma coisa na casa, ele sente, mas ainda não sabe o que é. As câmeras do filme nos fazem imaginar do que se trata, mostrando uma porta fechada no sótão repetidas vezes.

Com a persistência dos eventos, Frank, sem inspiração para sua campanha publicitária, decide vasculhar a casa, em busca de energias estranhas e fantasmas. Para fazer isso, ele compra uma revista e alguns equipamentos amadores de deteção de espíritos. Obviamente sua esposa Sara começa a ficar preocupada, mas ela não se opõe muito além de algumas reclamações, ela está mais concentrada em sua carreira de jornalista.   

A família segue em frente, e Sara parece convencida de que os fantasmas de Frank são apenas uma desculpa esfarrapada para seu fiasco profissional. Mas uma tarde Frank está do lado de fora da casa com as crianças e vê alguma coisa, uma sombra vultuosa cruzando as janelas do sótão. Sem ter certeza de que se trata de um espírito, Frank desconfia de um invasor e vai verificar, armado com um canivete. Ele encontra pegadas escuras por todo o sótão, mas ao chamar Sara para ver, elas não estavam mais lá, havia desaparecido.

Sem ter respostas ou a quem recorrer, Frank telefona para o homem que escreveu o artigo sobre paranormalidade para a revista que ele comprou, e o pesquisador se propõe a fazer uma visita na casa da família.

Esse ponto de especulação do filme, onde nada está definido, propõe uma reflexão interessante sobre como algumas mudanças podem ser delicadas, ou até mesmo colocar em xeque a vida de toda a família. Seja por conta de alguns fantasmas ou pelo estresse gerado pela falta de dinheiro (e pela falta de parceria entre o casal), a família vai aos poucos enfraquecendo, se desintegrando, deixando de fazer sentido como uma estrutura de apoio, carinho e compreensão. Nesse ponto da trama, é inevitável pensarmos se o pior fantasma de uma família não é a própria falência financeira. Esse pano de fundo, embora não original, constitui uma ótima proposta para o filme.

Seguindo na trama, Frank tem alguns contratempos com os correios, e acaba exigindo que o carteiro faça suas entregas em mãos nos dias de chuva, porque o senhor Frank ainda não colocou uma caixinha de correio. O rapaz faz o que ele pediu, toca a campainha, descobre que a porta está aberta e acaba empurrando a porta e dando uma olhada na casa. Ela está toda revirada. Dentro da casa, o carteiro encontra um homem todo esquisitão, meio inconvencional, e supomos ser o caçador de fantasmas convocado por Frank. A conversa é estranha e não parece fazer muito sentido, mas o tal estudioso pergunta pela família de Frank com entusiasmo. Por um momento chegamos a uma conclusão errada sobre a trama, mas alguns filmes se apoiaram nesse tipo de erro para construírem grandes plot twists (que o diga Os Outros e O Sexto Sentido).

Agora temos o caçador de fantasmas e seus equipamentos na casa de Frank, e quem não está nada feliz ou satisfeita é Sara, que de repente vê sua casa transformada em um experimento esotérico. Como todos esperam, as máquinas do cientista ficam malucas no meio da noite, então ele e Frank finalmente entram pela porta do sótão, a mesma que nos é mostrada seguidas vezes durante o filme.

O que existe depois da porta redefine o filme, afinal, talvez os visitantes que dão nome ao longa não sejam exatamente fantasmas, mas seres demoníacos bem mais perigosos. Quem descobre essa novidade em primeira mão é o estudioso do paranormal Allan que acaba assassinado pela força maligna presente na casa.

The Visitors tem seus momentos assustadores, mas talvez o que mais tenha força nesse filme é o deterioramento da família frente aos fenômenos inexplicáveis da casa, bem como a fragilidade financeira que se instala um pouco antes disso, mas acaba se tornando muito pior com a pressão psicológica sobre Frank. The Visitors não é um filme rápido, dinâmico, mas um drama familiar que nos força a criar empatia por alguns personagens, e é essa característica que nos arrasta até a subida dos créditos.

Depois da morte do estudioso Allan, o casal tem uma nova discussão pesada, e dessa vez Sara dispara em fuga com o carro da família, deixando Frank e seus filhos para trás e sem o carro. Agora, Frank precisará lutar sozinho para salvar sua família do que quer que se esconda no sótão (pelo menos por um tempo, pois alguns fantasmas acabam impelindo Sara a reencontrar sua família.

Não espere um final apoteótico como em Poltegeist, ou cenas traumatizantes como em Amityville, mas dê uma chance s The Visitors, sobretudo por ser algo produzido fora dos estúdios norte-americanos, embora emule alguns conceitos chave característicos desses filmes. Para quem gosta de uma história de fantasmas legítima, The Visitors continua sendo uma ótima pedida.

Vamos de trailer pra não pegar ninguém de surpresa!

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Sobre Cesar Bravo

amplificador cesar bravoCesar Bravo é escritor, criador de conteúdo e editor. Pela DarkSide® Books, publicou Ultra Carnem, VHS: Verdadeiras Histórias de Sangue, DVD: Devoção Verdadeira a D., 1618 e Amplificador.

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