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Terror ao redor do mundo

20 filmes de 20 países

22/05/2025

Faz tempo que sabemos que o terror não é um gênero produzido apenas nos Estados Unidos. Embora produções americanas frequentemente ganhem mais distribuição ao redor do mundo, o terror é um gênero explorado em todos os continentes, com cineastas e roteiristas de diferentes nacionalidades produzindo os mais variados tipos de narrativas assustadoras.

Isso faz bastante sentido quando pensamos que o medo é um sentimento universal. Todos os seres humanos o sentem, tanto de forma individualizada quanto coletiva. Considerando que o terror é um gênero artístico que se baseia em sua capacidade de assustar, amedrontar ou horrorizar, nada mais lógico do que essa expressão cultural ser presenciada ao redor do globo.

No entanto, por mais que o medo e o horror sejam universais, as formas que eles adquirem definitivamente não são, sendo moldados e influenciados por contextos históricos, sociopolíticos e também geográficos. Ou seja, o que mantém um país acordado à noite povoando seus pesadelos pode ser bem diferente do que horroriza cidadãos de outras nacionalidades.

Para mostrar a riqueza e a versatilidade do terror ao redor do mundo, a Caveira preparou uma lista com 20 filmes de 20 países diferentes para você conhecer e se jogar em seus variados estilos, temas e subtextos. Pegue seu passaporte e embarque conosco por essa viagem para lá de horripilante.

1. Austrália: O Babadook (2014)

Dirigido por Jennifer Kent, O Babadook chamou a atenção do mundo ao contar a história de Amelia, uma mãe viúva que se vê cada vez mais sobrecarregada ao ter que lidar com a maternidade solo. Sem conseguir lamentar a morte do marido, tudo piora quando um misterioso livro é deixado na porta de sua casa, evocando um misterioso monstro que perturba as fronteiras entre realidade e pesadelo colocando seu filho em risco. Baseado no curta Monster, O Babadook é um filme atmosférico que aborda questões como maternidade, expectativas de gênero e saúde mental.

2. Canadá: Possuída (2000)

Estrelado por Emily Perkins e Katharine Isabelle, Possuída parte da relação entre duas irmãs para levar a narrativa de lobisomem para um quieto subúrbio canadense. Na história, acompanhamos as adolescentes Ginger e Emily, que possuem um intenso fascínio pela morte e desfrutam suas vidas como párias na pequena cidade. No entanto, tudo muda quando Ginger tem sua primeira menstruação e é atacada por uma criatura selvagem, iniciando uma gradual transformação em seu corpo e comportamento. Utilizando a narrativa de lobisomem como uma metáfora para puberdade e amadurecimento, Possuída ainda traz um belo horror corporal, seguindo a tradição de outro grande cineasta canadense, David Cronenberg.

3.França: Mártires (2008)

Parte do movimento conhecido como Novo Extremismo Francês, Mártires é dirigido por Pascal Laugier, cineasta conhecido pelos filmes violentos e transgressivos. Apresentando uma visão de mundo niilista e jogando o espectador em uma experiência desconfortável, o filme acompanha uma jovem que busca vingança contra as pessoas que a sequestraram e torturaram quando criança, embarcando junto da amiga de infância em uma terrível jornada que desafia os limites do corpo e da mente. Trazendo temas como martírio e tormento, Mártires foca também em questões como classe, gênero e religião, bebendo profundamente da identidade cultural da França e sua relação com o catolicismo.

4. Alemanha: Nosferatu – O Vampiro da Noite (1979)

Dirigido por Werner Herzog, Nosferatu – O Vampiro da Noite é muito mais do que uma simples refilmagem do clássico de F. W. Murnau de 1922. Ainda que mantenha um vínculo estreito com o original, a obra de Herzog reinterpreta a narrativa de vampiros e a leva para uma nova era, estabelecendo um elo entre o Expressionismo Alemão do começo do século XX e o Novo Cinema Alemão dos anos 1960 e 1970. Protagonizado por Klaus Kinski e Isabelle Adjani, Nosferatu – O Vampiro da Noite mantém o elemento de horror com um atmosfera sombria ao mesmo tempo em que atualiza a história com sensibilidade, enfatizando a trágica solidão do vampiro, assim como as contradições diante da imortalidade.

5. Áustria: Boa Noite, Mamãe! (2014)

Um filme genuinamente inquietante, Boa Noite, Mamãe é uma produção austríaca que acompanha a relação entre os irmãos gêmeos, Elias e Lukas, e sua mãe, que retorna para casa após uma cirurgia facial reconstrutiva. Contudo, quando a dupla começa a questionar a identidade da mulher debaixo das bandagens, afirmando que esta não é a sua mãe, as coisas tomam um rumo sinistro e horrorizante. Dirigido por Veronika Franz e Severin Fiala, Boa Noite, Mamãe aborda de uma forma inquietante temas como inocência infantil, maternidade e traumas.

6. Tailândia: Espíritos – A Morte Está ao Seu Lado (2004)

Após um trágico acidente, um fotógrafo e sua namorada começam a encontrar misteriosas sombras e borrões em suas fotos reveladas. Rapidamente, eles percebem que é impossível escapar do passado e que fantasmas podem voltar para um acerto de contas. Essa é a premissa de Espíritos – A Morte Está ao Seu Lado, produção tailandesa de 2004 que aciona ansiedades em relação à tecnologia ao mesmo tempo em que aborda superstições antigas sobre mortes não resolvidas e traumas do passado. Considerado um dos melhores filmes de horror da Tailândia, Espíritos – A Morte Está ao Seu Lado é um longa pesaroso que transporta medos antigos para uma nova era, os posicionado em uma época marcada pela onipresença da tecnologia em nossas vidas.

7. Japão: Audição (1999)

Dirigido por Takashi Miike, um dos cineastas responsáveis por mudar os rumos do cinema japonês contemporâneo, Audição conta a história de Aoyama, um viúvo de meia-idade que é convencido por seu filho a voltar a namorar. Nisso ele encontra a ajuda de seu melhor amigo, um produtor de televisão que propõe falsos testes de elenco para ajudar Aoyama a encontrar uma namorada. Após várias candidatas, a mulher de seus sonhos enfim aparece como a misteriosa Asami, a qual logo revela um lado bastante sombrio. Adaptação do livro homônimo de Ryu Murakami, Audição começa como um drama romântico, mas rapidamente envereda para uma trama que subverte todas as nossas expectativas. Responsável por popularizar o cinema de Miike entre um público internacional, o filme brinca com a imagem da mulher japonesa ideal e aborda questões como a natureza da solidão e dos relacionamentos no país.

8. México: Alucarda (1977)

Dirigido por Juan López Moctezuma, Alucarda é considerado um dos melhores filmes mexicanos de terror. Inspirado em obras como Carmilla de Sheridan Le Fanu, o filme acompanha duas adolescentes órfãs que vivem em um convento mexicano, desenvolvendo uma relação intensa e acidentalmente liberando uma força demoníaca. Enraizado na tradição católica existente no país e em sentimentos anticlericais, Alucarda utiliza uma imagética religiosa para abordar as tensões e o eventual choque entre tradição e modernidade, mito e razão, ciência e religião, dentro do contexto histórico e nacional do México.

9.Rússia: Viy – O Espírito do Mal (1967)

Baseado na história homônima de Nikolai Gogol, publicada em 1835, Viy – O Espírito do Mal é um filme soviético de terror dirigido por Konstantin Yershov e Georgi Kropachyov. Misturando fantasia, conto de fadas e horror, o longa narra a história de um jovem sacerdote que deve presidir por três noites consecutivas o velório de uma bela mulher. No entanto, logo sua fé é posta à prova quando o cadáver levanta para desafiar suas convicções. Ambientado em uma área rural repleta de cidades centenárias e igrejas ortodoxas, Viy – O Espírito do Mal parte de representações religiosas do país para contar uma história extravagante e colorida de demônios, bruxas e criaturas sobrenaturais.

10. Espanha: [Rec] (2007)

Responsável por fornecer um novo fôlego aos found footages, [Rec] acompanha uma repórter de televisão em um segmento sobre bombeiros. Certa noite, junto de seu cinegrafista, ela acompanha os socorristas durante uma chamada de emergência em um complexo de apartamentos. Contudo, sem muito aviso, todos eles são colocados em quarentena no local, que revela ser palco de uma perigosa infecção. Dirigido Jaume Balagueró e Paco Plaza, [Rec] é um filme claustrofóbico que utiliza o contexto religioso espanhol para construir uma história de zumbis e possessão demoníaca centrada no encontro entre religião e ciência.

11. Argentina: O Mal que nos Habita (2023)

Dirigido por Demián Rugna, O Mal que nos Habita foi aclamado como um dos melhores e mais brutais filmes de 2023. Ambientado em uma área rural da Argentina, o filme acompanha os irmãos Pedro e Jaime, que após descobrirem um cadáver mutilado, precisam enfrentar uma força demoníaca que ameaça sua comunidade. Com muito sangue, entranhas, demônios e cenas chocantes, O Mal que nos Habita oferece uma experiência de horror implacável, apresentando um horror corporal chocante e subvertendo tropos comuns do gênero de terror. Com um final deliciosamente caótico, o longa se tornou um dos filmes mais bem avaliados do ano, tudo isso com um orçamento pequeno e um elenco composto exclusivamente de atores argentinos.

12. Irlanda: Oddity (2024)

Inquietante e aterrorizante, Oddity segue Darcy Odello, uma médium cega com poderes psicométricos, que um ano após o assassinato da irmã gêmea deixa sua loja de antiguidades assombradas para visitar o cunhado. Determinada a descobrir a verdade por trás da morte da irmã, ela se desloca até o interior levando em sua bagagem um item para lá de peculiar: um sinistro manequim de madeira. Dirigido por Damian Mc Carthy, Oddity equilibra em seu enredo o sobrenatural com o suspense criminal, ao mesmo tempo em que entrelaça folclore irlandês e horror tecnológico em uma tradição católica de retribuição moral e autocondenação.

13. Coreia do Sul: Exhuma (2024)

Dirigido por Jang Jae-hyun, Exhuma acompanha uma equipe contratada para exumar uma cova e ajudar uma família assombrada pelo espírito maligno de um ancestral enfurecido. Dividido em seis capítulos, Exhuma oferece uma construção cuidadosa de mundo, mergulhando no folclore, na cultura sul-coreana, na tradição de xamãs e na crença em assombrações e maldições. Uma poderosa meditação sobre a culpa e a psique humana, o filme ainda mistura horror atmosférico com sustos bem posicionados para abordar o trauma histórico da invasão japonesa no país.

14. Reino Unido: O Homem de Palha (1973)

Clássico do folk horror protagonizado pelo eterno Christopher Lee, O Homem de Palha segue a jornada do sargento Neil Howie até a remota ilha de Summerisle para investigar o desaparecimento de uma jovem local. Ao chegar lá, Howie, um cristão devoto, fica horrorizado com os rituais pagãos dos moradores da ilha, eventualmente entrando em conflito com o líder local, Lord Summerisle. Desconfortável do começo ao fim, O Homem de Palha aborda os conflitos entre cristianismo e paganismo presentes na história britânica, explorando questões como sistemas de crença, hipocrisia, rituais celtas esquecidos e opressão religiosa.

15. Itália: Prelúdio para Matar (1975)

Dirigido pelo mestre do horror Dario Argento, Prelúdio para Matar é um dos melhores giallo de todos os tempos. A história gira em torno de um músico de jazz que após testemunhar o brutal assassinato de uma médium decide se unir a uma jornalista para resolver o caso. Com uma trilha sonora ousada, composta pela banda de rock progressivo Goblin, e uma fotografia estilosa, Prelúdio para Matar é um clássico do cinema italiano. Responsável por inspirar inúmeros outros filmes, o longa mistura os enredos de whodunit com temas sobrenaturais e violentos, explorando questões como traumas infantis e o retorno do passado para atormentar o presente.

16. Índia: Bramayugam (2024)

Dirigido por Rahul Sadasivan e protagonizado pelo famoso ator indiano Mammootty, Bramayugam é um filme de folk horror ambientado no século XVII na costa de Malabar. A história acompanha Thevan, um trovador que perde seu caminho após um terrível encontro com um ser maligno. Logo, sua vida toma um rumo inesperado quando ele acidentalmente se refugia na decadente mansão de Kodumon Potti (Mammootty). Um horror atmosférico, Bramayugam aborda temas como sede de poder e dominação com uma história enraizada no sagrado e no folclore de Kerala, um dos 28 estados da Índia, entregando um filme niilista e perversamente surpreendente.

17. Costa Rica: El Sanatorio (2010)

Misturando terror found footage e comédia, El Sanatorio acompanha um grupo de jovens documentaristas que decide se aventurar no Sanatório Durán para investigar os fantasmas que supostamente habitam o local. Abordando o aumento do turismo paranormal nesses lugares, as filmagens de El Sanatorio ocorreram em um antigo hospital psiquiátrico localizado na província de Cartago na Costa Rica, lar de pacientes com tuberculose e conhecido por suas lendas urbanas envolvendo fenômenos paranormais. Dirigido por Miguel Alejandro Gomez, o filme traz momentos cômicos ao lado de sustos, oferecendo ao espectador alguns vislumbres das lendas e crenças da Costa Rica.

18. Nigéria: Sylvia (2018)

Dirigido por Daniel Oriahi, Sylvia conta a história de Richard Okezie, um homem adulto que decide trocar Sylvia, sua amiga e namorada imaginária, por Gbemi, uma mulher real de carne e osso. No entanto, o casal começa a enfrentar complicações quando Sylvia não aceita o fim do relacionamento e decide destruir a vida dos dois. Um exemplo de produção de Nollywood, a indústria cinematográfica da Nigéria, Sylvia é um suspense sobrenatural ousado que traz uma história sobre espiritualidade nigeriana em que os personagens modernos e urbanos são obrigados a lutar contra mitos e crenças antigos, frequentemente relegados ao passado e ao interior.

19. África do Sul: The Tokoloshe (2018)

Reimaginando o mito do Tokoloshe, uma criatura sobrenatural do folclore africano invocada para assustar crianças e buscar vingança, The Tokoloshe conta a história de Busi, uma mulher em situação de vulnerabilidade social que consegue emprego como faxineira em um decadente hospital em Joanesburgo, sendo submetida aos maus tratos e abusos de seu chefe. Tudo piora quando ela descobre uma jovem garota abandonada no hospital, que acredita estar sendo atormentada por uma força sobrenatural. The Tokoloshe utiliza um pilar da cultura Zulu, fonte de contos de fadas assustadores, para abordar questões como demônios e traumas do passado.

20. Brasil: O Animal Cordial (2017)

Trazendo elementos dos filmes slashers e dos home invasions, O Animal Cordial é uma produção brasileira de terror dirigida por Gabriela Amaral Almeida. O longa se passa em uma única noite em um restaurante de classe média em São Paulo, que é subitamente assaltado e tem seus funcionários e clientes tomados como reféns. Rapidamente, a situação escalona para lugares inimagináveis e se transforma em um verdadeiro inferno. Com um ambiente claustrofóbico e um elenco competente, O Animal Cordial aborda feridas sociais brasileiras por meio de temas como luta de classes, homofobia, violência cotidiana e machismo.

E aí, quais desses filmes você já assistiu? Conta para a Caveira nos comentários!

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