Curiosidades • DarkSide Books

As camadas da guerra em livros da DarkSide

Separamos 8 livros com temáticas difetentes

28/05/2025

Da Antiguidade até os tempos mais recentes, a história da humanidade vem sendo marcada por guerras e conflitos dos mais diferentes tipos. Conflitos mundiais, guerras civis e confrontos motivados por religião ou preconceito infelizmente marcam nossa história como um todo, enfatizando a violência e brutalidade que os seres humanos podem perpetrar uns contra os outros.

Capaz de gerar traumas e cicatrizes, tanto individuais quanto coletivas, as guerras são um assunto delicado, mas bastante explorado pela literatura. É aqui que os livros, sejam eles de ficção ou não, surgem como lugares privilegiados em que leitores e grupos sociais podem lidar com traumas, memórias e fantasmas do passado e do presente.

No entanto, engana-se quem acha que a literatura aborda a guerra apenas pela perspectiva dos conflitos e das batalhas grandiosas. Muito pelo contrário! Inúmeras histórias exploram suas múltiplas camadas, abordando desde a violência dos conflitos e a dor de traumas coletivos até experiências pessoais e questões de superação, transformação e resiliência. Pensando nisso, a Caveira separou 8 livros publicados pela DarkSide® Books que exploram diferentes camadas da guerra para você conferir.

Amor e humanidade em tempos de conflito

Utilizando a guerra como um pano de fundo histórico, livros como Guerra, Adorável Guerra abordam como o amor e os relacionamentos humanos podem transcender a devastação desses conflitos. Escrita por Julie Berry, aclamada como “a mestra moderna da ficção histórica”, Guerra, Adorável Guerra é uma jornada arrebatadora pela Primeira e Segunda Guerra Mundial, contada a partir dos deuses do Olimpo. Na obra somos apresentados a dois casais que vivem improváveis histórias de amor e que têm suas vidas, destinos e corações narrados pelos deuses olimpianos. Apresentando uma história de amor multifacetada que transcende a violência, a devastação e o caos do conflito, Guerra, Adorável Guerra é uma comovente jornada que ainda aborda temas como a força do amor, os horrores do racismo e as dinâmicas sociais da época.

Por outro lado, mostrando que existem diferentes formas de amor, A Sonata Perfeita acompanha a história de dois amigos, Gustav e Anton, ao longo de suas vidas. Com uma narrativa emocionante, Rose Tremain tece uma história de amor profunda entre dois amigos, narrando também a dolorosa repercussão da neutralidade da Suíça na Segunda Guerra Mundial e a origem de sentimentos antissemitas que podem estar mais perto do que imaginamos. Exemplificando como o passado afeta diretamente o presente, A Sonata Perfeita explora o poder de seguir em frente, mostrando como o amor, que pode ser estabelecido entre duas pessoas completamente diferentes, pode ter a capacidade de mudar e salvar vidas.

Embora ambientados em contextos históricos distintos, tanto Guerra, Adorável Guerra quanto A Sonata Perfeita trazem a temática da guerra como um pano de fundo para abordar questões humanas e profundas. Por exemplo, ambas as obras trazem a arte enquanto um lugar de refúgio e resistência capaz de resgatar a humanidade e aliviar o sofrimento. Além disso, tanto o livro de Julie Berry quanto o de Rose Tremain ressaltam como pessoas comuns podem ser afetadas por estes conflitos e como os laços que nos unem podem sobreviver a tempos de repressão e violência.

A guerra pela perspectiva infantil

Explorando outra camada, A Guerra que Salvou Minha Vida apresenta a Segunda Guerra Mundial pela perspectiva de uma menina de dez anos, Ada, que vive trancada em um apartamento em Londres sofrendo maus-tratos diários da mãe. Contudo, sua vida muda drasticamente a partir dos possíveis bombardeios de Hitler à cidade, os quais fornecem a oportunidade para que fuja com o irmão em busca de uma vida melhor. Escrito por Kimberly Brubaker Bradley, A Guerra que Salvou Minha Vida oferece um registro emocional da Segunda Guerra Mundial, abordada pelos olhos de uma garotinha refugiada em seu próprio país.

Já O Pássaro Pintado, obra-prima de Jerzy Kosinski, também possui como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial. No entanto, a história é ambientada no Leste Europeu, acompanhando as andanças de um menino judeu separado dos pais e os subsequentes encontros violentos e cruéis que mudam para sempre sua vida. Com uma narrativa explícita, a obra de Kosinski aborda os horrores e a selvageria da guerra por meio dos olhos de uma criança, a qual se torna cada vez mais endurecida diante da crueldade que presencia, oferecendo um poderoso retrato do preconceito e do fim da inocência.

Saindo da Europa e entrando no mundo da não-ficção, O Diário de Myriam apresenta a perspectiva de uma menina, Myriam Rawick, que teve sua infância roubada pela Guerra da Síria, confronto iniciado em 2011. Mantendo a esperança através da escrita e acreditando no poder das palavras, O Diário de Myriam é um registro comovente, escrito entre novembro de 2011 e março de 2017, alternando entre as memórias do passado na cidade de Alepo e os dias doloridos e violentos da guerra. Escrito em colaboração com o jornalista francês Philippe Lobjois, O Diário de Myriam ainda explora questões como perdas familiares, repressão e o cotidiano de uma minoria cristã.

De diferentes formas, as três obras mostram ao leitor como a guerra deixa marcas profundas nas crianças, as quais são recorrentemente esquecidas dos relatos históricos tradicionais. Com narrativas intensas e emocionais, estes livros posicionam seus protagonistas em mundos crueis, os quais não compreendem totalmente, mas sentem profundamente, confrontando sua inocência com a violência, o medo e abandono, assim como o amadurecimento e as pequenas vitórias.

A banalidade do mal e a culpa coletiva

Embora pertençam a gêneros distintos, tanto Mefisto quanto Uma Terra Assombrada por Demônios exploram a ascensão do nazismo na Alemanha, assim como a banalidade do mal, enquanto força política e social, e suas consequências na sociedade.

Publicado em 1936 pelo alemão Klaus Mann, Mefisto utiliza como ponto de partida a clássica peça de Goethe, Fausto, para contar a história de Hendrik Höfgen, um ambicioso ator que renuncia seus ideias revolucionários e alia-se ao regime nazista em troca da ascensão de sua carreira artística. Utilizando o pacto faustiano, Mefisto mostra como indivíduos comuns podem se corromper e estabelecer pactos com o mal. Já em Uma Terra Assombrada por Demônios, Monica Black examina a história pós-1945 da Alemanha por outro prisma, analisando o surgimento de eventos sobrenaturais e místicos dentro de uma sociedade que tentava lidar com a culpa e o silêncio em relação ao passado nazista.

Abordando a guerra e o regime político por trás dela, as duas obras oferecem uma perspectiva inovadora sobre o assunto, refletindo sobre autoritarismo, culpabilidade coletiva e histórica, banalização da violência e da maldade, assim como as severas consequências de ações e pactos com o Mal, ilustrado aqui pelo nazismo.

A inocência da vida não-humana

Por fim, oferecendo uma perspectiva inovadora, Só os Animais Salvam é uma coletânea de fábulas modernas que inverte completamente a perspectiva da guerra, nos obrigando a enxergar os eventos a partir de outros olhos. Aqui, as histórias são narradas pela alma de um animal envolvido em um dos incontáveis conflitos e guerras humanas ao longo dos séculos. De um gato na Primeira Guerra Mundial, passando por um cachorro na Alemanha Nazista e um urso na Guerra Civil da Iugoslavia, até um golfinho no Iraque, Só os Animais Salvam é uma obra divertida e comovente em que cada animal reflete não apenas a guerra, mas também o comportamento humano.

Prestando homenagem a escritores famosos, como George Orwell e Virginia Woolf, Ceridwen Dovey leva o leitor em uma jornada que discorre sobre violência e amor. Mostrando como os animais também são afetados por estes conflitos, Só os Animais Salvam nos faz refletir sobre a brutalidade das guerras e a inocência da vida não-humana, nos incitando a procurar nosso caminho de volta à empatia, tanto com animais quanto com outras pessoas.

De reflexões históricas a relatos ficcionais emocionantes, estes livros da Caveira mostram as diferentes camadas da guerra, assim como seus efeitos psicológicos, sociais e culturais, os quais afetam tanto indivíduos quanto sociedades inteiras. Longe de glorificar a violência ou romantizar estes conflitos, estas obras optam por abordagens sensíveis e emocionantes que revelam as profundezas da experiência humana, assim como a pluralidade, a dor e a complexidade por trás desses eventos reais que atingem pessoas de verdade. E aí, qual desses você já leu? Conta para a Caveira nos comentários!