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Marjorie Bowen: Uma autora que merece ser redescoberta

Uma voz feminina que moldou o gótico

17/07/2025

Desde muito cedo, o gótico foi um gênero literário construído por mulheres que contribuíram com histórias audaciosas e fantásticas, que continuam fascinando os leitores até os dias de hoje. No entanto, enquanto algumas, como Ann Radcliffe e Mary Shelley, se tornaram nomes famosos, os quais são conhecidos por gerações de leitores, outras são menos conhecidas. Um dos melhores exemplos disso é Marjorie Bowen. 

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Na verdade, Marjorie Bowen é um dos diversos pseudônimos utilizados pela escritora britânica Margaret Gabrielle Vere Campbell. Nascida em 1885 no condado de Hampshire na Inglaterra, sob o pseudônimo de Marjorie Bowen ela escreveu mais de 150 livros, ganhando reconhecimento por seus romances históricos, suas histórias góticas e seus trabalhos com biografias. 

Entre tantos livros aclamados, em 1909, Bowen lançou uma formidável obra do horror gótico que definitivamente merece estar na prateleira dos fãs do gênero. Ambientado em plena Europa medieval, Magia das Trevas conta a história de Dirk Renswoude, um humilde artesão que busca ascensão e poder por meio de práticas obscuras de magia. Seu sucesso parece inevitável até a chegada de Theirry, um misterioso jovem que desperta em Dirk uma perigosa obsessão. Abordando assuntos considerados polêmicos na época, como pactos com o Diabo, rituais sombrios e corrupção na Igreja, Magia das Trevas dialoga com temas tradicionais do gótico ao mesmo tempo em que desafia normas e expectativas literárias do início do século XX. 

Marjorie Bowen

Uma rara obra gótica com toque queer, Magia das Trevas explora feitiços, invocações e desejos proibidos, consolidando Marjorie Bowen como uma autora que merece ser redescoberta e celebrada em todo o mundo literário. Por isso, a Caveira te leva para conhecer um pouco mais sobre essa figura, que foi considerada por alguns críticos como uma das grandes escritoras sobrenaturais do século passado. 

Uma vida difícil e uma carreira prolífica

O início da vida de Marjorie Bowen não foi nada fácil. Seu pai sofria com o alcoolismo e abandonou a família quando Bowen ainda era jovem, sendo posteriormente encontrado morto nas ruas de Londres. Ela cresceu então em condições difíceis com poucos recursos financeiros, além de sofrer com a falta de afeto da própria mãe, que não escondia o desdém que sentia pela filha. Sobre sua infância sombria, a autora certa vez escreveu: “O grande objetivo dos meus dias era escapar da culpa ou da punição, pois o prazer ou a diversão estavam além da esperança”.

Sofrendo de uma pobreza significativa durante sua juventude, Bowen nunca frequentou a escola, tornando-se autodidata e se esforçando para descobrir o significado das palavras que estampavam os livros que encontrava ao seu redor. Na adolescência, ela passou a frequentar o Museu Britânico onde passava os dias lendo e aprendendo sobre história, arte e cultura. Uma leitora voraz, eventualmente, a jovem conseguiu empregos pontuais como verificadora de fatos, escritora fantasma e professora de línguas estrangeiras, se tornando a única fonte de renda de sua família. 

The Viper of Milan

Quando tinha 16 anos, Bowen escreveu sua primeira obra de ficção, um romance histórico violento ambientado na Itália medieval. Intitulado The Viper of Milan, o livro foi rejeitado por diversas editoras, que se recusaram a aceitar que uma jovem poderia ter escrito tal história. A obra foi finalmente aceita para publicação em 1906, tornando-se um sucesso moderado no Reino Unido e um bestseller nos Estados Unidos. Com este sucesso, Marjorie começou a receber cada vez mais demandas de seus editores e de sua própria família, que dependia de seu trabalho para sobreviver. Foi assim que a jovem se transformou em uma escritora prolífica e admirada, trabalhando em tempo integral e se aventurando por diferentes gêneros literários. De 1906 até sua morte, ela produziu um fluxo constante de obras, adotando diferentes pseudônimos. 

Um de seus gêneros favoritos eram os romances históricos. A autora adorava trabalhar com temas históricos, os quais exigiam muito esforço, pesquisa e meticulosidade. Segundo ela, era necessária uma rigorosa autodisciplina para escrever livros nos quais a história era transformada em ficção e onde homens e mulheres do passado ganhavam vida. Quanto mais difícil era o trabalho de preparação de um livro, mais Bowen se divertia. 

 Marjorie Bowen

No entanto, ela também se apaixonou por histórias de vingança, assassinato e horror gótico, afirmando que ao escrever sobre esses assuntos sombrios e lúgubres, conseguia os tirar de sua mente.  Sob o pseudônimo de Joseph Shearing, escreveu diversos romances inspirados em crimes reais e mistérios sinistros, os quais se tornaram bastante populares nos Estados Unidos.

Já sob o nome George R. Preedy, a autora publicou obras de terror não sobrenaturais, mistérios históricos e até mesmo biografias, como a de Mary Wollstonecraft, mãe de Mary Shelley. Como se isso não fosse suficiente, ela ainda assinou obras como John Winch e Robert Paye, além de utilizar seu próprio nome, Margaret Campbell. Escrevendo prolificamente por quase 50 anos, vários de seus livros foram adaptados para o cinema. A escritora faleceu em dezembro de 1952 aos 67 anos após sofrer uma grave concussão, resultado de uma queda em seu quarto.

Uma das melhores escritoras do século XX

Existem inúmeros motivos que tornam Marjorie Bowen uma autora que merece ser redescoberta e enaltecida. Além de transitar magistralmente por diferentes gêneros literários, suas obras oferecem aos leitores descrições envolventes e prosas concisas, evidenciando seu meticuloso trabalho de pesquisa e sua habilidade com as palavras. 

magia das trevas

Suas histórias góticas, como Magia das Trevas, chamam a atenção pela atmosfera sombria, por seus personagens psicologicamente complexos e suas tramas ambientadas em períodos históricos. Junto de suas narrativas assustadoras, Bowen habilmente costurou temas atemporais, como obsessão, decadência moral, loucura, repressão e religião, além de frequentemente posicionar seus personagens em profundos dilemas éticos e morais. De certa forma, seu trabalho dentro do terror e do gótico abriu as portas para autoras como Daphne du Maurier e Shirley Jackson.

Além de tudo isso, devemos celebrar a dedicação de Marjorie Bowen (ou Margaret Campbell) ao seu trabalho como escritora em tempo integral. Nascida no final do século XIX, ela começou a escrever aos 16 anos, se consolidando em um mercado majoritariamente masculino e se tornando a principal fonte de renda de sua família. Sua carreira longa, produtiva e versátil é assim um testemunho de seu profissionalismo, de sua resistência criativa e de seu talento em contar histórias que permanecem entre nós até hoje.

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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