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Guia Prático do Tabuleiro Ouija

Um manual proibido para quem ousa se comunicar com o além

11/11/2025

Há algumas coisas sobre o tabuleiro de Ouija que vocês precisam saber. A primeira delas todo mundo sabe, mas vale a pena reforçar: vocês nunca devem usá-lo em lugares onde aconteceram mortes violentas. Okay? Nunca. Essa é a regra mais importante.

LEIA TAMBÉM: Descubra a origem do tabuleiro Ouija

As outras regras são as seguintes:

Faça o seu próprio tabuleiro. Isso garante que ele seja “virgem”. Eu sei o que parece, mas é que alguns espíritos se apegam a um tabuleiro e não saem mais, então se você pegar um que já foi usado por outras pessoas pode acontecer de, bom, vir com um espírito junto. Confie em mim, você não vai querer um tabuleiro viciado. 

Agora você deve estar se perguntando: Tá, mas como eu faço meu próprio tabuleiro? Há algumas opções e todas dependem, é claro, de você. Marchetaria? Ótimo. Mas você também pode fazer em uma folha de cartolina. É a opção mais barata e mais prática se você não for um marceneiro, artesão ou algo do tipo. E como eu sei que agora você deve estar se perguntando opa, peraí, cartolina? Isso funciona? Asseguro que sim, funciona.

Então você escreve o alfabeto com todas as suas letras, inclusive KWY, em duas fileiras horizontais arqueadas e com um espaçamento razoável entre elas; escreve os números de 0 a 9 abaixo do arco formado pelas letras, e nas extremidades as palavras SIM e NÃO. Algumas pessoas gostam de decorar as extremidades do tabuleiro. Se você é bom com desenhos, faça isso: em uma das extremidades, desenhe elementos associados ao céu; e na outra, elementos associados ao inferno. Isso ajuda a identificar com que tipo de espírito estamos lidando. Se o copo ficar se dirigindo de forma insistente para uma extremidade específica, isso significa que ele possui afinidade com ela. Acho que deu pra pegar a ideia.

Bom, você agora tem o seu tabuleiro, certo? Ótimo.

Antes de começar a usar, reze um Pai Nosso. Isso vai garantir que espíritos ruins fiquem longe e espíritos bons se aproximem. Quer dizer, garantir não é bem a palavra, mas ajuda. Ajuda.

Depois acenda uma vela e use a chama para banhar o copo com ela. Isso deve ser feito tanto antes de começar a usar o tabuleiro, quanto depois de terminar. Use um copo leve. Os espíritos são imateriais e usam muita energia nesse processo então é de bom tom facilitar um pouco as coisas.

Uma vez que você banhou o copo com o fogo e pediu proteção aos céus, coloque a pontinha do dedo indicador bem de leve sobre a bundinha do copo, e faça uma breve apresentação. Algo como: “Olá, estamos aqui hoje reunidos na tentativa de manter contato com o outro lado. Nossas intenções são boas blábláblá” e daí por diante. Após terminar a apresentação, pergunte: Tem alguém aí?

Tem alguém aí?

Se estiver tudo certo, é muito provável que nos primeiros segundos não aconteça nada, mas tenham paciência. Não vai demorar muito até que o copo comece a deslizar pelo tabuleiro bem 

                  L
E
         N
                       T
                  A
                                     M
                            E
                                      N
                                 T
E.

A princípio ele vai parecer confuso, deslizar pelas letras como se não soubesse bem o que está tentando dizer, formar palavras incompletas ou em línguas estranhas, coisas assim. Se o espírito estiver bem alinhado com as pessoas presentes, o que demanda alguma mediunidade (que em menor ou maior grau todo mundo tem), e credulidade (que não é bem o forte de algumas pessoas), ele vai se movimentar com mais intensidade, precisão, rapidez, escrevendo as palavras sem errar a grafia, inclusive de nomes próprios que são grafados de forma bem específica, como Ellayne com dois eles e um ípsilon, por exemplo. 

Se tudo correr bem, vocês vão se comunicar por um tempo. Comece fazendo perguntas do tipo SIM e NÃO, e depois passe para perguntas mais complexas. Sugestões para as perguntas complexas: Qual o seu nome? De onde você é? Como e quando você morreu? (alguns não gostam dessa pergunta, mas as respostas são sempre bem interessantes). 

Conhece algum de nós? 

A resposta dessa última pergunta às vezes reserva boas surpresas. Por exemplo, o último espírito com o qual conversei foi um francês que morreu afogado enquanto passava as férias no Brasil. É, pois é.

Quando terminarem — vocês vão perceber que é bem cansativo, pois, como eu disse, há um uso enorme de energia —, é importante que peçam permissão ao espírito para encerrar. Depois, lembrem-se de banhar o copo com a chama da vela mais uma vez, e só depois poderão por fim descansar e voltar para suas respectivas rotinas como se nada tivesse acontecido. 

Esse é o melhor dos cenários possíveis, digamos assim.

Como todo mundo sabe, contudo, as coisas nem sempre saem como deveriam. Pode acontecer de espíritos maus verem um grupo de pessoas reunidas tentando se comunicar com o além e pensarem que seria interessante se divertir um pouco. Bom, espíritos maus existem assim como pessoas más existem, e eles normalmente estão em um estado de confusão e obsessão que os torna bastante assustadores e, naturalmente, perigosos também. Aqui vai algumas formas de identificá-los:

Primeiro, eles costumam ficar transitando pelas extremidades do tabuleiro. Esse é um comportamento que deve acender um alerta em vocês. Segundo, pode acontecer do copo esquentar ou ficar girando de forma aleatória. Em casos extremos, o copo esquenta a ponto de ficar insuportável manter o dedo sobre ele, mas NUNCA, JAMAIS, retire o dedo do copo sem pedir permissão ao espírito, mesmo quando for um dos bonzinhos. Retirar o dedo sem essa autorização pode criar uma ponte para possessões, e se o seu corpo estiver fraco ou cansado, é muito fácil para um espírito qualquer aproveitar essa brecha. Se isso acontecer, procure um médium imediatamente.

Ah, é por isso que você não deve usar o tabuleiro quando estiver doente ou convalescendo: possessão. Você certamente já viu O Exorcista e sabe do que se trata.

Quanto ao mais, tratem os espíritos com o devido respeito, não usem o tabuleiro em lugares onde ocorreram mortes violentas, nunca o utilize em cemitérios, e evite usar na companhia de pessoas viciadas em QUALQUER coisa. Seguindo todas as orientações e com o devido cuidado, é provável que a experiência seja recompensadora e mude a sua vida, e a de quem mais estiver presente, para sempre.

Divirtam-se!

(Carta datilografada encontrada dobrada em quatro partes dentro das páginas do livro A Entidade, de autoria de Frank de Felitta, editora Darkside® Books. A carta não possuía assinatura nem destinatário, motivos pelos quais especula-se sua autoria. Quem danado ainda usa uma máquina de escrever?)

LEIA TAMBÉM: Conheça a história real que inspirou o livro A Entidade

Sobre Roberto Denser

Avatar photoEscritor, roteirista e tradutor nascido na Paraíba em 1985. Dono de um espírito inquieto, se formou em Direito, mas já trabalhou como açougueiro, vendedor ambulante de sandálias magnéticas, professor substituto e livreiro. Com um estilo narrativo extremamente pungente e impiedoso, costuma digitar seus textos em máquinas de datilografia, assim como seus maiores mestres. Denser é autor de contos, livros e roteiros, e ministra aulas de escrita criativa. Publicou o romance Colapso pela DarkSide Books.

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