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The Kindred: uma pérola submersa do horror corporal

Misturando terror e sci-fi, o clássico de 1987 promete cravar as presas em você

21/11/2025

Sendo um não um cinéfilo de horror, você provavelmente já ouviu dizer que quando tudo dá errado, você só pode contar com a família. O detalhe é que nos filmes de terror (e algumas vezes fora deles) as famílias nem sempre são o que esperamos que elas sejam. Como alguns exemplos, podemos citar The Texas Chainsaw Massacre, Basket Case, The Devil’s Rejects, Motel Hell, O Bebê de Rosemary e um sem número de outros filmes que nos provam que a família também pode ser a grande mãe dos maiores problemas.

Concebido nas telas em 1987 e dirigido por Jeffrey Obrow e Stephen Carpenter, The Kindred, batizado por aqui de Criação Monstruosa, é um desses filhos bastardos que acabou acumulando uma legião de fãs ao longo das últimas décadas. Prontos para os detalhes de mais esse renascimento?

Começamos o filme com uma trilha sonora carregada de tensão, e junto aos créditos iniciais, somos apresentados a um arrojado motorista de Porsche que faz uma ultrapassagem sem noção em uma estrada pública e sofre um acidente terrível e incendiário. Mas para nossa surpresa o homem é retirado com vida pelos paramédicos, e para nossa surpresa os paramédicos são atacados por um homem desconhecido, que sequestra o ferido acidentado. E para você que achou que as surpresas terminaram, o homem que sequestrou nosso amigo está de conluio com um dos paramédicos. Ok, diretores, excelentes primeiros cinco minutos; agora queremos saber mais.

Na sequência, somos levados até um centro de pesquisas genéticas onde um cientista, John Hollins, procura uma relação entre um núcleo proteico chamado príon e o Alzheimer, que acomete sua mãe. A mãe de John, até então inconsciente depois de sofrer um ataque cardíaco, acaba de acordar. No mesmo centro de pesquisas onde John trabalha, também conhecemos o Dr. Phillip Lloyd, que recepciona o homem que sequestrou o acidentado do Porsche, dá uma olhadinha no ferido que agora está morto e ordena que ele o enterre. Descobrimos também que a mãe de John Hollins trabalhou muitos anos ao lado do Dr. Phillip Lloyd.

Visitando a mãe (a renomada cientista Dra. Amanda Hollins), John descobre que ela oscila entre a consciência e coisas que ele não compreende, mas que tem relação com alguém chamado Anthony, que ela afirma ser irmão de John. Amanda implora que ele interrompa o experimento e destrua tudo, mas John não sabe do que ela está falando, pensa ser mais um episódio delirante da mãe mentalmente instável.

Na cena seguinte, um dos paramédicos tenta chantagear Dr. Lloyd, e com esse encontro descobrimos que a parte monstro de Lloyd é muito superior à sua parte médica. Como todo cientista louco alega, “tudo em nome da ciência”, mas o fato é que o subsolo do centro de pesquisas está cheio de pessoas modificadas geneticamente pelos experimentos de Lloyd, pessoas transformadas em monstruosidades.

Depois de ouvir que tem um irmão, John decide fazer perguntas à Lloyd, que trabalhou com sua mãe por muitos anos. Lloyd mostra surpresa, mas desencoraja a continuação da conversa, diz que Amanda está um pouco confusa. Na sequência, Lloyd visita Amanda, mãe de John, e a pressiona para que ela compartilhe as experiências científicas e os dados que manteve em sigilo ao longo dos anos. Amanda se nega, ameaça acabar com ele, então Lloyd a pressiona até que ela sofra uma nova parada cardíaca, essa, fatal.

Na cerimônia do enterro, John conhece Melissa Leftridge, também cientista e que alega ser uma grande entusiasta do trabalho da mãe falecida de John. Ele também a questiona sobre Anthony, Melissa afirma que não sabe nada a respeito, mas se interessa imediatamente pelas anotações ainda ocultas de Amanda.

John, sua namorada (Sharon Raymond) e o cãozinho Duque vão até a casa da falecida Amanda para as devidas providências e passar alguns dias. A casa está sem energia, sem aquecimento, mas nem de longe essas são as maiores surpresas. Além de um laboratório genético avançado, existe alguma coisa no porão. Existe Anthony. E Anthony descobre o cãozinho Duque…

Até esse momento, The Kindred se apresenta como um ótimo filme, de trama sólida, ágil, um filme sobre monstros e médicos ambiciosos e inescrupulosos bem objetivo, interessante e sem muita gordura.

Jonh decide convocar sua própria equipe para continuar os experimentos científicos de sua mãe, e os jovens cientistas se reúnem na casa que costumava ser de Amanda, sob a supervisão de John e Melissa Leftridge, que segue os passos de sua grande inspiração, Amanda. A equipe chega trazendo alguma comida, e parte dessa comida é uma melancia enorme, que uma das garotas presentes comprou na estrada, para seus pais. Até esse momento, tudo o que vimos de Anthony é uma espécie de garra, que também pode ser um ferrão ou mesmo uma sonda. E também sabemos que Anthony está dentro dessa melancia quando essa jovem decide levá-la até seus pais. No movimento seguinte, temos um vislumbre do que é esse ser. Descoberto, Anthony ataca a jovem violentamente e faz com o que o carro caia no mar.

De volta à casa, Hart, um dos rapazes do laboratório, procura por Duque, e encontra o que sobrou do cão em um armazém da propriedade, que também margeia a costa. Hart também encontra Anthony que tenta matá-lo. Hart foge com vida, e a primeira pessoa a vê-lo sangrando e pedindo ajuda é a cientista Melissa Leftridge. Melissa sugere que ele minta, que diga que foi atacado por um cão, para não apavorar o restante do grupo. Hart concorda, mas no hospital confessa a John que Melissa mente, que ela sabe muito mais do que contou ao grupo.

Convicta que Hart encontrou o que ela tanto buscava, Melissa vai até o porão e descobre a segunda parte do laboratório, onde Dra. Amanda cultivava seus seres híbridos, experiência genéticas que mesclam humanos e seres marítimos. É uma cena bastante impactante, e se você um dia olhou assustado para fetos em vidros de formol, é melhor se preparar para o pior.

Embora exista uma inocência quase lúdica no desenvolvimento desse filme, The Kindred é uma grande experiência para os que gostaram de Basket Case, Eraser Head, Neon Maniacs e Brain Damage, com o bônus de ter uma produção muito boa, atores competentes e efeitos práticos que podem ficar em nossas mentes por um bom tempo.

O filme ainda guarda ótimas (e louvavelmente traumáticas) surpresas em seus momentos finais, e uma dica de ouro é não tirar conclusões sobre o filme e seus personagens até a subida dos créditos. O que faz The Kindred algo especial vai um pouco além dos elementos mais previsíveis do terror. Nesse filme, a mão dos diretores atuou muito bem em construir plausabilidades, incertezas e explorar as diferentes engrenagens do interesse humano. E tudo bem se você ainda não se convenceu e pensou “é só mais um filme de monstros…”. Nesse caso, nossa recomendação é apertar o play, você pode descobrir um filme muito mais interessante e perturbador do que havia imaginado.